São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 2000


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BOXE

"Mico" oficial

EDUARDO OHATA

O título unificado dos pesados (Conselho Mundial de Boxe, Associação Mundial de Boxe e Federação Internacional de Boxe), hoje em poder do britânico Lennox Lewis, pode ser fragmentado muito em breve, graças à AMB.
Segundo a AMB, Lewis, que também é o campeão linear (ele bateu Shannon Briggs, que bateu George Foreman -e assim uma linha poderia ser traçada até o primeiro campeão), teria de enfrentar John Ruiz antes de dar uma chance a Michael Grant, a quem enfrenta no próximo mês.
É que Ruiz, que nada tem de excepcional, é o primeiro do ranking e desafiante oficial da AMB.
Mas Grant é mil vezes melhor do que Ruiz, que em 1996 foi fulminado em segundos por David Tua e desde então não venceu a mesma qualidade de adversários que Grant vem batendo.
Pior, só recentemente Ruiz foi elevado, provavelmente graças aos trabalhos de bastidores, a primeiro. Lewis deveria contar com o benefício de um prazo mais longo para esse compromisso.
E a lista de boxeadores obrigados a passar pelo constrangimento de enfrentar oponentes de quinta categoria ""disfarçados" de rivais capazes é interminável, graças à distorção do conceito do desafiante oficial, criado para que os campeões não pudessem se esconder de adversários capazes.
Os destinos de muitos desses desafiantes oficiais são sempre os mesmos. O francês Patrick Charpentier se aposentou após ser demolido em três assaltos por Oscar de la Hoya. Roy Jones Jr., o melhor pugilista do mundo na atualidade, massacrou o inepto Rick Frazier em dois assaltos.
Por isso mesmo, a rede de TV a cabo HBO, que foi obrigada a exibir ambas as apresentações, iniciou campanha contra as entidades que controlam o boxe. Durante uma transmissão, por exemplo, um apresentador, após criticar tais organismos, jogou imitações de seus cinturões no lixo.
Anos atrás, a NBC foi mais incisiva ao lidar com o mesmo problema. A AMB exigia que o havaiano Jesus Salud, já com luta programada na rede de TV contra o competente Jesse Benavides, enfrentasse seu ""morto" oficial.
A NBC optou por exibir a luta entre Salud e Benavides e nem deu bola para o fato de a AMB não ter sancionado o combate.
""Títulos não são tão importantes. Boas lutas, sim", justificou, à época, um executivo da NBC.
Não é surpresa que mais uma vez uma das entidades que afirmam controlar o boxe ameace causar tumulto, mas a AMB poderia pesar com mais critério as consequências de suas ações, pois desde 1992 os pesados não tinham um título unificado até Lewis fazê-lo no ano passado. Antes, a última unificação, com Mike Tyson, havia ocorrido em 1987.
De la Hoya, há pouco, definiu muito bem a situação ao responder a uma provocação de seu último desafiante oficial, Derrell Coley, quando este o acusou de tê-lo evitado. ""Eu, fugindo de você? Nem sei quem você é..."


Eduardo Ohata escreve às sextas

NOTAS

Brasil 1
O brasileiro Edson do Nascimento, o Xuxa, saberá no domingo contra quem vai disputar o cinturão dos leves da AMB, provavelmente em maio, segundo contrato que assinou com Don King. No Japão, o campeão Gilberto Serrano defende o título contra Hiroyuki Sakamoto, que, curiosamente, nem mesmo consta no ranking da AMB.

Brasil 2
O campeão brasileiro dos meio-pesados, Mário Soares, vai fazer sua estréia contra um rival estrangeiro na próxima terça, contra o argentino Pablo Guitarra. A programação tem início às 19h45, no Baby Barioni (rua Germaine Burchard, 451, na Água Branca).

Brasil 3
O Brasil conquistou um ouro (Kelson Carlos), uma prata (Laudelino Barros) e oito bronzes na Copa das Américas, na República Dominicana.


E-mail eohata@folhasp.com.br



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