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BOXE
"Mico" oficial
EDUARDO OHATA
O título unificado dos pesados
(Conselho Mundial de Boxe, Associação Mundial de Boxe e Federação Internacional de Boxe), hoje em poder do britânico Lennox
Lewis, pode ser fragmentado muito em breve, graças à AMB.
Segundo a AMB, Lewis, que
também é o campeão linear (ele
bateu Shannon Briggs, que bateu
George Foreman -e assim uma
linha poderia ser traçada até o
primeiro campeão), teria de enfrentar John Ruiz antes de dar
uma chance a Michael Grant, a
quem enfrenta no próximo mês.
É que Ruiz, que nada tem de excepcional, é o primeiro do ranking e desafiante oficial da AMB.
Mas Grant é mil vezes melhor
do que Ruiz, que em 1996 foi fulminado em segundos por David
Tua e desde então não venceu a
mesma qualidade de adversários
que Grant vem batendo.
Pior, só recentemente Ruiz foi
elevado, provavelmente graças
aos trabalhos de bastidores, a primeiro. Lewis deveria contar com
o benefício de um prazo mais longo para esse compromisso.
E a lista de boxeadores obrigados a passar pelo constrangimento de enfrentar oponentes de
quinta categoria ""disfarçados" de
rivais capazes é interminável,
graças à distorção do conceito do
desafiante oficial, criado para
que os campeões não pudessem se
esconder de adversários capazes.
Os destinos de muitos desses desafiantes oficiais são sempre os
mesmos. O francês Patrick Charpentier se aposentou após ser demolido em três assaltos por Oscar
de la Hoya. Roy Jones Jr., o melhor pugilista do mundo na atualidade, massacrou o inepto Rick
Frazier em dois assaltos.
Por isso mesmo, a rede de TV a
cabo HBO, que foi obrigada a exibir ambas as apresentações, iniciou campanha contra as entidades que controlam o boxe. Durante uma transmissão, por exemplo,
um apresentador, após criticar
tais organismos, jogou imitações
de seus cinturões no lixo.
Anos atrás, a NBC foi mais incisiva ao lidar com o mesmo problema. A AMB exigia que o havaiano Jesus Salud, já com luta
programada na rede de TV contra o competente Jesse Benavides,
enfrentasse seu ""morto" oficial.
A NBC optou por exibir a luta
entre Salud e Benavides e nem
deu bola para o fato de a AMB
não ter sancionado o combate.
""Títulos não são tão importantes. Boas lutas, sim", justificou, à
época, um executivo da NBC.
Não é surpresa que mais uma
vez uma das entidades que afirmam controlar o boxe ameace
causar tumulto, mas a AMB poderia pesar com mais critério as
consequências de suas ações, pois
desde 1992 os pesados não tinham
um título unificado até Lewis fazê-lo no ano passado. Antes, a última unificação, com Mike
Tyson, havia ocorrido em 1987.
De la Hoya, há pouco, definiu
muito bem a situação ao responder a uma provocação de seu último desafiante oficial, Derrell Coley, quando este o acusou de tê-lo
evitado. ""Eu, fugindo de você?
Nem sei quem você é..."
Eduardo Ohata escreve às sextas
NOTAS
Brasil 1
O brasileiro Edson do Nascimento, o Xuxa, saberá no domingo contra quem vai disputar o cinturão dos leves da
AMB, provavelmente em
maio, segundo contrato que
assinou com Don King. No Japão, o campeão Gilberto Serrano defende o título contra Hiroyuki Sakamoto, que, curiosamente, nem mesmo consta
no ranking da AMB.
Brasil 2
O campeão brasileiro dos
meio-pesados, Mário Soares,
vai fazer sua estréia contra um
rival estrangeiro na próxima
terça, contra o argentino Pablo
Guitarra. A programação tem
início às 19h45, no Baby Barioni (rua Germaine Burchard,
451, na Água Branca).
Brasil 3
O Brasil conquistou um ouro
(Kelson Carlos), uma prata
(Laudelino Barros) e oito
bronzes na Copa das Américas, na República Dominicana.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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