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São Paulo, segunda-feira, 10 de março de 2003

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FUTEBOL

Equilíbrio de contrários

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Corinthians e São Paulo chegam à final do Campeonato Paulista em situação de equilíbrio. É quase um tira-teima entre os dois clubes, que se enfrentaram na final do Rio-São Paulo do ano passado, com vitória corintiana.
Muita coisa mudou de lá para cá, mas as características básicas das duas equipes permaneceram praticamente as mesmas. Senão, vejamos.
O São Paulo continua sendo uma equipe de grande força em seus melhores momentos, com um toque de bola rápido e envolvente, propiciado pela alta qualidade técnica de seus meias e atacantes.
Mas essas jornadas inspiradas se alternam com momentos de apatia, como a partida de ontem, contra a Portuguesa Santista. Além disso, a fluidez ofensiva tricolor convive com uma grande vulnerabilidade defensiva: há anos o São Paulo não consegue montar uma defesa confiável.
Resumindo: num jogo o São Paulo é uma máquina, no jogo seguinte é uma geléia.
O Corinthians é praticamente o contrário. Suas maiores virtudes são a regularidade e a solidez. Seu maior defeito é uma certa falta de imaginação, que o torna muitas vezes previsível e burocrático.
Essa fraqueza, é preciso reconhecer, tem diminuído nos últimos tempos. Com a entrada de Jorge Wagner e Liedson, a equipe ficou mais leve e criativa, deixando de depender tanto daquilo que chegou a ser chamado, com grande dose de exagero, de "melhor lado esquerdo do mundo".
O equilíbrio entre tricolores e alvinegros é tamanho que, a meu ver, serão decisivos nas partidas finais os fatores extra-táticos, ou seja, a disposição física e o estado emocional dos atletas em campo.
Nesse aspecto, se o primeiro jogo fosse hoje, o Corinthians estaria em vantagem, apesar de o São Paulo jogar por dois empates. É que o alvinegro vem de uma eletrizante goleada sobre seu arqui-rival, o Palmeiras. Já o tricolor vem de uma partida pífia e monótona contra a Santista.
Mas a partida só acontecerá no domingo, e antes disso cada um dos dois clubes terá um confronto importante no meio da semana, por outros torneios. O São Paulo enfrenta na quarta-feira o São Raimundo pela Copa do Brasil, com a necessidade de ganhar por três gols de diferença.
O Corinthians, na terça-feira, pega o The Strongest, da Bolívia, tentando manter a liderança de seu grupo na Taça Libertadores da América.
O resultado desses confrontos influenciará em grande medida o estado de ânimo dos dois times na final paulista.
À parte isso, o clássico será decidido também pelo rendimento de um punhado de jogadores capazes de "desequilibrar", como se diz: Kaká, Ricardinho e Luís Fabiano pelo tricolor; Kléber, Gil e Liedson pelo alvinegro.
Tudo indica que teremos dois grandes clássicos. Espera-se que as torcidas compareçam em massa, ao contrário do que aconteceu nas semifinais, que tiveram uma média de público desanimadora.

O feijão e o sonho
O Palmeiras, que vinha jogando como um retrancado e aguerrido time pequeno, tendo desse modo vencido o São Caetano e empatado a primeira semifinal do Campeonato Paulista com o Corinthians, resolveu partir para o tudo ou nada no início do segundo confronto com seu maior rival, anteontem. O resultado dessa tática suicida (já que o time contava com uma zaga improvisada) foi o que se viu: aos 16min da partida o Corinthians já vencia por 3 a 0. O Palmeiras voltou a ser um caos, em que sua única virtude era o brio de alguns de seus jogadores. Jair Picerni mostrou que se dá melhor no feijão com arroz do que na tentativa de criar uma "nouvelle cuisine". Até porque os ingredientes de que dispunha não eram de primeira.

E-mail jgcouto@uol.com.br



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