São Paulo, quarta-feira, 10 de março de 2004

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TÊNIS

Agora é a vez dos meninos

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

De um lado, Gustavo Kuerten diz que "foi uma decisão muito difícil que eu tive que tomar". Afirma que tem a "Copa Davis no sangue", que viveu "grandes emoções competindo", que já jogou "até machucado" e que está triste por ter de deixar de jogar desta vez.
Escolheu esse caminho "pelo tênis brasileiro e pelo futuro dos tenistas". Sentiu-se desrespeitado quando a CBT "passou a tomar atitudes que influenciam diretamente na parte técnica".
De outro lado, a Confederação Brasileira de Tênis lamenta, e muito, a decisão do melhor tenista do país, Gustavo Kuerten, de não defender o Brasil na única competição em que os tenistas jogam em equipe. Avisa que "a equipe da Copa Davis sempre teve prioridade em tudo que precisou" e que os jogadores nunca deixaram de ser atendidos. Afirma também que em momento algum questionou derrotas e rebaixamento à segunda divisão.
O senhor Nelson Nastás, presidente da CBT, reitera que não vai ceder à pressão dos jogadores e que vai cumprir seu mandato até o fim, em dezembro. Espinafra: "Nunca fui questionado diretamente por nenhum jogador sobre o que estava sendo feito pelo tênis brasileiro".
Entre Kuerten e Nastás estão Flávio Saretta, André Sá e Ricardo Mello, os outros tenistas da equipe, e o próprio Jaime Oncins, novo capitão do time. Acompanhar Kuerten e ficar fora do confronto com os paraguaios ou viajar até o litoral baiano para defender o país?
Se seguirem o líder do tênis brasileiro, anunciarão, de hoje até a próxima semana, o boicote. Deixarão Nastás isolado e marcarão para sempre a ruptura com o "status quo". Mudanças terão de ser feitas imediatamente.
Se ficarem com o dirigente máximo do tênis no país, porém, terão a difícil missão de recolocar o Brasil na primeira divisão, primeiro contra os paraguaios, de 9 a 11 de abril, e depois passando pela repescagem, na segunda quinzena de setembro.
Saretta, Sá e Mello estão a um passo de dar um grande salto. Mais importante do que qualquer final ou título é o posicionamento que cada um deles vai tomar. Deixarão de ser ótimos tenistas para serem verdadeiros homens.
Oncins também tem pela frente uma decisão importante. Ou segura o ímpeto (ele foi "com muita sede ao pote", nas palavras de um dos tenistas) e mostra que, acima de seus sonhos, está a união do grupo ou ignora o maior tenista masculino da história do país e alia-se a um dirigente contestado.
Meninos, chegou a vez de vocês.
 
Kuerten tomou uma decisão importantíssima, mas não surpreendente. Desde o primeiro momento, a intenção do catarinense era não jogar. A admiração por "Jaiminho" era o "problema".
Esta coluna, que já o criticou por não falar e por não se posicionar, agora só pode elogiar a atitude do tenista. Melhor atleta do país, ex-número um do mundo, grande, Kuerten precisava dar a sua opinião. Mostrou que é gente grande também fora das quadras.

Em Goiás
A cidade de Rio Quente recebe mais um torneio da série future. Os jogos vão até o fim de semana na Pousada do Rio Quente. Na semana passada, em Florianópolis, Bruno Soares ficou com o título.

Em São Paulo
A 34ª edição do Banana Bowl vai reunir um número recorde de inscritos. Serão 1.217 jovens tenistas de 47 países. Os jogos, de 15 a 21 deste mês, serão disputados na capital paulista e em Ribeirão Preto.

Em Scottsdale
Vincent Spadea, ex-top-20 e tenista que nunca convenceu muita gente, ganhou seu primeiro título, depois de 222 torneios em branco. Desanimar, às vezes; desistir, nunca.

E-mail randaku@uol.com.br


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