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TÊNIS
Agora é a vez dos meninos
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
De um lado, Gustavo Kuerten diz que "foi uma decisão
muito difícil que eu tive que tomar". Afirma que tem a "Copa
Davis no sangue", que viveu
"grandes emoções competindo",
que já jogou "até machucado" e
que está triste por ter de deixar de
jogar desta vez.
Escolheu esse caminho "pelo tênis brasileiro e pelo futuro dos tenistas". Sentiu-se desrespeitado
quando a CBT "passou a tomar
atitudes que influenciam diretamente na parte técnica".
De outro lado, a Confederação
Brasileira de Tênis lamenta, e
muito, a decisão do melhor tenista do país, Gustavo Kuerten, de
não defender o Brasil na única
competição em que os tenistas jogam em equipe. Avisa que "a
equipe da Copa Davis sempre teve prioridade em tudo que precisou" e que os jogadores nunca
deixaram de ser atendidos. Afirma também que em momento algum questionou derrotas e rebaixamento à segunda divisão.
O senhor Nelson Nastás, presidente da CBT, reitera que não vai
ceder à pressão dos jogadores e
que vai cumprir seu mandato até
o fim, em dezembro. Espinafra:
"Nunca fui questionado diretamente por nenhum jogador sobre
o que estava sendo feito pelo tênis
brasileiro".
Entre Kuerten e Nastás estão
Flávio Saretta, André Sá e Ricardo Mello, os outros tenistas da
equipe, e o próprio Jaime Oncins,
novo capitão do time. Acompanhar Kuerten e ficar fora do confronto com os paraguaios ou viajar até o litoral baiano para defender o país?
Se seguirem o líder do tênis brasileiro, anunciarão, de hoje até a
próxima semana, o boicote. Deixarão Nastás isolado e marcarão
para sempre a ruptura com o
"status quo". Mudanças terão de
ser feitas imediatamente.
Se ficarem com o dirigente máximo do tênis no país, porém, terão a difícil missão de recolocar o
Brasil na primeira divisão, primeiro contra os paraguaios, de 9
a 11 de abril, e depois passando
pela repescagem, na segunda
quinzena de setembro.
Saretta, Sá e Mello estão a um
passo de dar um grande salto.
Mais importante do que qualquer
final ou título é o posicionamento
que cada um deles vai tomar.
Deixarão de ser ótimos tenistas
para serem verdadeiros homens.
Oncins também tem pela frente
uma decisão importante. Ou segura o ímpeto (ele foi "com muita
sede ao pote", nas palavras de um
dos tenistas) e mostra que, acima
de seus sonhos, está a união do
grupo ou ignora o maior tenista
masculino da história do país e
alia-se a um dirigente contestado.
Meninos, chegou a vez de vocês.
Kuerten tomou uma decisão
importantíssima, mas não surpreendente. Desde o primeiro momento, a intenção do catarinense
era não jogar. A admiração por
"Jaiminho" era o "problema".
Esta coluna, que já o criticou
por não falar e por não se posicionar, agora só pode elogiar a atitude do tenista. Melhor atleta do
país, ex-número um do mundo,
grande, Kuerten precisava dar a
sua opinião. Mostrou que é gente
grande também fora das quadras.
Em Goiás
A cidade de Rio Quente recebe mais um torneio da série future. Os
jogos vão até o fim de semana na Pousada do Rio Quente. Na semana
passada, em Florianópolis, Bruno Soares ficou com o título.
Em São Paulo
A 34ª edição do Banana Bowl vai reunir um número recorde de inscritos. Serão 1.217 jovens tenistas de 47 países. Os jogos, de 15 a 21
deste mês, serão disputados na capital paulista e em Ribeirão Preto.
Em Scottsdale
Vincent Spadea, ex-top-20 e tenista que nunca convenceu muita gente, ganhou seu primeiro título, depois de 222 torneios em branco. Desanimar, às vezes; desistir, nunca.
E-mail randaku@uol.com.br
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