São Paulo, terça-feira, 10 de abril de 2001

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Rodovia Anhanguera concentra os times do interior na elite do Paulista

A única estrada do futebol

Para dirigentes, força econômica da região é a principal responsável pelo fenômeno, ainda mais evidente com as boas atuações de Ponte Preta e Rio Branco na competição

FÁBIO SEIXAS
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais importante via de transporte de produtos manufaturados e de tecnologia em São Paulo, a rodovia Anhanguera firmou-se neste ano, também, como o principal eixo do futebol no Estado.
Todas as nove equipes do interior paulista estão em cidades às margens da Anhanguera ou que são acessadas a partir da rodovia.
Além disso, as duas equipes-sensação do campeonato ficam nesse eixo. Após 12 rodadas, a Ponte Preta, de Campinas, é a líder do Paulista, seguida pelo Rio Branco, da vizinha Americana.
Completam a competição as quatro equipes da capital (São Paulo, Corinthians, Lusa e Palmeiras), as duas do litoral (Santos e Portuguesa Santista) e o São Caetano, da região do ABC.
Regiões que antes contavam com seus times na Série A-1, há anos não estão representadas.
Não há, por exemplo, nenhum time do Vale do Paraíba, que já contou com São José, Taubaté e Esportiva de Guaratinguetá na primeira divisão. O mesmo acontece com o Oeste do Estado, que recentemente viu times como América e Ferroviária caírem para divisões inferiores do Paulista.
Para dirigentes ouvidos pela Folha, o fenômeno não é coincidência. Está intimamente ligado ao poderio econômico da região.
"A área de Ribeirão Preto é muito rica. E, sempre que uma região cresce em riqueza, cresce também em outros aspectos, como na área social e no esporte", declarou Ricardo Christiano Ribeiro, presidente do Botafogo-SP.
"Mesmo assim, hoje é complicado arrumar patrocinadores. Se o clube estivesse em uma área mais pobre, certamente seria mais difícil", disse Ribeiro.
Sem conseguir um patrocinador na cidade, o Botafogo acabou fechando acordo com uma fábrica de móveis de Araras, cidade que conta com o União São João.
Segundo o presidente do clube de Araras, José Mário Pavan, a aglomeração de equipes em uma mesma área é benéfica para os torcedores, mas, às vezes, atrapalha os clubes, que batem nas mesmas portas atrás de patrocínio.
"Seria mais fácil para mim se o União estivesse sozinho na região. Para este ano, fechamos apenas um contrato pequeno com uma multinacional (Polti) que tem fábrica em Araras", afirmou Pavan. "Mas nada acontece por acaso. Acho que estamos na região mais rica do país, e isso acaba aparecendo também no futebol."
Paulo Roberto Cagliardi, dirigente da Ponte Preta, concorda: "Nos últimos anos, muitas empresas investiram por aqui. Isso fortaleceu muito os clubes".
Segundo a comissão de concessões do DER (Departamento de Estradas de Rodagem), a região da Anhanguera é a mais desenvolvida do Estado. O órgão usa como exemplo as fábricas da Compaq, da Motorola e da Honda, próximas à rodovia.


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