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Rodovia Anhanguera concentra os times do interior na elite do Paulista
A única estrada do futebol
Para dirigentes, força econômica da região é a principal responsável pelo fenômeno, ainda mais evidente com as boas atuações de Ponte Preta e Rio Branco na competição
FÁBIO SEIXAS
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais importante via de transporte de produtos manufaturados e de tecnologia em São Paulo,
a rodovia Anhanguera firmou-se
neste ano, também, como o principal eixo do futebol no Estado.
Todas as nove equipes do interior paulista estão em cidades às
margens da Anhanguera ou que
são acessadas a partir da rodovia.
Além disso, as duas equipes-sensação do campeonato ficam
nesse eixo. Após 12 rodadas, a
Ponte Preta, de Campinas, é a líder do Paulista, seguida pelo Rio
Branco, da vizinha Americana.
Completam a competição as
quatro equipes da capital (São
Paulo, Corinthians, Lusa e Palmeiras), as duas do litoral (Santos
e Portuguesa Santista) e o São
Caetano, da região do ABC.
Regiões que antes contavam
com seus times na Série A-1, há
anos não estão representadas.
Não há, por exemplo, nenhum
time do Vale do Paraíba, que já
contou com São José, Taubaté e
Esportiva de Guaratinguetá na
primeira divisão. O mesmo acontece com o Oeste do Estado, que
recentemente viu times como
América e Ferroviária caírem para divisões inferiores do Paulista.
Para dirigentes ouvidos pela Folha, o fenômeno não é coincidência. Está intimamente ligado ao
poderio econômico da região.
"A área de Ribeirão Preto é muito rica. E, sempre que uma região
cresce em riqueza, cresce também
em outros aspectos, como na área
social e no esporte", declarou Ricardo Christiano Ribeiro, presidente do Botafogo-SP.
"Mesmo assim, hoje é complicado arrumar patrocinadores. Se
o clube estivesse em uma área
mais pobre, certamente seria
mais difícil", disse Ribeiro.
Sem conseguir um patrocinador na cidade, o Botafogo acabou
fechando acordo com uma fábrica de móveis de Araras, cidade
que conta com o União São João.
Segundo o presidente do clube
de Araras, José Mário Pavan, a
aglomeração de equipes em uma
mesma área é benéfica para os
torcedores, mas, às vezes, atrapalha os clubes, que batem nas mesmas portas atrás de patrocínio.
"Seria mais fácil para mim se o
União estivesse sozinho na região.
Para este ano, fechamos apenas
um contrato pequeno com uma
multinacional (Polti) que tem fábrica em Araras", afirmou Pavan.
"Mas nada acontece por acaso.
Acho que estamos na região mais
rica do país, e isso acaba aparecendo também no futebol."
Paulo Roberto Cagliardi, dirigente da Ponte Preta, concorda:
"Nos últimos anos, muitas empresas investiram por aqui. Isso
fortaleceu muito os clubes".
Segundo a comissão de concessões do DER (Departamento de
Estradas de Rodagem), a região
da Anhanguera é a mais desenvolvida do Estado. O órgão usa
como exemplo as fábricas da
Compaq, da Motorola e da Honda, próximas à rodovia.
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