TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL

A prática já é conhecida nas pistas. Até agora, porém, só havia sido usada no mundo das quatro rodas. A partir de hoje, seus efeitos podem começar a ser sentidos sobre duas rodas com o início do Mundial de MotoGP, às 9h.
Assim como a F-1 vem fazendo há algumas temporadas para tentar acabar com a hegemonia da Ferrari na categoria, desta vez a FIM (Federação Internacional de Motociclismo) resolveu mexer em seu regulamento esportivo.
O alvo também é italiano: Valentino Rossi, seis vezes campeão mundial e que busca seu quinto título consecutivo neste ano.
Depois do que aconteceu em 2004, quando Rossi trocou a superpoderosa Honda pela Yamaha, que amargava um jejum de 18 corridas sem vitória, e sagrou-se campeão, a federação se mexeu.
As alterações por enquanto não são tão drásticas como as usadas pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo). Mas já são um indício do que pode acontecer nas próximas temporadas.
A principal mudança para 2005 é nas corridas com chuva. Até o ano passado, a prova era paralisada e só retornava quando os pneus tivessem sido trocados e as motos, devidamente ajustadas.
Agora, para agilizar os GPs, não haverá essa paralisação. Mas, diferentemente do que acontece no automobilismo, onde apenas os compostos são trocados, na MotoGP a troca vai ser mais complexa: sai uma moto e entra outra, já com a alteração nos pneus e na regulagem -o mesmo vale para as corridas que começam com chuva e depois a pista seca.
Todos os GPs passam a ser denominados secos ou molhados -a medida serve para ajudar os pilotos a escolher seus pneus.
Outra alteração, talvez a que mais afete os competidores na prática, foi no sistema de classificação. No lugar das duas sessões, uma na sexta e outra no sábado, o grid será definido em um único treino, que será realizado aos domingos, pouco antes das corridas -haverá ainda três treinos livres, dois na sexta e um no sábado.
Mas as novidades no regulamento não parecem abalar a confiança de Rossi. "Espero poder ganhar o título novamente neste ano." Ontem, ele já obteve a pole para a primeira prova.
A preocupação do piloto parece ser quase exclusiva com sua moto. "As coisas ainda não estão 100%, mas a moto e o motor estão melhores que no ano passado", despista, para logo tirar a responsabilidade de suas costas. "Em 2004 nós surpreendemos a todos que não esperavam que ganhássemos de cara. Neste ano as coisas vão ser diferentes. Todos estarão tentando chegar na nossa frente."
Só outra coisa incomoda Rossi. Encontrar motivação. "Com certeza será mais difícil que no ano passado. De onde ela virá? Ainda não sei, mas espero encontrá-la."
O solo europeu, que há quase duas décadas não abre um Mundial da categoria, começa a ver hoje, em Jerez (Espanha), o que mudou na MotoGP. Ou não.