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ADMINISTRAÇÃO
Após o número de técnicos emprestados ao país cair de 89 para 3, ilha pressiona para retomar convênio
Parceria com Cuba some no governo Lula
GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL
No papel, os países sustentam
uma estreita parceria. Na prática,
nunca estiveram tão distantes.
Além de denotar o atual estágio
das relações esportivas entre Brasil e Cuba, a sentença expõe uma
ferida que a ilha caribenha quer
remediar. E, para isso, tomou
uma atitude enérgica. Na última
terça, um enviado do governo de
Fidel Castro desembarcou no Rio.
Alvaro Milián, 65, representa o
Inder -Instituto de Desporte,
Educação Física e Recreação, estatal que gerencia o esporte cubano. Tem uma missão: aproximar
realidades discrepantes.
A primeira está no âmbito teórico: pelos convênios com o Ministério do Esporte (2003) e com o
Comitê Olímpico Brasileiro
(2002), existe boa cooperação entre Cuba e Brasil. No dia-a-dia,
porém, esse intercâmbio definha.
Em 1998, um total de 89 treinadores cubanos vivia no país. Hoje
são apenas três, todos do beisebol.
"Para nós, é um número baixíssimo. Um país que abrigará o Pan
em 2007 pode aprender muito conosco. Até o final do ano, quero
trazer ao menos 30 conterrâneos", disse Milián à Folha.
O Brasil, porém, não é o único
beneficiado. Técnicos, atletas e dirigentes só deixam a ilha legalmente com a autorização da Cubadeportes S.A, empresa criada
para autofinanciar o esporte local.
Pela negociação, 75% dos salários pagos pelos brasileiros, entre
US$ 300 e US$ 1.500, vão para a
organização, que gasta na manutenção e no fomento da estrutura.
A escolha de Milián como mediador não é aleatória. De 1993 a
1998, ele viveu no Brasil como representante da Cubadeportes.
"Ainda tenho bons contatos."
Cuba é uma potência esportiva.
Com 11,3 milhões de habitantes,
ganhou 158 medalhas em Olimpíadas desde que Fidel Castro
chegou ao poder, em 1959. Com
Los Angeles-1984 e Seul-1988, que
Cuba boicotou, a mais, o Brasil foi
68 vezes ao pódio no período.
A época em que o êxodo dos cubanos se agravou coincide com a
chegada de Luiz Inácio Lula da
Silva à Presidência, em 2002.
Lula visitou a ilha em 2003, demonstrou apoio ao regime cubano e tem assessores próximos
com forte simpatia pelo país.
"Temos o cenário mais favorável da história para perpetuarmos
os acordos. Basta deixar o plano
das intenções e caminhar", opinou Milián. Até agora, quem atua
como exportador é o Brasil. O Inder vai utilizar dois programas do
ministério, o "Segundo Tempo" e
o "Pintando a Liberdade", e precisará importar instrutores.
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