São Paulo, domingo, 10 de abril de 2005

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ADMINISTRAÇÃO

Após o número de técnicos emprestados ao país cair de 89 para 3, ilha pressiona para retomar convênio

Parceria com Cuba some no governo Lula

GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL

No papel, os países sustentam uma estreita parceria. Na prática, nunca estiveram tão distantes.
Além de denotar o atual estágio das relações esportivas entre Brasil e Cuba, a sentença expõe uma ferida que a ilha caribenha quer remediar. E, para isso, tomou uma atitude enérgica. Na última terça, um enviado do governo de Fidel Castro desembarcou no Rio.
Alvaro Milián, 65, representa o Inder -Instituto de Desporte, Educação Física e Recreação, estatal que gerencia o esporte cubano. Tem uma missão: aproximar realidades discrepantes.
A primeira está no âmbito teórico: pelos convênios com o Ministério do Esporte (2003) e com o Comitê Olímpico Brasileiro (2002), existe boa cooperação entre Cuba e Brasil. No dia-a-dia, porém, esse intercâmbio definha.
Em 1998, um total de 89 treinadores cubanos vivia no país. Hoje são apenas três, todos do beisebol.
"Para nós, é um número baixíssimo. Um país que abrigará o Pan em 2007 pode aprender muito conosco. Até o final do ano, quero trazer ao menos 30 conterrâneos", disse Milián à Folha.
O Brasil, porém, não é o único beneficiado. Técnicos, atletas e dirigentes só deixam a ilha legalmente com a autorização da Cubadeportes S.A, empresa criada para autofinanciar o esporte local.
Pela negociação, 75% dos salários pagos pelos brasileiros, entre US$ 300 e US$ 1.500, vão para a organização, que gasta na manutenção e no fomento da estrutura.
A escolha de Milián como mediador não é aleatória. De 1993 a 1998, ele viveu no Brasil como representante da Cubadeportes. "Ainda tenho bons contatos."
Cuba é uma potência esportiva. Com 11,3 milhões de habitantes, ganhou 158 medalhas em Olimpíadas desde que Fidel Castro chegou ao poder, em 1959. Com Los Angeles-1984 e Seul-1988, que Cuba boicotou, a mais, o Brasil foi 68 vezes ao pódio no período.
A época em que o êxodo dos cubanos se agravou coincide com a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, em 2002.
Lula visitou a ilha em 2003, demonstrou apoio ao regime cubano e tem assessores próximos com forte simpatia pelo país.
"Temos o cenário mais favorável da história para perpetuarmos os acordos. Basta deixar o plano das intenções e caminhar", opinou Milián. Até agora, quem atua como exportador é o Brasil. O Inder vai utilizar dois programas do ministério, o "Segundo Tempo" e o "Pintando a Liberdade", e precisará importar instrutores.

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