São Paulo, domingo, 10 de abril de 2005

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FUTEBOL

O recuo do Once Caldas

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Estava em dúvida entre fazer uma coluna sobre o Milan e a melhor defesa do mundo ou sobre o Once Caldas e a maior retranca do mundo. Quem perdesse a disputa ficaria com a ""gorda nota" aqui ao lado. Consultei um amigo e ele me sugeriu falar do time colombiano, pois o Milan seguirá firme no noticiário, avançando na Copa dos Campeões, enquanto a equipe de Manizales tende a sumir de vista, além de ser um fenômeno ainda mal explicado.
Já havia optado pelo Once Caldas quando li anteontem à noite que o presidente do campeão da Libertadores tinha renunciado. Melhor sinal era impossível.
O time que deixou a América boquiaberta no ano passado jogando fechadinho fez naquela criticada e vitoriosa campanha 1,21 gol em média por partida. Agora, a média caiu para 0,25 gol por jogo. Mais claro: foram quatro partidas como detentor do título, três 0 a 0 e um gol marcado.
Desde que a Libertadores entrou em sua fase moderna, com um longo mata-mata, em 1988, é a pior passagem ofensiva de um campeão -excetuando o próprio ano de 1988, quando o Penãrol fez apenas dois jogos com o San Lorenzo e passou em branco.
O Once Caldas, que segurou 0 a 0 contra São Paulo, Boca Juniors e Porto em 2004, não conseguiu em 2005 anotar no Cobreloa e no San Lorenzo, em casa, e no Chivas Guadalajara, fora. Está bem perto da eliminação na Libertadores e vinha ocupando só a 14ª posição no Campeonato Colombiano. A crise aponta para tristes 12 partidas sem vitória, levou à demissão do técnico Víctor Luna e, por último, à renúncia do presidente Jairo Quintero Trujillo.
O treinador Luis Fernando Montoya, apontado como o mentor da retranca bem-sucedida do Once Caldas, foi vítima de um atentado e ficou tetraplégico pouco após o Mundial interclubes, quando quase todo o planeta torceu nos pênaltis contra os colombianos que priorizam a defesa.
Como os resultados não estavam aparecendo sem Montoya, elevaram à condição de treinador o ex-auxiliar Carlos ""Panelo" Valencia. Em campo, o time tem variado entre uma linha de três ou quatro defensores, mas segue apostando em um só na frente -no último jogo, Néstor Álvarez.
Luna deu vez a alguns jovens, como Amaya, Nuñez, Díaz e Henriquez, dobrou a família Viáfara na equipe (além de John, agora joga Efraín), mas sofreu boas perdas no gol (além de Henao vir para o Santos, o equatoriano Cevallos pena com lesões).
O Once Caldas despertou raiva e inveja de muitos com seu estilo. Para quem acredita em ""olho gordo", o time de Manizales já começou a pagar seus pecados logo após o título continental, quando puniram Agudelo por seis meses pelo uso de cocaína -dopado contra o Santos nas quartas-de-final, não seria carrasco do São Paulo se revelassem tudo logo.
Bonito ou feio, Quintero Trujillo tirou o clube de Manizales de uma fila nacional de 53 anos e pôs a equipe no mapa do futebol mundial. Agora, assume a presidência José Manuel López Bugallo, acionista majoritário do time.
O Once Caldas se defende.

O avanço do Milan
O Chelsea roubou só por pouco tempo a honra de ter a melhor defesa do mundo. Na Copa dos Campeões, o Milan foi vazado só três vezes, nenhuma no mata-mata. O Chelsea levou nove gols, sendo que dois em cada um de seus jogos na fase aguda do torneio (recebeu mais gols que PSV, Juventus, Inter e Liverpool). Nos últimos sete jogos no Italiano, o Milan levou só dois gols. O Chelsea, nas últimas quatro partidas no Inglês, foi vazado três vezes. Dida, 31, Cafu, 34, Stam, 32, Nesta, 29 e Maldini, 36. Calcule a média de idade da defesa que tem na reserva Costacurta, 39 anos no dia 24, Pancaro, 33, Fiori, 35, e os ""garotos" Abbiati e Kaladze, 27. Gattuso protege Cafu. Gattuso e Pirlo protegem a zaga. Com Stam, quatro jogos sem levar gol na Champions League (e Maldini, interminável, volta à lateral esquerda). Dida completou 451 minutos sem ser vazado. Chelsea x Milan na final!

E-mail rbueno@folhasp.com.br

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