São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 2008

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FUTEBOL

1 vez Flamengo, sempre Cienciano


O time de Zico foi o primeiro que me conquistou no Brasil de forma espontânea, mas virei casaca e sou Cienciano

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

E não é o que Flamengo passeou em Cusco ontem (3 a 0), controlando o jogo, sendo quase sempre mais perigoso, matando o Cienciano no segundo tempo? Foi muito mais fácil que no Maracanã.
Assisti à partida com minha camisa pirata do internacional clube peruano, comprada em uma das lojinhas de Cusco. Uma forma de apoio. Tinha umas trocentas razões para torcer pelo Cienciano (não é fácil).
Nada contra o mais popular time brasileiro, o primeiro clube do país pelo qual torci por livre e espontânea vontade, mas tudo a favor do povo que vive em elevadas altitudes. Assim como Maradona, sou contra o veto a jogos acima de 2.750 m, em especial para os clubes. Ver dezenas de crianças e senhores, tão felizes quanto carentes, batendo bola em cada cantinho de grama e terra do Sul do Peru em meio àquela cordilheira maravilhosa, só aumentou a minha convicção sobre o assunto.
Obrigá-los a não jogar em casa é uma punição cruel. O futebol é universal demais para tais barreiras naturais. Há jogos em condições desfavoráveis para todos os gostos (calor, frio...) neste planeta, e Cusco, apesar do misticismo todo, é deste mundo.
O Flamengo, se quisesse, poderia ter mandado uma equipe para o Peru com bastante antecedência, pois sua situação no Estadual (que muitos colocam em último plano) ficou logo confortável. Dava para se aclimatar perfeitamente e bater, a plenos pulmões, um Cienciano que não é bicho-papão (bateu mesmo sem o gás todo). Entendo que a questão, para a diretoria rubro-negra, não é pontual, casuística. Seus dirigentes levantaram a bandeira há bom tempo com base em informes médicos. Mas isso não muda a minha opinião.
Com preparação adequada, não há problema, como indicam os próprios informes médicos da Fifa. Nas disputas da Conmebol, consta, nunca houve problemas de maior gravidade. Tivemos mortes de atletas em campo mundo afora, e sei que, quando acontecer de alguém falecer em uma partida importante em elevada altitude, alguns deverão associar o óbito ao ""crime" de ""jogar no céu". E definir crime às vezes é complicado.

1 VEZ FLAMENGO
Na Libertadores-81, o time de Zico não pegou elevadas altitudes. Mas, na época, as reclamações por jogar fora eram por outras coisas, times do alto eram ainda mais fracos...

SEMPRE CIENCIANO
Se um time brasileiro fizesse pré-temporada na altitude, como os maratonistas, começaria voando nas competições na volta ao país?

3 VEZES INGLATERRA
É amigo, meus palpites às vezes dão certo. É Champions League mesmo, não Copa dos Campeões!

SEMPRE BOCA JUNIORS
Está duro avançar. Como em 2007.

rbueno@folhasp.com.br


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