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Tocha "some" em San Francisco
Em reduto chinês, fogo olímpico é escondido em armazém, anda de ônibus e faz roteiro alternativo
Clima de tensão, com confronto entre ativistas pró-Tibete e chineses locais, muda planos e faz artefato ser carregado por duplas
DA REPORTAGEM LOCAL
A tocha olímpica dos Jogos
de Pequim foi escondida no reduto chinês mais famoso do
mundo fora da China.
Em San Francisco (EUA), cidade com o maior bairro chinês
do mundo e com um quinto da
população com origem no país
asiático, o fogo olímpico ficou
por 45 minutos escondido em
um armazém, foi transportado
mais uma vez de ônibus e fez
um rota alternativa -que incluiu só de longe a Golden Gate,
cartão postal da cidade-, bem
mais curto que o previsto e com
pouca audiência.
Tudo isso, para fugir da fúria
dos manifestantes pró-Tibete.
"Nós sentimos que não poderíamos dar segurança à tocha e
proteger os manifestantes no
nível que desejávamos", disse
Gavin Newsom, o prefeito de
San Francisco, sobre as mudanças de planos.
As medidas tiveram origem
no pavor de novos incidentes,
como os ocorridos na Turquia,
na França e na Inglaterra.
Marcado para começar às
13h locais, o desfile da tocha foi
antecedido por uma manhã
tensa em San Francisco.
O clima era de confronto iminente, já que junto com os
apoiadores da causa do Tibete
estavam, em número muito
maior, chineses e seus descendentes americanos empunhando bandeiras do país. Em algumas ruas, cada lado da calçada
era território de um grupo.
Os gritos de "liberdade para o
Tibete" eram retrucados.
Houve até agressões físicas
quando um americano, segundo relato do jornal "San Francisco Chronicle" chamou os
chineses de "comunistas". Pelo
menos um manifestante pró-Tibete foi preso.
Com tal clima, quase nada do
plano original para o desfile da
tocha, que amanhã passa por
Buenos Aires, foi cumprido.
Logo após o fogo ser aceso,
foi cercado por policiais locais e
seguranças chineses e conduzido a um galpão. E lá ficou por
cerca de 45 minutos.
A situação tornou-se patética. As redes CNN, Fox e BBC
transmitiam o evento ao vivo,
de helicópteros, e ninguém sabia dizer o que estava acontecendo. Informava-se apenas
que o desfile seria de 5 quilômetros, contra os 10 previstos
originalmente.
O mistério enfim foi desfeito
quando um comboio de carros
de segurança e um ônibus com
a tocha deixou o galpão até uma
avenida quase dois quilômetros
distante do roteiro original.
Lá o desfile começou quase
clandestino, com mais policiais
do que espectadores. Constrangedora também ficou a situação dos escolhidos para carregar o artefato -80 estavam
listados para a tarefa.
Como havia pouco percurso
para muita gente, a tocha acabou sendo levada por duas pessoas ao mesmo tempo. E a cada
quarteirão as duplas mudavam.
Só no trecho final do trajeto a
tocha foi vista por um número
maior de pessoas, mas um cordão imenso de policiais impediu qualquer aproximação.
Até este momento, os organizadores não divulgavam onde
seria realizada a cerimônia de
encerramento da desastrosa
passagem do fogo olímpico por
San Francisco -a linha de chegada original estava tomada
por manifestantes contra e a favor da China.
A solução também foi quase
"clandestina": a caravana seguiu para o aeroporto da cidade, onde fez a "cerimônia" e
embarcou no avião que conduz
a tocha pela turnê por 20 países. O governo chinês e o Comitê Olímpico Internacional reiteraram ontem que os protestos não irão alterar o roteiro.
Com agências internacionais
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