|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Patrocínio social vira arma contra repercussão
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
O fiasco na volta ao mundo
da tocha olímpica está forçando vários patrocinadores da
Olimpíada de Pequim a tentar
equilibrar a má propaganda
que rodeia o evento.
Patrocinadores viraram alvo
dos ativistas pró-direitos humanos, como o movimento pela independência do Tibete e
contra o apoio chinês ao governo do Sudão, culpado pelo genocídio em Darfur.
Gigantes como Coca-Cola,
GE e Lenovo pagaram cerca de
US$ 40 milhões para patrocinar a viagem da tocha, enquanto McDonald's, Microsoft, Visa,
Adidas, Kodak e também a Coca-Cola, entre outros, desembolsaram estimados US$ 200
milhões como "patrocinadores
oficiais" dos Jogos em agosto.
Diante das críticas, a Coca-Cola anunciou que investirá
US$ 5 milhões para ajudar a reconstruir áreas destruídas no
Sudão, além de US$ 750 mil à
Cruz Vermelha para refugiados
de Darfur. A GE doou US$ 4 milhões a instituições como Unicef e Care, segundo comunicado divulgado pela empresa.
Durante o percurso da tocha,
a campanha da Coca-Cola enfatiza sua preocupação pelo meio
ambiente, assim como a General Electric, que fala de energia
solar e despoluição de águas em
seus anúncios. Publicitários de
importantes agências internacionais instaladas em Pequim
falaram à Folha, pedindo anonimato, que há um esforço para
enfatizar responsabilidade social para "equilibrar" o tema
dos direitos humanos.
Mas eles acham, ainda assim,
que os patrocinadores se encontram em uma encruzilhada.
Apesar da imagem negativa da
China quanto aos direitos humanos ter aumentado em países ocidentais nas últimas semanas, essas empresas olham o
mercado chinês como prioritário, então também não querem
dar nenhum sinal de arrependimento, que faça o público
chinês vê-los como traidores.
O McDonald's, por exemplo,
que está longe de ser um sucesso no mercado chinês, passou a
abrir 24 horas suas lanchonetes de Pequim pegando carona
na propaganda olímpica.
No mês passado, a Adidas decidiu mandar recolher uma linha de produtos onde o seu logo aparecia dentro da estrela
maior da bandeira chinesa. Os
novos produtos tinham sido
apenas lançados em Hong
Kong, mas a polêmica chegou à
Internet rapidamente.
Numa enquete do Sina.com,
maior portal chinês, mais de
80% dos internautas disseram
que se negavam a comprar os
produtos "pela comercialização de um símbolo pátrio".
A Coca-Cola desenvolve programa de preservação do rio
Yangtsé, ameaçado pela contaminação, e a Johnson & Johnson anuncia conselhos de saúde e higiene no país.
A atriz Mia Farrow, ativista
pelos refugiados de Darfur, região castigada pela repressão
do governo do Sudão, aliado
próximo da China, ataca os patrocinadores olímpicos.
Depois de se encontrar com
executivos da Coca-Cola, que
se negaram a fazer comentários políticos sobre a China,
Mia Farrow escreveu "Covardes da Coca, a maior marca do
planeta, deixam claro que vender água doce é mais importante que salvar vidas. Amigos, bebam Pepsi".
Texto Anterior: China promete rigor durante périplo interno Próximo Texto: Argentina: Ativistas anunciam paz Índice
|