São Paulo, quinta-feira, 10 de maio de 2001

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FUTEBOL

Hernán Gómez leva tiro na perna supostamente por não levar filho de ex-presidente à seleção júnior do país

Herói, técnico do Equador sofre um atentado a bala

DA REDAÇÃO

O técnico do Equador, o colombiano Hernán Darío Gómez, sofreu um atentado ontem apesar de estar sendo apontado como um grande herói no país devido à boa campanha equatoriana nas eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo de 2002.
Gómez levou um tiro na perna anteontem à noite supostamente por não ter incluído o filho do ex-presidente Abdalá Bucaram na seleção júnior do Equador.
O treinador comanda a seleção que ocupa a terceira posição nas eliminatórias, um ponto à frente do Brasil -obteve vitória histórica por 1 a 0 sobre a seleção brasileira, motivo de festejos no país.
Em meio ao bom momento do futebol equatoriano, Bucaram procura promover a carreira do filho. O Equador está classificado pela primeira vez para o Mundial júnior -o torneio acontecerá na Argentina neste ano.
O ex-presidente equatoriano, exilado no Panamá, disse à France Presse que quer a continuidade do trabalho de Gómez. ""Conversei por telefone com Gómez, que, do seu leito de dor, concordou comigo que o futebol gera paixões. É uma desgraça tal incidente."
O técnico renunciou a proteção especial no país, dizendo que se sentia protegido ""porque tinha um equatoriano ao seu lado".
Tendo assumido uso de doping quando jogador, Gómez declarou ontem que não se importou muito com o incidente. O treinador disse que vai continuar ""sendo uma pedra no sapato".
Gómez voltou a sofrer após uma euforia exagerada no futebol.
Quando era assistente de Francisco Maturana na seleção colombiana, a equipe deslumbrou o continente com um 5 a 0 sobre a Argentina, mas fracassou no Mundial dos EUA e, ainda durante a Copa, o zagueiro Escobar, autor de um gol contra na partida com os EUA, foi assassinado.
Durante seu trabalho na seleção colombiana, Gómez foi ameaçado de morte várias vezes por escalar seu irmão Gabriel Gómez -também ameaçado de morte, ele foi sacado contra os EUA.
Em meio à última Copa, o treinador disse temer a euforia e a desilusão causadas pelo futebol. ""Tenho a experiência de um morto e, por isso, não vendo ilusões."
Gómez dirigiu a Colômbia no Mundial-98 e deixou o atacante Asprilla fora do torneio, atitude corajosa em seu país. O treinador foi criticado por não dar ouvidos ao governo colombiano.
""Parece que, na Colômbia, para ir a um Mundial, tem que que pagar uma condenação. É preciso sofrer", disse na época.
Apelidado de ""Bolillo", Gómez decidiu dirigir a seleção do Equador em busca de tranquilidade. Com um grupo limitado de jogadores, conseguiu deixar a equipe perto da classificação para o Mundial, feito inédito no país.


Com agências internacionais


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