São Paulo, sexta-feira, 10 de maio de 2002

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BOXE

Joe Louis

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Que Muhammad Ali foi o maior campeão dos pesos-pesados da história, disso não resta a menor dúvida. Todos os seus feitos, dentro e fora do ringue, estão bem documentados.
O consenso, quando se questiona quem é o segundo maior, é o também norte-americano Joe "Brown Bomber" Louis, que, se ainda estivesse vivo, na próxima segunda-feira, dia 13, estaria completando 88 anos.
Fora do ringue, as pessoas que guiaram a carreira de Louis, o segundo campeão negro da história, tomaram cuidado para que ele não duplicasse os erros de seu predecessor, o irreverente e abusado Jack Johnson.
Ao contrário do que ocorreu com Johnson, Louis tornou-se um herói nacional. Primeiro, vingou-se de uma derrota no início de carreira para o também campeão Max Schmeling, nocauteando o alemão em apenas um assalto em 1938, no Yankee Stadium. Para os norte-americanos, foi como se Louis tivesse imposto um knockdown ao próprio Adolph Hitler.
Depois, durante a guerra, Louis deixou a carreira de lado ao se alistar no Exército e jamais tirou o uniforme durante aquele período. Mais, participou, gratuitamente, de inúmeras exibições com o objetivo de levantar o moral dos soldados.
No ringue, as maiores credenciais de Louis são dois recordes que impôs e que seguem até hoje: o mais longo reinado consecutivo de um campeão dos pesos-pesados, que se estendeu do final de 1937 até 1948, e o de maior número de defesas do cinturão: 25.
Desses 25 desafiantes, só dois conseguiram não perder por nocaute. Outros pugilistas conhecidos pela resistência e durabilidade "dormiram": o campeão dos meio-pesados Billy Conn, Arturo Godoy, Jimmy Braddock, Max Baer e Paolino Uzcudun.
Além de contar com sua característica frieza, Louis executava todas as suas ações com perfeição -o jab, os cruzados, os uppercuts-, sempre lançando os golpes com o objetivo de gerar o máximo de impacto possível.
Entre suas vítimas estão cinco ex-campeões dos pesos-pesados: Braddock, Jack Sharkey, Schmeling, Baer e o gigantesco Primo Carnera.
Fora isso, Louis contava com excelente poder de adaptação: era magnífico em revanches, rivais que dificultaram sua vida em um primeiro encontro, foram destruídos nas revanches. Testemunhas disso foram Jersey Joe Walcott, Buddy Baer, Abe Simon e Godoy.
E, em sua última luta, aos 37 anos, Louis, que voltava aos ringues, aguentou sete assaltos com um jovem Rocky Marciano.
Seu cartel profissional registra 69 vitórias, 54 por nocaute, e apenas 3 derrotas. Mas, se era tão bom, por que é considerado apenas o segundo melhor?
É que Louis não era o mais ágil dos lutadores, adversários rápidos, como Conn e Walcott, por exemplo, conseguiam explorar essa deficiência e confundi-lo (pelo menos em seus primeiros duelos).
Outro quesito no qual Louis não pode ser considerado o melhor é seu ""queixo". Além do nocaute para Schmeling, Walcott o derrubou, mesmo perdendo a luta, assim como o gorducho Tony Galento e Braddock. Conn também chegou a abalá-lo durante momentos em sua luta.
Mas ser o segundo melhor peso-pesado de todos os tempos não é tão mal, é? Principalmente quando se considera quem é o melhor.

Programação 1
O peso-pesado Danny Williams disputa hoje o título britânico da categoria contra Keith Long, hoje. Williams tem 26 vitórias e 1 derrota, enquanto Long tem 6 vitórias, 1 derrota e 1 empate.

Programação 2
O ex-campeão dos meio-médios, médio-ligeiros e médios, o porto-riquenho Félix Trinidad, retorna aos ringues amanhã, contra Hacine Cherifi, em sua primeira luta desde que foi nocauteado pelo norte-americano Bernard Hopkins. Trata-se de uma luta organizada para devolver a confiança a Trinidad, pois Cherifi não é considerado um pegador, mas provavelmente vai durar alguns assaltos contra o porto-riquenho. O combate será realizado no Coliseu Roberto Clemente, em San Juan, Porto Rico. Na preliminar, o campeão dos meio-médios-ligeiros da AMB, Randall Bailey, enfrenta o cubano Diobelys Hurtado, agora que o russo Kostya Tszyu foi promovido a ""supercampeão".

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