São Paulo, sexta-feira, 10 de maio de 2002

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AUTOMOBILISMO

Piloto renova até 2004, data do fim do contrato dos principais nomes da equipe, inclusive Schumacher

Barrichello entra para a "famiglia Ferrari"

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A ZELTWEG

Foram necessários 39 GPs. Ontem, enfim, a Ferrari acolheu Rubens Barrichello em sua família.
A escuderia italiana anunciou a renovação do contrato do piloto brasileiro até dezembro de 2004.
A data coincide com o fim dos compromissos daqueles que desde 1996 formam a espinha dorsal da equipe: Jean Todt (diretor esportivo), Ross Brawn (diretor técnico), Rory Byrne (projetista), Paolo Martinelli (engenheiro de motor). E Michael Schumacher.
A decisão, tomada há quatro dias e referendada apenas anteontem à noite, põe fim a uma série de especulações sobre o futuro de Barrichello, que iam de sua contratação pela Toyota até uma transferência para a Indy.
É a primeira vez desde 2000, sua primeira temporada pela Ferrari, que Barrichello tem um contrato com validade superior a um ano. Até agora, sempre havia assinado compromissos anuais, com alternativas para novas renovações.
"É muito bom poder fazer parte dessa família e estar com ela até o fim de 2004, quando acaba o contrato de todo mundo", disse Barrichello, em Zeltweg, onde hoje acontecem os primeiros treinos livres para o GP da Áustria.
"Minha grande motivação foi poder continuar junto desse pessoal, que faz a Ferrari melhorar sempre, ano a ano, mesmo que às vezes isso pareça impossível."
Com a renovação até 2004, Barrichello passa definitivamente a fazer parte da turma de Schumacher, do grupo que o piloto alemão montou desde que chegou à escuderia, há seis temporadas.
"Estou contente por Rubens ter ficado. Não vejo nenhum piloto melhor do que ele para guiar para a Ferrari", disse o alemão.
Foi o tetracampeão que levou Brawn e Byrne da Benetton para a Ferrari. Eles se juntaram a Todt (na equipe desde 1993) e Marti- nelli (1994) para reconstruir o time, que havia anos fazia papel de coadjuvante no campeonato.
Faltava, porém, um segundo piloto. Eddie Irvine passou quatro anos no time, mas sempre esteve muito distante de Schumacher nos treinos e nas corridas.
Barrichello foi chamado em 1999 e, a partir do ano seguinte, começou a construir com o alemão uma parceria de sucesso.
Nesses dois anos e meio, Schumacher tirou a Ferrari de um jejum de 21 anos sem títulos, conquistou dois campeonatos, e a equipe levou dois Mundiais de Construtores. Em todas as ocasiões, o time rasgou elogios à regularidade do brasileiro. Em suma, ele cumpriu bem seu papel de "roubar" pontos dos rivais.
Em 2000, ano de sua única vitória, Barrichello fez 62 pontos e fechou o ano em quarto lugar. No ano passado, com 56 pontos, foi o terceiro. A exceção vem acontecendo justamente neste ano. Em cinco corridas, o brasileiro terminou apenas uma, o GP de San Marino, em segundo lugar.
As eventualidades das outras quatro provas (três quebras e um acidente) não abalaram seu relacionamento com a escuderia.
"Começamos a tratar do assunto depois do GP da Espanha [há duas semanas", e a conversa foi muito rápida, durou só meia hora. As coisas aconteceram de um jeito muito tranquilo", disse.
Questionado se ainda pensava em ser campeão do mundo, Barrichello foi direto: "A gente sempre tem que sonhar bem alto. Podem falar o que quiserem, mas meu sonho vai continuar vivo".
Ao fim de 2004, Schumacher deve se aposentar. O brasileiro, no entanto, não quer falar sobre isso agora. "Tem muita coisa para acontecer até lá. Sinceramente, não estou pensando nisso."


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