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AUTOMOBILISMO
Presidente do time diz que permanência do brasileiro depende de escolha que precisa ser feita para 2005
Ferrari segura família e barra Barrichello
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Em maio de 2002, a Ferrari atrelou o contrato de Rubens Barrichello aos de toda a sua cúpula.
Acolheu o piloto na sua família.
Pouco mais de um ano depois,
ontem, o brasileiro foi renegado.
Em um comunicado breve, de
três frases, a escuderia anunciou a
renovação dos contratos dos homens que formam sua espinha
dorsal: Jean Todt (diretor esportivo), Ross Brawn (diretor técnico),
Rory Byrne (projetista), Paolo
Martinelli (engenheiro de motores), Gilles Simon (designer de
motores) e Michael Schumacher.
Os compromissos de todos eles
terminariam em dezembro de
2004 e foram estendidos até 2006.
A Ferrari só se esqueceu de Barrichello, cujo contrato também se
encerra no final de 2004. O brasileiro nem sequer foi citado na nota oficial distribuída pela equipe.
A postura da Ferrari corrobora
a tese, difundida pela imprensa
italiana, de que o piloto está com
os dias contados na escuderia.
Há duas semanas, a "Autosprint", principal revista de automobilismo daquele país, afirmou
que a Ferrari cogita até emprestar
Barrichello à Sauber em 2004 e colocar em seu lugar outro brasileiro, Felipe Massa, piloto de testes.
A troca parece inevitável. Mas
não no ano que vem. Ontem, Luca
di Montezemolo, presidente da
escuderia, deixou claro que ela só
deve acontecer mais para a frente.
"A permanência de Barrichello
depende de uma escolha que precisamos fazer para 2005. E ainda é
cedo para isso. Não chegamos à
metade do campeonato de 2003."
A entrevista ao site da escuderia
foi a única menção de algum dirigente ferrarista ao brasileiro.
Segundo Montezemolo, o sucesso dos últimos anos se deveu à
política de estabilidade da Ferrari.
"A continuidade dessa equipe é
muito importante. O ambiente
está tranquilo e todos estão animados com a renovação", disse.
No ano passado, na semana que
antecedeu a marmelada do GP da
Áustria, a Ferrari renovou com
Barrichello até 2004. Empolgado
com seu primeiro compromisso
plurianual com a equipe, o brasileiro usou a expressão "família".
"É muito bom poder fazer parte
dessa família e estar com ela até o
fim, quando acaba o contrato de
todo mundo", afirmou, na ocasião, discurso que repetiu nos dias
seguintes, para justificar a decisão
de abrir mão da vitória naquela
prova em prol de Schumacher.
Com a renovação até 2004, Barrichello esperava passar a integrar
a turma de Schumacher, o grupo
que o alemão montou desde que
desembarcou no time, em 1996.
Foi o pentacampeão que levou
Brawn e Byrne da Benetton para a
Ferrari. Eles se juntaram a Todt
(na equipe desde 1993), Martinelli
e Simon (1994) para reconstruir o
time, que havia anos fazia papel
de coadjuvante no campeonato.
Foi um engano do brasileiro. O
grupo continuou hermético e,
pior para ele, se encantou com
Massa, 22, piloto que vem sendo
preparado para substituir Schumacher quando ele se aposentar.
Primeiro brasileiro a disputar
campeonatos pela Ferrari, Barrichello, 31, chegou à equipe em
2000. Em 58 GPs, conquistou cinco vitórias e seis poles. Neste ano,
vem fazendo um Mundial insosso: está apenas em quarto, atrás
de Fernando Alonso, da Renault.
O brasileiro está nos EUA, passeando, e só deve falar com a imprensa no Canadá, quinta-feira,
véspera dos primeiros treinos para a oitava etapa do campeonato.
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