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São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 2003

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AUTOMOBILISMO

Presidente do time diz que permanência do brasileiro depende de escolha que precisa ser feita para 2005

Ferrari segura família e barra Barrichello

FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Em maio de 2002, a Ferrari atrelou o contrato de Rubens Barrichello aos de toda a sua cúpula. Acolheu o piloto na sua família.
Pouco mais de um ano depois, ontem, o brasileiro foi renegado.
Em um comunicado breve, de três frases, a escuderia anunciou a renovação dos contratos dos homens que formam sua espinha dorsal: Jean Todt (diretor esportivo), Ross Brawn (diretor técnico), Rory Byrne (projetista), Paolo Martinelli (engenheiro de motores), Gilles Simon (designer de motores) e Michael Schumacher.
Os compromissos de todos eles terminariam em dezembro de 2004 e foram estendidos até 2006.
A Ferrari só se esqueceu de Barrichello, cujo contrato também se encerra no final de 2004. O brasileiro nem sequer foi citado na nota oficial distribuída pela equipe.
A postura da Ferrari corrobora a tese, difundida pela imprensa italiana, de que o piloto está com os dias contados na escuderia.
Há duas semanas, a "Autosprint", principal revista de automobilismo daquele país, afirmou que a Ferrari cogita até emprestar Barrichello à Sauber em 2004 e colocar em seu lugar outro brasileiro, Felipe Massa, piloto de testes.
A troca parece inevitável. Mas não no ano que vem. Ontem, Luca di Montezemolo, presidente da escuderia, deixou claro que ela só deve acontecer mais para a frente.
"A permanência de Barrichello depende de uma escolha que precisamos fazer para 2005. E ainda é cedo para isso. Não chegamos à metade do campeonato de 2003."
A entrevista ao site da escuderia foi a única menção de algum dirigente ferrarista ao brasileiro.
Segundo Montezemolo, o sucesso dos últimos anos se deveu à política de estabilidade da Ferrari. "A continuidade dessa equipe é muito importante. O ambiente está tranquilo e todos estão animados com a renovação", disse.
No ano passado, na semana que antecedeu a marmelada do GP da Áustria, a Ferrari renovou com Barrichello até 2004. Empolgado com seu primeiro compromisso plurianual com a equipe, o brasileiro usou a expressão "família".
"É muito bom poder fazer parte dessa família e estar com ela até o fim, quando acaba o contrato de todo mundo", afirmou, na ocasião, discurso que repetiu nos dias seguintes, para justificar a decisão de abrir mão da vitória naquela prova em prol de Schumacher.
Com a renovação até 2004, Barrichello esperava passar a integrar a turma de Schumacher, o grupo que o alemão montou desde que desembarcou no time, em 1996.
Foi o pentacampeão que levou Brawn e Byrne da Benetton para a Ferrari. Eles se juntaram a Todt (na equipe desde 1993), Martinelli e Simon (1994) para reconstruir o time, que havia anos fazia papel de coadjuvante no campeonato.
Foi um engano do brasileiro. O grupo continuou hermético e, pior para ele, se encantou com Massa, 22, piloto que vem sendo preparado para substituir Schumacher quando ele se aposentar.
Primeiro brasileiro a disputar campeonatos pela Ferrari, Barrichello, 31, chegou à equipe em 2000. Em 58 GPs, conquistou cinco vitórias e seis poles. Neste ano, vem fazendo um Mundial insosso: está apenas em quarto, atrás de Fernando Alonso, da Renault.
O brasileiro está nos EUA, passeando, e só deve falar com a imprensa no Canadá, quinta-feira, véspera dos primeiros treinos para a oitava etapa do campeonato.


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