São Paulo, quarta-feira, 10 de junho de 2009

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TOSTÃO

Hoje é um jogo diferente


Em vez de contra-atacar, como fez contra o Uruguai, o Brasil terá de pressionar e saber jogar em pequenos espaços

O CONTRA-ATAQUE , que sempre foi considerado uma arma de time pequeno e/ou inferior contra o superior, tem sido, nos jogos fora de casa e/ou contra boas equipes, a principal força ofensiva do Brasil, um país que sempre foi admirado pelo estilo bonito, de muita troca de passes e de domínio da partida.
Jogar de contra-ataque não significa sempre jogar na defesa. O contra-ataque clássico é o da equipe que marca muito atrás, é dominada, pressionada e tenta vencer o jogo em poucos e eficientes contragolpes. Foi o que fez o Brasil contra o Uruguai e em vários outros jogos.
Se o time recupera a bola mais na frente, ele pode iniciar o contra-ataque mais perto do outro gol e ser bastante ofensivo.
Quando se recupera a bola muito atrás, a equipe fica distante do outro gol. Isso só funciona bem quando há jogadores velozes e brilhantes. Os melhores momentos de Kaká são quando ele encontra grandes espaços pela frente. As arrancadas do próprio campo são sua marca.
O Brasil pode melhorar a marcação e o contra-ataque. Para isso, os zagueiros e os armadores defensivos não deveriam recuar tanto. O time não consegue também trocar passes no meio-campo. Parece o São Paulo. Tudo isso facilitou para o Uruguai pressionar e criar muitas oportunidades de gol.
Os times brasileiros também gostam de um contra-ataque. O do Inter, quando tem D'Alessandro, Taison e Nilmar, é o mais forte. O Atlético-MG, com os velozes Diego Tardelli e Éder Luís, utiliza bem essa estratégia.
O contra-ataque pode ser também eficiente e espetacular, como no gol de Luis Fabiano contra o Uruguai. Sou livre para criticar e para elogiar.
Hoje, é uma partida diferente. O Paraguai vai defender e contra-atacar. O Brasil terá de pressionar, marcar mais à frente e avançar os armadores. Para isso, deveria entrar um armador ofensivo no lugar de Gilberto Silva.
Pato e Nilmar estão no mesmo nível. Os dois têm características parecidas e diferentes das de Luis Fabiano. Pato e Nilmar precisam de mais espaço para chegar ao gol. Nilmar é ainda mais veloz. Por isso, Dunga deve tê-lo colocado na reserva contra o Uruguai, um jogo para contra- -ataques.
Já Luis Fabiano atua mais fixo e mais pelo meio. Ele é veloz, mas precisa de poucos espaços. Luis Fabiano se movimenta para o lado, recebe a bola e finaliza. Não precisa mais que isso para brilhar.
Falcão gosta de dizer que futebol é imposição. Parreira sempre falou que a seleção tinha de impor seu estilo, seu ritmo e dominar a partida, contra qualquer adversário, dentro e fora de casa. Isso é o ideal. É o que gosto de ver.
O Brasil não faz mais isso porque não tem mais grandes talentos no meio-campo ou porque os técnicos, progressivamente, mudaram a maneira de jogar do futebol brasileiro e, com isso, desapareceram os brilhantes armadores? O que começou primeiro?
Enquanto não é resolvido esse dilema, assunto para outra coluna, o Brasil precisa saber jogar de contra- -ataque, como fez contra o Uruguai em Montevidéu, e também saber pressionar e atuar em pequenos espaços, como terá hoje de fazer contra o Paraguai.


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