Pela terceira vez seguida, país brilha no primeiro turno e, depois, amarga abrupta queda de produção nos jogos de volta

Única a bater o Brasil nestas eliminatórias, equipe do técnico Gerardo Martino diz focar hoje somente a vaga na Copa da África do Sul

DO ENVIADO A RECIFE

Nas eliminatórias, o "cavalo paraguaio" é autêntico.
Rival do Brasil hoje, em Recife, o Paraguai se especializou em brilhar no primeiro turno dos classificatórios sul-americanos para depois sofrer abrupta queda no desempenho.
Isso aconteceu nas duas edições passadas e principalmente agora -nos três casos, o sistema de disputa e a ordem das partidas eram os mesmos.
Nos jogos de primeiro turno das eliminatórias para o Mundial sob as atuais regras, o Paraguai tem aproveitamento de 64%. Nos confrontos do segundo turno, a performance do time paraguaio cai para 45% -ninguém na região apresenta variação negativa tão grande.
No classificatório para a África do Sul, o Paraguai parecia, ao final do primeiro turno, quando era líder com quatro pontos de vantagem sobre Argentina e Brasil e aproveitamento de 74%, rumar tranquilo para o simbólico título do torneio.
Mas, nas quatro vezes que entrou em campo pelo returno, os paraguaios só ganharam 33% dos pontos. Seis seleções somaram mais que os quatro pontos do Paraguai, que ainda se iguala a Colômbia e Bolívia e só supera o lanterna Peru.
Para evitar mais pressão sobre sua equipe, Gerardo Martino, o técnico argentino do time paraguaio, diz que a liderança, perdida para o Brasil na última rodada, não importa.
"Vou repetir o que digo sempre. O importante para nós é a classificação. Temos que separar a realidade do orgulho que seria para a torcida terminar em primeiro. O único objetivo que importa é ir ao Mundial", disse o treinador, que sofre com problemas físicos de seus jogadores, como o problema no joelho do atacante Santa Cruz -em compensação, terá a volta de outro atacante, Cabañas, carrasco do Flamengo na Libertadores do ano passado.
Os jogadores do time visitante prometem ousadia. "Só interessa a nós ganhar, porque assim conseguiremos um triunfo que praticamente nos classifica para a Copa", declarou o zagueiro Paulo da Silva.
Do lado brasileiro, ninguém desdenha do rival do jogo em Pernambuco, principalmente porque o Paraguai foi o único time a ter vencido a equipe de Dunga nestas eliminatórias.
"Com as derrotas, você aprende, e nós sabemos onde a gente pecou naquele jogo [a derrota por 2 a 0 em Assunção]. Estamos embalados, mas só isso não vai ser suficiente para ganhar do Paraguai", afirmou o volante Gilberto Silva.
"Agora é mais difícil. Quando você pensa que o inimigo está fraco, na verdade ele está fortes. O time deles tem uma defesa muito sólida", alertou o também volante Felipe Melo.
Ao contrário do que faz o Brasil, que chega aos locais dos jogos como visitante nas eliminatórias dois dias antes dos confrontos, o Paraguai só chegou a Recife no meio da tarde de ontem, para, no início da noite, fazer o treino de reconhecimento do gramado do Arruda. O campo, apesar de reformado recentemente, tem sofrido com as chuvas que castigam o Nordeste.0 (PAULO COBOS)