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FUTEBOL
Virada de mesa beneficia time de Arnon de Mello, filho do ex-presidente Collor, afastado pelo Congresso em 93
Padrinhos definem distribuição de vaga
no novo Nacional
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
Na falta de critérios técnicos,
prevalece o apadrinhamento. Assim vêm sendo definidos os clubes que vão participar, a partir do
dia 29, da Copa João Havelange,
competição que vai reunir 104 ou
106 equipes e substituirá o Campeonato Brasileiro-2000.
O Clube dos 13, associação que
reúne os 20 maiores times do Brasil e que será responsável pelo novo torneio, promete divulgar entre hoje e amanhã a tabela da Copa João Havelange.
Se na elite da competição, Fluminense, Bahia, Juventude e
América-MG, os quatro da segunda divisão, já estão confirmados, no módulo amarelo da Copa,
o bloco intermediário, políticos e
dirigentes ainda travam uma
guerra em busca de vagas.
Na última sexta, quem anunciou sua volta à segunda divisão
do Nacional, o módulo amarelo,
foi o CSA, de Maceió (AL), fora do
torneio intermediário desde 94.
Quem explica a escolha do time
entre os 34 ou 36 integrantes do
módulo amarelo é seu próprio
presidente, Arnon de Mello, filho
do ex-presidente Fernando Collor
de Mello, impedido de governar
pelo Congresso em 93:
"Critérios claros e definidos não
existem para ninguém. Portanto,
fiz o pedido para participar do
módulo amarelo, e ele foi aceito."
Arnon de Mello, que comanda o
CSA há pouco mais de um ano é
apadrinhado no Clube dos 13 por
Edmundo do Santos Silva, presidente do Flamengo.
O presidente do CSA afirmou
ter recebido na última quinta-feira o fax do comitê executivo do
Clube dos 13 convidando seu time
para a Copa. "Quase na mesa hora
respondi que aceitava", disse.
A entrada do CSA no módulo
amarelo pode promover uma das
maiores injustiças do futebol brasileiro nos últimos anos.
Uma lista divulgada por uma
forte empresa de marketing esportivo, ligada ao Clube dos 13,
não incluía, até ontem à noite, o
CRB, também de Maceió, que disputa a segunda divisão do Nacional, no módulo amarelo da Copa
João Havelange.
A vaga de Alagoas no módulo
amarelo seria preenchida pelo
CSA. Dirigentes do CRB tentavam, em São Paulo e no Rio de Janeiro, a inclusão do time no módulo amarelo, já que o time fez investimentos de aproximadamente R$ 200 mil para a Série B do
Campeonato Brasileiro.
A folha de pagamento do time
para o segundo semestre deste
ano está em cerca de R$ 140 mil.
Até sexta-feira, o CRB não havia
sido convidado.
No ano passado, o CRB ficou
em 13º lugar na segunda divisão,
fora da zona de rebaixamento.
A segunda divisão da Copa João
Havelange vai contar neste ano
com pelo menos cinco dos seis rebaixados em 99 -União São João
de Araras, Criciúma, Paysandú,
América-RN e Desportiva.
A equipe do Tuna Luso, do Pará, que também foi rebaixada no
ano passado, poderá ficar fora.
Com isso, se for confirmada a
inclusão do CSA no lugar do CRB,
o módulo amarelo terá 20 clubes
que disputavam a terceira divisão.
Entre os "penetras", está o
América-RN, apadrinhado pelo
deputado federal Eurico Miranda
(PPB-RJ), vice-presidente do Clube dos 13 e do Vasco.
Da região Norte do país, o Nacional, do Amazonas, conseguiu
uma vaga. O clube é apadrinhado
pelo senador Gilberto Mestrinho
(PMDB-AM).
Arnon de Mello, apesar de reconhecer que o peso político de seu
sobrenome favoreceu o CSA, afirma que, se houvesse um critério
técnico, o time conquistaria uma
vaga.
"Além de sermos um time de
massa, conquistamos o vice-campeonato da Copa Conmebol (torneio que não mais existe), no ano
passado."
Pelas regras da Copa João Havelange, após o término da primeira
fase, os três melhores clubes do
módulo amarelo disputam as oitavas-de-final da competição,
junto com 12 times do módulo
azul, a elite, e um do verde ou
branco. Se forem realmente excluídos da competição, CRB e Tuna Luso prometem recorrer à Justiça para parar o campeonato.
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