São Paulo, Segunda-feira, 10 de Julho de 2000
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FUTEBOL
Virada de mesa beneficia time de Arnon de Mello, filho do ex-presidente Collor, afastado pelo Congresso em 93
Padrinhos definem distribuição de vaga no novo Nacional

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Na falta de critérios técnicos, prevalece o apadrinhamento. Assim vêm sendo definidos os clubes que vão participar, a partir do dia 29, da Copa João Havelange, competição que vai reunir 104 ou 106 equipes e substituirá o Campeonato Brasileiro-2000.
O Clube dos 13, associação que reúne os 20 maiores times do Brasil e que será responsável pelo novo torneio, promete divulgar entre hoje e amanhã a tabela da Copa João Havelange.
Se na elite da competição, Fluminense, Bahia, Juventude e América-MG, os quatro da segunda divisão, já estão confirmados, no módulo amarelo da Copa, o bloco intermediário, políticos e dirigentes ainda travam uma guerra em busca de vagas.
Na última sexta, quem anunciou sua volta à segunda divisão do Nacional, o módulo amarelo, foi o CSA, de Maceió (AL), fora do torneio intermediário desde 94.
Quem explica a escolha do time entre os 34 ou 36 integrantes do módulo amarelo é seu próprio presidente, Arnon de Mello, filho do ex-presidente Fernando Collor de Mello, impedido de governar pelo Congresso em 93:
"Critérios claros e definidos não existem para ninguém. Portanto, fiz o pedido para participar do módulo amarelo, e ele foi aceito."
Arnon de Mello, que comanda o CSA há pouco mais de um ano é apadrinhado no Clube dos 13 por Edmundo do Santos Silva, presidente do Flamengo.
O presidente do CSA afirmou ter recebido na última quinta-feira o fax do comitê executivo do Clube dos 13 convidando seu time para a Copa. "Quase na mesa hora respondi que aceitava", disse.
A entrada do CSA no módulo amarelo pode promover uma das maiores injustiças do futebol brasileiro nos últimos anos.
Uma lista divulgada por uma forte empresa de marketing esportivo, ligada ao Clube dos 13, não incluía, até ontem à noite, o CRB, também de Maceió, que disputa a segunda divisão do Nacional, no módulo amarelo da Copa João Havelange.
A vaga de Alagoas no módulo amarelo seria preenchida pelo CSA. Dirigentes do CRB tentavam, em São Paulo e no Rio de Janeiro, a inclusão do time no módulo amarelo, já que o time fez investimentos de aproximadamente R$ 200 mil para a Série B do Campeonato Brasileiro.
A folha de pagamento do time para o segundo semestre deste ano está em cerca de R$ 140 mil. Até sexta-feira, o CRB não havia sido convidado.
No ano passado, o CRB ficou em 13º lugar na segunda divisão, fora da zona de rebaixamento.
A segunda divisão da Copa João Havelange vai contar neste ano com pelo menos cinco dos seis rebaixados em 99 -União São João de Araras, Criciúma, Paysandú, América-RN e Desportiva.
A equipe do Tuna Luso, do Pará, que também foi rebaixada no ano passado, poderá ficar fora.
Com isso, se for confirmada a inclusão do CSA no lugar do CRB, o módulo amarelo terá 20 clubes que disputavam a terceira divisão.
Entre os "penetras", está o América-RN, apadrinhado pelo deputado federal Eurico Miranda (PPB-RJ), vice-presidente do Clube dos 13 e do Vasco.
Da região Norte do país, o Nacional, do Amazonas, conseguiu uma vaga. O clube é apadrinhado pelo senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM).
Arnon de Mello, apesar de reconhecer que o peso político de seu sobrenome favoreceu o CSA, afirma que, se houvesse um critério técnico, o time conquistaria uma vaga.
"Além de sermos um time de massa, conquistamos o vice-campeonato da Copa Conmebol (torneio que não mais existe), no ano passado."
Pelas regras da Copa João Havelange, após o término da primeira fase, os três melhores clubes do módulo amarelo disputam as oitavas-de-final da competição, junto com 12 times do módulo azul, a elite, e um do verde ou branco. Se forem realmente excluídos da competição, CRB e Tuna Luso prometem recorrer à Justiça para parar o campeonato.


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