São Paulo, Segunda-feira, 10 de Julho de 2000
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VÔLEI

Descompassos

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

O Brasil estréia hoje na fase final da Liga Mundial contando com o auxílio de uma tabela generosa. A primeira adversária é a Holanda, equipe com pior campanha entre os finalistas. O último jogo, no sábado, é contra os gigantes russos, campeões da Copa do Mundo, disputada em novembro, no Japão.
Nada melhor para o time brasileiro, que passou por turbulências na última semana com a decisão do capitão Carlão de deixar a seleção e abandonar o sonho de disputar a quarta Olimpíada.
A justificativa foi uma hérnia de disco torácica, que atormenta o jogador há meses.
O pedido de dispensa de Carlão também serviu para mostrar alguns descompassos na seleção.
O técnico Radamés Lattari, que estava treinando nesta temporada com um pelotão de 24 jogadores, quando resolveu na última semana finalmente fazer alguns cortes na seleção, exagerou na medida.
Mesmo já sabendo que Carlão não estava bem, que Giba ainda não tinha condições de jogo e que Tande e Giovane não estavam inscritos na Liga, Lattari dispensou oito jogadores, entre os quais Dirceu. Ficou com apenas dois ponteiros, Dante e Nalbert, para as finais da Liga e sem reservas para essa posição.
Ou seja, mesmo que Carlão não tivesse pedido dispensa, ele sabia que o jogador não estava bem e teria que ter mais uma opção para essa posição.
O usual é que uma equipe tenha quatro ponteiros. Resultado: um dia depois de anunciar os cortes, teve que reconvocar Dirceu.
O certo é que se criou uma situação desagradável que poderia ter sido evitada.
O atacante, depois de ter sido cortado, volta ao time nas finais da Liga já sabendo que não faz parte dos planos do técnico para a Olimpíada.
Essas decisões confusas da comissão técnica da seleção brasileira são preocupantes. Um outro exemplo ocorreu há cerca de um mês: quando Giba machucou o ombro, Lattari decidiu convocar Carlão às pressas para três jogos na Europa. Já por conta do problema na coluna, ele estava fazendo um treinamento especial no Rio.
Ou seja, em pleno ano olímpico, a ordem era interromper a preparação do atleta por causa de três jogos da Liga.
Por caminhos inesperados, acabou dando tudo certo. Carlão não viajou. Alegou que não conseguiu embarcar porque levou ao aeroporto, por engano, o passaporte vencido.
São esses detalhes que precisam ser mais elaborados. No ano passado, por exemplo, uma mal planejada excursão para a China ajudou a derrubar a seleção brasileira na disputa da Copa do Mundo no Japão.
Já para as finais da Liga, fica difícil fazer um prognóstico. O Brasil tem se mostrado muito irregular, mas nas quatro últimas partidas jogou bem e apresentou um saque poderoso.
O maior problema do time tem sido o bloqueio.
Dos outros finalistas, só a Holanda é carta fora de baralho. EUA, Iugoslávia, Itália e Rússia são adversários da pesada e candidatos ao pódio na Olimpíada de Sydney.

Público
Mesmo eliminados das finais da Liga Mundial, os cubanos são os campeões de torcida no evento. Na fase de classificação, os jogos em Havana tiveram média de 15.294 torcedores. Em segundo lugar aparece a Polônia, com média de 8.600 pessoas por partida. A seguir, aparecem Iugoslávia (7.326) e Argentina (7.888). O Brasil é apenas o quinto, com um público médio de 5.516 torcedores.

Negrão
A comissão técnica da equipe de Suzano, comandada por Ricardo Navajas, está apostando no atacante Marcelo Negrão. O objetivo é recuperar o jogador, que já deve atuar em agosto no Campeonato Paulista. No Suzano, ele vai ter a oportunidade de mostrar se teria ou não condições de estar na Olimpíada. Cortado da seleção, Negrão está fora dos Jogos de Sydney.

E-mail: cidasan@uol.com.br
www.uol.com.br/folha/pensata


Texto Anterior: Basquete: Contusões na WNBA ameaçam duas estrelas da seleção feminina
Próximo Texto: Panorâmica: Gol aos 45 do 2º dá vaga na final da A-2 ao Etti
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.