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VÔLEI
Descompassos
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
O Brasil estréia hoje na fase
final da Liga Mundial contando com o auxílio de uma tabela generosa. A primeira adversária é a Holanda, equipe com pior
campanha entre os finalistas. O
último jogo, no sábado, é contra
os gigantes russos, campeões da
Copa do Mundo, disputada em
novembro, no Japão.
Nada melhor para o time brasileiro, que passou por turbulências
na última semana com a decisão
do capitão Carlão de deixar a seleção e abandonar o sonho de disputar a quarta Olimpíada.
A justificativa foi uma hérnia
de disco torácica, que atormenta
o jogador há meses.
O pedido de dispensa de Carlão
também serviu para mostrar alguns descompassos na seleção.
O técnico Radamés Lattari, que
estava treinando nesta temporada com um pelotão de 24 jogadores, quando resolveu na última
semana finalmente fazer alguns
cortes na seleção, exagerou na
medida.
Mesmo já sabendo que Carlão
não estava bem, que Giba ainda
não tinha condições de jogo e que
Tande e Giovane não estavam
inscritos na Liga, Lattari dispensou oito jogadores, entre os quais
Dirceu. Ficou com apenas dois
ponteiros, Dante e Nalbert, para
as finais da Liga e sem reservas
para essa posição.
Ou seja, mesmo que Carlão não
tivesse pedido dispensa, ele sabia
que o jogador não estava bem e
teria que ter mais uma opção para essa posição.
O usual é que uma equipe tenha
quatro ponteiros. Resultado: um
dia depois de anunciar os cortes,
teve que reconvocar Dirceu.
O certo é que se criou uma situação desagradável que poderia
ter sido evitada.
O atacante, depois de ter sido
cortado, volta ao time nas finais
da Liga já sabendo que não faz
parte dos planos do técnico para a
Olimpíada.
Essas decisões confusas da comissão técnica da seleção brasileira são preocupantes. Um outro
exemplo ocorreu há cerca de um
mês: quando Giba machucou o
ombro, Lattari decidiu convocar
Carlão às pressas para três jogos
na Europa. Já por conta do problema na coluna, ele estava fazendo um treinamento especial
no Rio.
Ou seja, em pleno ano olímpico,
a ordem era interromper a preparação do atleta por causa de três
jogos da Liga.
Por caminhos inesperados, acabou dando tudo certo. Carlão não
viajou. Alegou que não conseguiu
embarcar porque levou ao aeroporto, por engano, o passaporte
vencido.
São esses detalhes que precisam
ser mais elaborados. No ano passado, por exemplo, uma mal planejada excursão para a China
ajudou a derrubar a seleção brasileira na disputa da Copa do
Mundo no Japão.
Já para as finais da Liga, fica difícil fazer um prognóstico. O Brasil tem se mostrado muito irregular, mas nas quatro últimas partidas jogou bem e apresentou um
saque poderoso.
O maior problema do time tem
sido o bloqueio.
Dos outros finalistas, só a Holanda é carta fora de baralho.
EUA, Iugoslávia, Itália e Rússia
são adversários da pesada e candidatos ao pódio na Olimpíada
de Sydney.
Público
Mesmo eliminados das finais
da Liga Mundial, os cubanos
são os campeões de torcida
no evento. Na fase de classificação, os jogos em Havana tiveram média de 15.294 torcedores. Em segundo lugar
aparece a Polônia, com média de 8.600 pessoas por partida. A seguir, aparecem Iugoslávia (7.326) e Argentina
(7.888). O Brasil é apenas o
quinto, com um público médio de 5.516 torcedores.
Negrão
A comissão técnica da equipe
de Suzano, comandada por
Ricardo Navajas, está apostando no atacante Marcelo
Negrão. O objetivo é recuperar o jogador, que já deve
atuar em agosto no Campeonato Paulista. No Suzano, ele
vai ter a oportunidade de
mostrar se teria ou não condições de estar na Olimpíada.
Cortado da seleção, Negrão
está fora dos Jogos de Sydney.
E-mail: cidasan@uol.com.br
www.uol.com.br/folha/pensata
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