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TÊNIS
Eles já chegaram
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Adeus, Pete Sampras! Até logo, Andre Agassi. Obrigado,
Martina Hingis. Parabéns, Jennifer Capriati.
Parece estar cada dia mais claro
que o tênis abre agora um novo
tempo. Ficam para trás não só os
grandes nomes do esporte, tenistas que dominaram a cena nos
anos 90, mas todas aquelas incertezas sobre o que viria depois.
Wimbledon mostrou mais uma
vez o que veio depois: Lleyton Hewitt e as irmãs Venus e Serena
Williams. Em um torneio que começou com muitas surpresas e
terminou com uma final entre tenistas de fundo de quadra, Lleyton Hewitt não teve, em uma chave com 128 tenistas, um único
oponente à altura.
Se não mostra o jogo devastador que um dia fez de Sampras o
melhor do mundo, Hewitt carrega consigo o melhor jogo de pernas do circuito, o melhor contra-ataque, muita paciência e, de
quebra, uma motivação rara em
outros tenistas na atualidade.
Ganhar Wimbledon com um jogo de fundo é para poucos. Dá para contar nos dedos quem já conseguiu essa proeza: Bjorn Borg
nos seus primeiros títulos, Jimmy
Connors em 1982, Andre Agassi
em 1992. Mais que isso? Só se contar Bill Tilden, lá nos anos 30.
Após oito Grand Slams com
campeões diferentes (Sampras,
Marat Safin, Agassi, Gustavo
Kuerten, Goran Ivanisevic, Lleyton Hewitt, Thomas Johansson e
Albert Costa), o australiano deu
um fim a esse "rodízio". Usando
as palavras do colega Eduardo
Ohata, que escreve sobre boxe
aqui às sextas, Hewitt "unificou
os cinturões". É dele, e quem quiser que agora corra atrás.
Meros 21 anos, um troféu do
Aberto dos EUA, outro de Wimbledon, campeão do mundo em
Sydney, Hewitt não vai surpreender se fechar o Grand Slam antes
dos 23 anos de idade. Sabe jogar
no saibro de Roland Garros, gosta
de jogar nas quadras duras do
Aberto da Austrália.
No torneio feminino do All England Lawn & Tennis Club, as irmãs Williams também deixaram
claro que, hoje, o trono é delas.
E, diferentemente do que se pode imaginar, não será um tédio
esses confrontos entre as irmãs
nas finais de torneios daqui para
a frente. Pelo que ficou da decisão
de Wimbledon, será justamente o
contrário.
Apesar de mostrarem em quadra que estão se divertindo e de
deixarem a suspeita de que tudo
não passa de mero joguinho entre
irmãs, Venus mostrou, depois de
perder a final para Serena, uma
irritação nunca vista antes.
Àquelas tradicionais perguntas
gentis sobre perder para a irmã,
soltou secamente: "Perder não é
divertido como você pensa. Não
importa para quem você perde".
Sem a bonitinha Martina Hingis, sem a queridinha Jennifer Capriati, sem ninguém para incomodar, as irmãs estão tão sozinhas na dianteira que a rivalidade entre elas começa a aparecer.
A mais nova, Serena, mostrou
mais armas que Venus em Londres. O saque é mais regular, mais
forte. Campeã em Roland Garros
e, agora, em Wimbledon, é a que
está ligeiramente à frente.
Na cerimônia de premiação,
Venus "deu uma mãozinha" a
Serena. Duas vezes campeã, mostrou à mais nova campeã em
Wimbledon como se portar à
frente da realeza inglesa. Mas
não espere que Venus queira ficar
sempre atrás, aplaudindo a irmã.
Vai sobrar raquetada para todos os lados.
Excelente campanha
Foi um grande feito de André Sá, chegar às quartas-de-final em
Wimbledon. Aos 25 anos, ele chega ao melhor ranking de sua carreira. Em Londres, Sá parece que aprendeu a ganhar. Flávio Saretta
também subiu. O Brasil tem hoje quatro tenistas entre os 70 primeiros do ranking. Não é pouca coisa.
Bom evento
Campos do Jordão recebe nesta próxima semana as melhores tenistas do país para a Credicard Tennis Cup. Na semana seguinte,
será a vez dos homens. Os jogos serão disputados no Campos do
Jordão Tênis Clube. A entrada é franca.
Erro lamentável
O leitor Conrado Giacomini corrige informação errada da coluna
da semana passada. Boris Becker chegou a sete finais em Wimbledon, e não a seis, como mal lembrou a cabeça deste colunista.
E-mail reandaku@uol.com.br
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