São Paulo, quarta-feira, 10 de julho de 2002

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TÊNIS

Eles já chegaram

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Adeus, Pete Sampras! Até logo, Andre Agassi. Obrigado, Martina Hingis. Parabéns, Jennifer Capriati.
Parece estar cada dia mais claro que o tênis abre agora um novo tempo. Ficam para trás não só os grandes nomes do esporte, tenistas que dominaram a cena nos anos 90, mas todas aquelas incertezas sobre o que viria depois.
Wimbledon mostrou mais uma vez o que veio depois: Lleyton Hewitt e as irmãs Venus e Serena Williams. Em um torneio que começou com muitas surpresas e terminou com uma final entre tenistas de fundo de quadra, Lleyton Hewitt não teve, em uma chave com 128 tenistas, um único oponente à altura.
Se não mostra o jogo devastador que um dia fez de Sampras o melhor do mundo, Hewitt carrega consigo o melhor jogo de pernas do circuito, o melhor contra-ataque, muita paciência e, de quebra, uma motivação rara em outros tenistas na atualidade.
Ganhar Wimbledon com um jogo de fundo é para poucos. Dá para contar nos dedos quem já conseguiu essa proeza: Bjorn Borg nos seus primeiros títulos, Jimmy Connors em 1982, Andre Agassi em 1992. Mais que isso? Só se contar Bill Tilden, lá nos anos 30.
Após oito Grand Slams com campeões diferentes (Sampras, Marat Safin, Agassi, Gustavo Kuerten, Goran Ivanisevic, Lleyton Hewitt, Thomas Johansson e Albert Costa), o australiano deu um fim a esse "rodízio". Usando as palavras do colega Eduardo Ohata, que escreve sobre boxe aqui às sextas, Hewitt "unificou os cinturões". É dele, e quem quiser que agora corra atrás.
Meros 21 anos, um troféu do Aberto dos EUA, outro de Wimbledon, campeão do mundo em Sydney, Hewitt não vai surpreender se fechar o Grand Slam antes dos 23 anos de idade. Sabe jogar no saibro de Roland Garros, gosta de jogar nas quadras duras do Aberto da Austrália.
No torneio feminino do All England Lawn & Tennis Club, as irmãs Williams também deixaram claro que, hoje, o trono é delas.
E, diferentemente do que se pode imaginar, não será um tédio esses confrontos entre as irmãs nas finais de torneios daqui para a frente. Pelo que ficou da decisão de Wimbledon, será justamente o contrário.
Apesar de mostrarem em quadra que estão se divertindo e de deixarem a suspeita de que tudo não passa de mero joguinho entre irmãs, Venus mostrou, depois de perder a final para Serena, uma irritação nunca vista antes.
Àquelas tradicionais perguntas gentis sobre perder para a irmã, soltou secamente: "Perder não é divertido como você pensa. Não importa para quem você perde".
Sem a bonitinha Martina Hingis, sem a queridinha Jennifer Capriati, sem ninguém para incomodar, as irmãs estão tão sozinhas na dianteira que a rivalidade entre elas começa a aparecer.
A mais nova, Serena, mostrou mais armas que Venus em Londres. O saque é mais regular, mais forte. Campeã em Roland Garros e, agora, em Wimbledon, é a que está ligeiramente à frente.
Na cerimônia de premiação, Venus "deu uma mãozinha" a Serena. Duas vezes campeã, mostrou à mais nova campeã em Wimbledon como se portar à frente da realeza inglesa. Mas não espere que Venus queira ficar sempre atrás, aplaudindo a irmã.
Vai sobrar raquetada para todos os lados.

Excelente campanha
Foi um grande feito de André Sá, chegar às quartas-de-final em Wimbledon. Aos 25 anos, ele chega ao melhor ranking de sua carreira. Em Londres, Sá parece que aprendeu a ganhar. Flávio Saretta também subiu. O Brasil tem hoje quatro tenistas entre os 70 primeiros do ranking. Não é pouca coisa.

Bom evento
Campos do Jordão recebe nesta próxima semana as melhores tenistas do país para a Credicard Tennis Cup. Na semana seguinte, será a vez dos homens. Os jogos serão disputados no Campos do Jordão Tênis Clube. A entrada é franca.

Erro lamentável
O leitor Conrado Giacomini corrige informação errada da coluna da semana passada. Boris Becker chegou a sete finais em Wimbledon, e não a seis, como mal lembrou a cabeça deste colunista.

E-mail reandaku@uol.com.br



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