São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2008

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queda-de-braço

Europeus apagam futebol nos Jogos

Clubes do continente se recusam a ceder estrelas acima de 23 anos à Olimpíada e devem ter aval da Fifa, em anúncio hoje

Brasil, Argentina e africanos são os mais afetados ao perder estrelas do exterior e só têm garantia dos atletas que atuam em seus países


RODRIGO BUENO
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Em 1996, a Olimpíada de Atlanta viu em ação o brasileiro Ronaldo, no mesmo ano em que foi eleito melhor do mundo. Em 2008, os Jogos de Pequim vêem estrelas internacionais -como Ronaldinho, Kaká e Drogba- afastando-se ou já fora da disputa do torneio.
O esvaziamento é fruto da pressão dos clubes europeus, que não aceitam ceder atletas acima de 23 anos e ameaçam barrar os mais jovens. Temem prejuízos às suas temporadas. O regulamento da Fifa é ambíguo sobre o tema. Mas a cúpula da entidade já sinalizou que não irá impor a liberação dos jogadores mais velhos. Deve estabelecer apenas que os clubes cedam os até 23 anos.
É esperado para hoje um anúncio da entidade, que deve fazer um manual sobre o tema. Só que já é sabida a posição do presidente da Fifa, Joseph Blatter. Em fevereiro, após encontro com os clubes europeus, o suíço admitiu que a Olimpíada "não é especificamente mencionada nas normas de regulação de transferência da Fifa". Assim, concluiu que a liberação de jogadores acima de 23 anos "não é compulsória".
Pelo regulamento, nem os jogadores mais jovens precisariam ser liberados para os Jogos, já que estes estão fora do calendário internacional da Fifa. A entidade, no entanto, pode baixar norma específica para a Olimpíada, obrigando os mais novos a servirem às seleções.
Sem previsão no calendário, o Barcelona não libera Ronaldinho (e Messi, este abaixo dos 23 anos, só foi garantido no elenco argentino ontem). O Chelsea estuda se libera Drogba. O veto a Kaká já havia sido definido pelo Milan. O Werder Bremen não quer ceder Diego, 23, e o Schalke 04, Rafinha, 22.
A CBF entende que é obrigatória a cessão dos atletas abaixo dos 23 anos. Acima, chamou Ronaldinho, Robinho e Thiago Silva. Sobre o segundo, há acordo com o Real Madrid. No caso de Ronaldinho, a CBF dá como certa sua transferência para o Milan para utilizá-lo. Nesse caso, não há garantia de que o clube italiano não repetirá o que fez com Kaká.
A Argentina convocou até quem não estava entre as primeiras opções, como o zagueiro Pareja, do Anderlecht. Entre africanos, a Nigéria só levará jogadores acima de 23 anos de times médios da Europa. Protagonista nos Jogos de 1996, o atacante Kanu, do Portsmouth, está fora.
Itália e Holanda levarão times com atletas abaixo da idade limite ou incluirão veteranos, caso do ponta Zenden. A realidade é diferente dos torneios olímpicos anteriores. Última campeã, a Argentina tinha Kily Gonzalez, Ayala e Heinze, todos astros da seleção principal, no título de 2004.
O Brasil também tinha suas estrelas em 96, como Rivaldo, Bebeto e Aldair. Não levou atletas acima dos 23 anos a Sydney-2000 por opção própria. Agora, a CBF não sabe nem se terá os jovens a 14 dias da Olimpíada, prazo para competições oficiais da Fifa. Pode recebê-los só cinco dias antes. As decisões da Fifa ocorrem em um momento de lua-de-mel com clubes europeus, com quem fez acordo no início do ano para acabar com disputa judicial entre as partes.


Colaborou SÉRGIO RANGEL da Sucursal do Rio


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