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queda-de-braço
Europeus apagam futebol nos Jogos
Clubes do continente se recusam a ceder estrelas acima de 23 anos à Olimpíada e devem ter aval da Fifa, em anúncio hoje
Brasil, Argentina e africanos são os mais afetados ao perder estrelas do exterior e só têm garantia dos atletas que atuam em seus países
RODRIGO BUENO
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 1996, a Olimpíada de
Atlanta viu em ação o brasileiro
Ronaldo, no mesmo ano em
que foi eleito melhor do mundo. Em 2008, os Jogos de Pequim vêem estrelas internacionais -como Ronaldinho, Kaká
e Drogba- afastando-se ou já
fora da disputa do torneio.
O esvaziamento é fruto da
pressão dos clubes europeus,
que não aceitam ceder atletas
acima de 23 anos e ameaçam
barrar os mais jovens. Temem
prejuízos às suas temporadas.
O regulamento da Fifa é ambíguo sobre o tema. Mas a cúpula da entidade já sinalizou
que não irá impor a liberação
dos jogadores mais velhos. Deve estabelecer apenas que os
clubes cedam os até 23 anos.
É esperado para hoje um
anúncio da entidade, que deve
fazer um manual sobre o tema.
Só que já é sabida a posição
do presidente da Fifa, Joseph
Blatter. Em fevereiro, após encontro com os clubes europeus,
o suíço admitiu que a Olimpíada "não é especificamente
mencionada nas normas de regulação de transferência da Fifa". Assim, concluiu que a liberação de jogadores acima de 23
anos "não é compulsória".
Pelo regulamento, nem os jogadores mais jovens precisariam ser liberados para os Jogos, já que estes estão fora do
calendário internacional da Fifa. A entidade, no entanto, pode
baixar norma específica para a
Olimpíada, obrigando os mais
novos a servirem às seleções.
Sem previsão no calendário,
o Barcelona não libera Ronaldinho (e Messi, este abaixo dos 23
anos, só foi garantido no elenco
argentino ontem). O Chelsea
estuda se libera Drogba. O veto
a Kaká já havia sido definido
pelo Milan. O Werder Bremen
não quer ceder Diego, 23, e o
Schalke 04, Rafinha, 22.
A CBF entende que é obrigatória a cessão dos atletas abaixo
dos 23 anos. Acima, chamou
Ronaldinho, Robinho e Thiago
Silva. Sobre o segundo, há acordo com o Real Madrid.
No caso de Ronaldinho, a
CBF dá como certa sua transferência para o Milan para utilizá-lo. Nesse caso, não há garantia de que o clube italiano não
repetirá o que fez com Kaká.
A Argentina convocou até
quem não estava entre as primeiras opções, como o zagueiro Pareja, do Anderlecht.
Entre africanos, a Nigéria só
levará jogadores acima de 23
anos de times médios da Europa. Protagonista nos Jogos de
1996, o atacante Kanu, do
Portsmouth, está fora.
Itália e Holanda levarão times com atletas abaixo da idade limite ou incluirão veteranos, caso do ponta Zenden.
A realidade é diferente dos
torneios olímpicos anteriores.
Última campeã, a Argentina tinha Kily Gonzalez, Ayala e
Heinze, todos astros da seleção
principal, no título de 2004.
O Brasil também tinha suas
estrelas em 96, como Rivaldo,
Bebeto e Aldair. Não levou atletas acima dos 23 anos a Sydney-2000 por opção própria.
Agora, a CBF não sabe nem
se terá os jovens a 14 dias da
Olimpíada, prazo para competições oficiais da Fifa. Pode recebê-los só cinco dias antes.
As decisões da Fifa ocorrem
em um momento de lua-de-mel com clubes europeus, com
quem fez acordo no início do
ano para acabar com disputa
judicial entre as partes.
Colaborou SÉRGIO RANGEL da Sucursal do Rio
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