São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2008

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FUTEBOL

Starting well


Carismático, Felipão sabe bem onde pisa, adapta-se até com facilidade e conquista as pessoas com simplicidade

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

NÃO PODERIA ter sido melhor o início de Luiz Felipe Scolari no Chelsea. A primeira coletiva (se você não a viu na íntegra, a internet está aí para isso) tirou uma série de interrogações do caminho e, mais que isso, deixou várias exclamações positivas por parte da desafiadora e peculiar imprensa inglesa.
O manager Scolari não fez nada demais, mas foi muito. Seu inglês ("halting", para a Reuters, e "good but imperfect", para a Associated Press) intermediário não o impediu de ganhar as pessoas. Felipão tem carisma, é difícil não gostar de sua figura, simples e franca. Sem intermediários, ele é tão chapa que deve ser mesmo bacana ser seu amigo ou até membro de sua ""família".
Querendo comparar e já comparando com Vanderlei Luxemburgo, já no aspecto pessoal Felipão larga muito na frente. ""Luxe" é admirado por muitos no Brasil como um estrategista, porém quase ninguém suporta sua figura. No Real Madrid, não ganhou o grupo de jogadores, a direção, alguns outros profissionais do clube e a imprensa. O fracasso foi uma conseqüência disso tudo.
Com um elenco quase tão estelar quanto o que Luxemburgo tinha nas mãos na Espanha, Felipão dá os primeiros sinais de que uma ""family" é possível no Chelsea, clube aristocrático que, apesar da dinheirama toda de seu dono, não tem nem de longe a camisa de um Real, um Manchester, um Liverpool, um Arsenal...
O auxiliar técnico Murtosa, o braço direito, acompanha Felipão, assim como Carlos Pracidelli, preparador de goleiros que deverá desempenhar várias funções, e Darlan Schneider, preparador físico. Confira no site do Chelsea a enorme lista de profissionais que trabalham com a comissão técnica. Há lá ainda um auxiliar conceituado, Steve Clarke, que trabalhou com os últimos nove managers dos Blues. Ex-atleta do Chelsea, é um patrimônio do clube (meio o Milton Cruz do São Paulo).
Também há outro preparador de goleiros, Christophe Lollichon, profissional contratado sob medida para Cech que vai ser escanteado. Um detalhe no primeiro discurso oficial de Scolari apontou para a tecnologia. O treinador brasileiro admitiu que irá se render mais à ""modernidade" no Chelsea. Isso deve passar muito pelo trabalho de James Melbourne, o homem-informática do clube londrino (produz vídeos, mede performances dos jogadores e analisa os adversários). Numa comparação com Avram Grant, o técnico que levou os Blues mais longe na Europa (vice por um escorregão de Terry num pênalti), Felipão só pode ser comparado mesmo ao português José Mourinho.
Não vai priorizar competições (são quatro), pelo menos oficialmente, e já vai cativando Drogba, Lampard e Terry, os líderes que lutaram por Mourinho com Roman Abramovich. Yes, Felipão é "special".

rbueno@folhasp.com.br


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