Adriano de Souza é 2º do WCT, a melhor posição de brasileiro no mundial de surfe, e Slater volta a brigar pelo título

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

QUEM visse a cena de Adriano de Souza, o Mineirinho, saindo do mar após a final com Kelly Slater diria que ele havia vencido a bateria. Vibrando, com os braços erguidos e o sorriso largo, ele comemorava o grande resultado, na verdade o segundo lugar.
Era a sua segunda final na carreira e nesta temporada, e, em vez de se frustrar com a vitória que ainda não veio no WCT, classificou o próprio desempenho como um "momento de glória" e completou: "Não só por ser contra o Kelly ou pelas 10 mil pessoas querendo ver o show, mas por ter certeza de que fiz o meu melhor, conquistei o maior nível naquela final [a do Hang Loose Pro, etapa do Mundial de surfe, em Imbituba (SC), na semana passada]".
A autoavaliação mostra confiança na evolução e uma maturidade incomum para um atleta de 22 anos, especialmente no Brasil, onde o profissionalismo ainda é realidade para poucos atletas e que, como terceira potência do esporte, nunca chegou perto de fazer um campeão no WCT.
Apesar de estar em segundo no ranking, Adriano considera que "ainda está muito cedo para pensar no título". O surfista não esconde que esse é seu objetivo, mas quando planeja atingi-lo é um "grande segredo". Humilde, reconheceu que em Imbituba passou por caras melhores que ele, citando Jeremy Flores, Bede Durbidge e o líder do circuito, Joel Parkinson, a quem venceu na semi vingando derrota na decisão da primeira etapa na Austrália.
O campeonato começou com ondas grandes e terminou em um mar pequeno, que permitia muitas manobras mas exigia criatividade dos atletas. Em desvantagem, a quatro minutos do final da bateria, Slater achou duas esquerdas para somar a pontuação recorde da prova -17,94-, virar e ficar com o título.
Curiosamente os dois finalistas não estariam na decisão tivesse o evento adotado o novo formato, sem repescagem, pois ambos perderam na estreia. Slater fazia o seu pior início de temporada e quase não vem para o Brasil, valeu reconsiderar, chegou a 41ª vitória em carreira e volta a brigar pelo 10º título.

SKATE SEM CRISE
Começa hoje na Califórnia o Maloof Money Cup, maior campeonato do esporte. Nas categorias vertical e street, profissional e amador, distribui mais de US$ 450 mil em prêmios.

MUNDIAL DE SURFE
Em Florianópolis (SC), o WQS seis estrelas, Maresia International, vai até domingo e reúne 144 atletas de 17 países. E ontem começou a quinta etapa do WCT, em Jeffrey's Bay, África do Sul.

BIG SURFE
Carlos Burle ficou em segundo na prova disputada em Pico Alto, Peru, vencida por Greg Long.

sarli@trip.com.br


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