São Paulo, sexta-feira, 10 de julho de 2009

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Longe do Brasil, Iziane gera polêmica

Convocação da ala, que atua nos EUA e diz não ter nada a declarar sobre seleção, foi solicitada pela diretora Hortência

Discussão com o técnico Paulo Bassul, em partida do Pré-Olímpico, provocou o corte da atleta, que não voltou a atuar pela equipe

JOSÉ EDUARDO MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

A ala Iziane, 27, não confirmou o seu retorno à seleção brasileira feminina de basquete. Pelo contrário, a jogadora do Atlanta Dream parece ainda distante do grupo comandado pelo técnico Paulo Bassul.
"Não tenho nada a declarar sobre a seleção", comentou Iziane. Questionada sobre uma possível volta ao país, mesmo que para atuar em um clube, afirmou: "Tenho contrato até 2011 com o Atlanta. Só devo voltar neste período para férias, mas nada impede que eu encerre a minha carreira em um clube brasileiro".
A convocação da atleta para a disputa da Copa América foi um desejo de Hortência, nova diretora do departamento feminino de basquete da confederação brasileira (CBB).
"Não chegou a ser um pedido [da Hortência] nem uma condição para eu permanecer como técnico da seleção. Ela apenas demonstrou sua vontade ao falar que gostaria de resgatar a Iziane. Na hora, eu concordei", explicou Bassul.
Com a esperança de contar com a ala neste ciclo olímpico, Hortência abriu contato com a jogadora por telefone e por e-mail. A aproximação rendeu elogios de Iziane à dirigente.
"É muito bom contar com a Hortência como diretora. Ela tem muita experiência e respeito", disse Iziane. "Acho que faltava alguém como ela, até porque seu nome chama atenção. Além de ser a rainha do basquete, ela tem um certo conhecimento como administradora. Acho ideal ela ter chegado à seleção e vai trazer muitos benefícios", analisou.
A rusga da ala com a seleção brasileira surgiu no ano passado, no Pré-Olímpico da Espanha, quando a jogadora se recusou a entrar na partida contra a Bielorússia e foi cortada por Paulo Bassul.
"Não tem problema trabalhar com ela. Nunca foi, ou será, uma questão pessoal. Em dezembro, eu já tinha conversado sobre a intenção de colocar um ponto final nisso e a gente voltar a olhar para frente", ponderou o treinador.
Iziane segue confiante no seu potencial e não parece estar arrependida ou preocupada com as críticas. "Estou de bem com a vida. Lógico que temos algo a melhorar. O problema é que depois de uma certa idade fica difícil mudar."
Entre as convocadas, há dois grupos: parte apoia Iziane, enquanto as demais não querem saber da ala. "Ela é uma das melhores do país e temos de esquecer o que passou", argumentou a armadora Helen, 34.
Bassul, porém, não conversou com a ala sobre um possível retorno. A lista com as 24 convocadas foi passada para Hortência, responsável pelo contato com as atletas.
"Só depende dela. Quero que ela amadureça e entenda a proposta da nova equipe. Não preciso agora de uma resposta. O mesmo foi feito com as outras jogadoras", disse Hortência.
Antes dúvida, a pivô Alessandra, 35, não deixou de lado a ação judicial que move contra a CBB -ela cobra uma indenização de R$ 500 mil por ter lesionado o ombro no Mundial de 2006 e descobrir que a entidade mentira sobre a existência de um seguro-, mas confirmou a volta à seleção.
"Não falei ainda com o Bassul. A Hortência que ligou e apresentou o projeto. Se fosse com a gestão anterior, não retornaria", disse Alessandra, que se apresenta em agosto.
A seleção brasileira treina em Barueri (na Grande São Paulo) para a Copa América, que será disputada entre os dias 23 e 27 de setembro, em Cuiabá, e vale como classificatório para o Mundial.


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