São Paulo, Sábado, 10 de Julho de 1999
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Relógio é a "prova" que resta à Receita Federal

dos enviados a Foz do Iguaçu

Dos produtos adquiridos no Paraguai e trazidos para o Brasil pelos jogadores da seleção, o único que pode ser taxado pela Receita Federal é um relógio avaliado em cerca de US$ 5.000 que Ronaldo teria dado de presente ao fisioterapeuta Nílton Petrone, o Filé.
De acordo com representantes da Receita, como não há provas de que o atacante brasileiro tenha gasto pelo menos US$ 16 mil em compras no Paraguai e transportado as mercadorias a Foz sem pagar imposto, Ronaldo ficaria isento de qualquer taxação.
Mas o caso do relógio de Petrone é diferente. A Receita quer ter acesso a entrevistas do fisioterapeuta em que ele admitiria ter entrado no Brasil com o relógio, que teria sido dado de brinde a Ronaldo pelo Shopping Monalisa, cadeia de lojas em Ciudad del Este visitada pelo atacante.
Como na quarta foi aniversário de Petrone, Ronaldo teria repassado a ele o presente.
Segundo a Receita, tendo ou não sido um presente, quem entrou com o produto no Brasil -no caso o fisioterapeuta- teria que pagar imposto de 50% sobre o valor da mercadoria que excedesse o limite de US$ 500.
Se tivesse entrado no Brasil por terra -pela Ponte da Amizade, que liga Foz a Ciudad del Este-, o limite seria de US$ 150.
Apesar de uma funcionária do Monalisa ter dito à Rede Globo que Ronaldo gastou pelo menos US$ 16 mil em compras, o atacante continua negando a informação. ""Não comprei nada. Foi um mal-entendido que já passou."
Para a Receita, outro fator que pesa em favor de Ronaldo é o fato de a vendedora ter voltado atrás em suas declarações.
Anteontem, ela negou que o jogador tivesse gasto US$ 16 mil, reduzindo consideravelmente o valor -para cerca de US$ 1,5 mil.
Aref Hamoud, um dos donos do shopping, deve entregar à Receita as notas fiscais das compras dos atletas brasileiros. Contrariando sua vendedora e o próprio Ronaldo, ele diz que o atacante gastou US$ 700 no Monalisa.
Ontem, jogadores e comissão técnica evitavam comentar o episódio, alegando que estão mais preocupados com o jogo de amanhã contra a Argentina.
Ronaldo, porém, continuava irritado. ""Inventam tantas coisas que dá até vontade de rir."
Além do caso da Receita, ele protestava contra os comentários de que estaria iniciando um novo relacionamento amoroso.
""Chega a ser brincadeira de mau gosto. Todo dia estão arrumando um monte de namoradas para mim. Algumas que eu mesmo não sabia que existiam."

Everardo Maciel
O secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, disse ontem que, se comprovado que Ronaldo não declarou mercadorias quando regressou ao Brasil, os produtos poderão ser apreendidos ou ele terá de pagar multa e o imposto de importação. (AGz, JCA e RB)


Colaborou a Sucursal de Brasília

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