São Paulo, terça-feira, 10 de agosto de 2004

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PINGUE-PONGUE

Dedetizador dos EUA vira guru do boxe em Bagdá

DO ENVIADO A ATENAS

O texano Maurice "Exterminador" Watkins, 47, fez uma aposta em abril de 2003. Especialista em inseticidas -daí seu apelido-, embarcou para o Iraque para tentar vender seus produtos a militares americanos.
Voltou de lá, meses depois, com um atleta a tiracolo, Najah Ali, e o cargo de técnico de boxe do Comitê Olímpico Iraquiano. "Lutava boxe na juventude. Fiz amigos na coalizão. Eles me indicaram para o comitê. Por isso estou aqui", disse à Folha. (FSX)
 

Folha - Como você foi convidado para esse cargo?
Maurice Watkins -
Um amigo meu que trabalha na coalizão, Mike Gfoeller, sabia que eu tinha sido profissional nos anos 70 e 80. Só não fui para Montréal, em 76, porque me profissionalizei. Ele me deu, enfim, a chance de ir a uma Olimpíada.

Folha - Como estava a situação do boxe iraquiano?
Watkins -
Não havia nada, nenhum ginásio em pé. Só um grupo de 24 pugilistas para que eu treinasse. Um deles, o mais velho, um peso-pesado, se negou a trabalhar com um técnico americano. Mas os outros ficaram e se acostumaram comigo.

Folha - Como era o treino?
Watkins -
Os lutadores não tinham nem protetores bucais. As luvas estavam velhas, gastas, e eles ficavam se surrando e jorrando sangue pela boca e pelo nariz.

Folha - O COI convidou um atleta seu para Atenas. Como foi a preparação do Najah Ali e o que ele pode fazer?
Watkins -
Uma medalha seria a glória. E não acho impossível. Ele bate forte e mostrou isso nos últimos meses. Levei-o para os EUA e treinamos em Chicago, em Atlanta, no Colorado...

Folha - E você? Qual é seu objetivo na Olimpíada?
Watkins -
Mostrar que o Iraque é um país bom. O Iraque é 10% ruim. Mas os outros 90% são muito bons. Quero que o mundo todo saiba disso. E o esporte pode ajudar a estabilizar um país.


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