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PINGUE-PONGUE
Dedetizador dos EUA vira guru do boxe em Bagdá
DO ENVIADO A ATENAS
O texano Maurice "Exterminador" Watkins, 47, fez
uma aposta em abril de
2003. Especialista em inseticidas -daí seu apelido-,
embarcou para o Iraque para tentar vender seus produtos a militares americanos.
Voltou de lá, meses depois,
com um atleta a tiracolo, Najah Ali, e o cargo de técnico
de boxe do Comitê Olímpico
Iraquiano. "Lutava boxe na
juventude. Fiz amigos na
coalizão. Eles me indicaram
para o comitê. Por isso estou
aqui", disse à Folha.
(FSX)
Folha - Como você foi convidado para esse cargo?
Maurice Watkins - Um amigo meu que trabalha na coalizão, Mike Gfoeller, sabia
que eu tinha sido profissional nos anos 70 e 80. Só não
fui para Montréal, em 76,
porque me profissionalizei.
Ele me deu, enfim, a chance
de ir a uma Olimpíada.
Folha - Como estava a situação do boxe iraquiano?
Watkins - Não havia nada,
nenhum ginásio em pé. Só
um grupo de 24 pugilistas
para que eu treinasse. Um
deles, o mais velho, um peso-pesado, se negou a trabalhar com um técnico americano. Mas os outros ficaram
e se acostumaram comigo.
Folha - Como era o treino?
Watkins - Os lutadores não
tinham nem protetores bucais. As luvas estavam velhas, gastas, e eles ficavam se
surrando e jorrando sangue
pela boca e pelo nariz.
Folha - O COI convidou um
atleta seu para Atenas. Como
foi a preparação do Najah Ali
e o que ele pode fazer?
Watkins - Uma medalha seria a glória. E não acho impossível. Ele bate forte e
mostrou isso nos últimos
meses. Levei-o para os EUA
e treinamos em Chicago, em
Atlanta, no Colorado...
Folha - E você? Qual é seu
objetivo na Olimpíada?
Watkins - Mostrar que o
Iraque é um país bom. O Iraque é 10% ruim. Mas os outros 90% são muito bons.
Quero que o mundo todo
saiba disso. E o esporte pode
ajudar a estabilizar um país.
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