São Paulo, terça-feira, 10 de agosto de 2004

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FUTEBOL

Quase rebaixada em 2003, vice-líder do Brasileiro surpreende com mudanças de técnicos e atletas desconhecidos

Ponte Preta rasga o manual para pontear

EDUARDO ARRUDA
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Ela disputa o Brasileiro com o terceiro técnico, não tem jogadores badalados e, no ano passado, só se livrou do rebaixamento na última rodada. A Ponte Preta rasgou o "manual de conduta" para chegar ao topo do Nacional e pode terminar a primeira metade do campeonato na liderança isolada.
O time campineiro, que ocupa a vice-liderança do torneio, tem os mesmos 38 pontos de Santos, líder, e São Paulo, terceiro. E vê o arqui-rival Guarani, 21º, agonizar na zona de rebaixamento. Apesar das trocas em seu comando, a equipe é a que mais venceu -12 vezes- ao lado do badalado Santos de Vanderlei Luxemburgo.
"Nós tiramos lições do ano passado. Reformulamos o elenco e contratamos jogadores de acordo com as nossas possibilidades financeiras. Hoje, quem está aqui joga animado porque recebe em dia", diz o ex-zagueiro Ronaldão, gerente de futebol do clube.
Em 2003, a Ponte perdeu 21 atletas, que abandonaram a equipe por falta de pagamento de salários. Ainda hoje, o time enfrenta ações na Justiça do Trabalho.
No início do ano, os dirigentes definiram a nova política salarial. A despesa mensal de R$ 1 milhão com o departamento de futebol foi reduzida para R$ 400 mil.
O teto salarial para atletas não ultrapassa os R$ 25 mil mensais.
"Hoje, só quatro ou cinco jogadores ganham o teto. Os demais ganham salários baixos", afirma o dirigente, ressaltando que o clube está com os vencimentos em dia e paga bichos em alguns jogos.
"Com o que sobra, nós damos um pouco a mais para os atletas. Houve uma premiação pela vitória contra o Internacional."
Quem mais proporciona os bichos é o atacante Weldon, principal destaque da equipe no torneio, com seis gols. O atleta tem chamado a atenção e pode deixar o clube até o mês que vem, como ocorreu já com dois técnicos.
Primeiro, foi Estevam Soares, que chegou a liderar na quarta rodada a competição. Mas ele deixou a Ponte Preta seduzido pela oferta do Palmeiras, três rodadas mais tarde - o time estava na quinta posição, com quatro vitórias, dois empates e uma derrota.
Depois, assumiu Marco Aurélio, que ficou no clube por 12 rodadas, com 50% de aproveitamento -seis vitórias e seis derrotas. Assim como seu antecessor, ele deixou a equipe também em quinto lugar, na 20ª rodada.
Nas duas últimas rodadas, a Ponte Preta foi dirigida pelo auxiliar-técnico Nenê Santana, que vem agradando e tem chance de ser efetivado no cargo.
Nenê Santana, que é ex-zagueiro, diz que está disposto a atender qualquer pedido da diretoria. "Estou na Ponte Preta para ajudar. Sou um funcionário do clube. Se me mantiverem no cargo, ficarei satisfeito", disse ele.
A equipe figurou em 11 rodadas na zona de classificação para a Libertadores. Só São Paulo e Figueirense ficaram mais tempo nessa condição, segundo o Datafolha.
A pior colocação da equipe ocorreu na nona rodada, quando encerrou na nona posição.
"Nosso trabalho só foi interrompido no comando técnico. Os jogadores estão entrosados e recebem em dia. O técnico só precisa treiná-los", explica Ronaldão.
Segundo ele, o objetivo antes do início do Brasileiro era não ser rebaixado. Agora, os dirigentes já pensam em uma vaga na Libertadores ao final das 46 rodadas.
"Mas temos que continuar honrando os compromissos para seguir entre os primeiros."


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