|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Quase rebaixada em 2003, vice-líder do Brasileiro surpreende com mudanças de técnicos e atletas desconhecidos
Ponte Preta rasga o manual para pontear
EDUARDO ARRUDA
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Ela disputa o Brasileiro com o
terceiro técnico, não tem jogadores badalados e, no ano passado,
só se livrou do rebaixamento na
última rodada. A Ponte Preta rasgou o "manual de conduta" para
chegar ao topo do Nacional e pode terminar a primeira metade do
campeonato na liderança isolada.
O time campineiro, que ocupa a
vice-liderança do torneio, tem os
mesmos 38 pontos de Santos, líder, e São Paulo, terceiro. E vê o
arqui-rival Guarani, 21º, agonizar
na zona de rebaixamento. Apesar
das trocas em seu comando, a
equipe é a que mais venceu -12
vezes- ao lado do badalado Santos de Vanderlei Luxemburgo.
"Nós tiramos lições do ano passado. Reformulamos o elenco e
contratamos jogadores de acordo
com as nossas possibilidades financeiras. Hoje, quem está aqui
joga animado porque recebe em
dia", diz o ex-zagueiro Ronaldão,
gerente de futebol do clube.
Em 2003, a Ponte perdeu 21 atletas, que abandonaram a equipe
por falta de pagamento de salários. Ainda hoje, o time enfrenta
ações na Justiça do Trabalho.
No início do ano, os dirigentes
definiram a nova política salarial.
A despesa mensal de R$ 1 milhão
com o departamento de futebol
foi reduzida para R$ 400 mil.
O teto salarial para atletas não
ultrapassa os R$ 25 mil mensais.
"Hoje, só quatro ou cinco jogadores ganham o teto. Os demais
ganham salários baixos", afirma o
dirigente, ressaltando que o clube
está com os vencimentos em dia e
paga bichos em alguns jogos.
"Com o que sobra, nós damos
um pouco a mais para os atletas.
Houve uma premiação pela vitória contra o Internacional."
Quem mais proporciona os bichos é o atacante Weldon, principal destaque da equipe no torneio, com seis gols. O atleta tem
chamado a atenção e pode deixar
o clube até o mês que vem, como
ocorreu já com dois técnicos.
Primeiro, foi Estevam Soares,
que chegou a liderar na quarta rodada a competição. Mas ele deixou a Ponte Preta seduzido pela
oferta do Palmeiras, três rodadas
mais tarde - o time estava na
quinta posição, com quatro vitórias, dois empates e uma derrota.
Depois, assumiu Marco Aurélio, que ficou no clube por 12 rodadas, com 50% de aproveitamento -seis vitórias e seis derrotas. Assim como seu antecessor,
ele deixou a equipe também em
quinto lugar, na 20ª rodada.
Nas duas últimas rodadas, a
Ponte Preta foi dirigida pelo auxiliar-técnico Nenê Santana, que
vem agradando e tem chance de
ser efetivado no cargo.
Nenê Santana, que é ex-zagueiro, diz que está disposto a atender
qualquer pedido da diretoria.
"Estou na Ponte Preta para ajudar. Sou um funcionário do clube.
Se me mantiverem no cargo, ficarei satisfeito", disse ele.
A equipe figurou em 11 rodadas
na zona de classificação para a Libertadores. Só São Paulo e Figueirense ficaram mais tempo nessa
condição, segundo o Datafolha.
A pior colocação da equipe
ocorreu na nona rodada, quando
encerrou na nona posição.
"Nosso trabalho só foi interrompido no comando técnico. Os
jogadores estão entrosados e recebem em dia. O técnico só precisa
treiná-los", explica Ronaldão.
Segundo ele, o objetivo antes do
início do Brasileiro era não ser rebaixado. Agora, os dirigentes já
pensam em uma vaga na Libertadores ao final das 46 rodadas.
"Mas temos que continuar
honrando os compromissos para
seguir entre os primeiros."
Texto Anterior: Atletismo: Australiana vai à Itália em busca de recuperação Próximo Texto: Saiba mais: Equipe derruba grandes e tropeça nos pequenos Índice
|