São Paulo, segunda-feira, 10 de agosto de 2009

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Prancheta do PVC

Nem a zaga resiste mais

O MELHOR time do Brasil nos anos 70 tinha uma palavra-chave a cada vez em que podia colocar o adversário em impedimento. O zagueiro Marinho Peres gritava "sabiá", toda a defesa se levantava e a bandeirinha levantava.
O Inter bicampeão brasileiro de 1975/76 só tinha craques. Mas times de craques não deveriam receber o apelido de "Máquina", que poderia ficar reservado aos times operários, em que cada jogador tem a perfeita noção de que funciona como uma engrenagem. Como era o Corinthians.
Aos 13min do segundo tempo, quando o chute da entrada da área partiu, Bruno Bertucci estava perto da linha de fundo. É ele mesmo, Bruno Bertucci, quem bate a mão na coxa, como se pudesse reclamar de alguém, além de si próprio, por dar condição a Adriano. Gol do Flamengo.
Ontem, o Corinthians não jogou de memória, pelas ausências, mas também porque Mano Menezes mudou o desenho do time. Deixou de lado seu sistema tradicional, com dois volantes, três meias e um atacante. Prendeu Moradei como primeiro volante, deixou Jucilei sair mais pelo lado direito, permitiu a Edu ser volante pela esquerda. Elias atuou como armador.
Na quarta, contra o Náutico, Elias já tinha jogado como meia de ligação, mas no usual 4-2-3-1. Não resolveu. Também não resolveu a mudança tática, para o que se pode chamar de 4-3-1-2.
Semana passada, Mano Menezes ponderava sobre as vantagens e desvantagens de mudar. "Neste momento, vale manter a maneira que a equipe conhece", pensava, antes de empatar com o Avaí. Mais do que jogar de memória, tem feito falta mesmo a facilidade de Douglas virar o lado da jogada, de Ronaldo arrancar para o gol, de Cristian e Elias pararem os meias rivais.
Mas está presente a lembrança de que, de todos os setores, só um segue intacto: a dupla de zaga. Os laterais não estão mais juntos, os volantes não são os mesmos, os três armadores não jogam mais, o centroavante também não.
Com o time completo, Chicão e William passaram 40 jogos sem perder, juntos. Sem o time, a dupla de defesa jogou junta cinco vezes. Não venceu nenhuma. Time bom consagra zagueiro ruim. Time ruim enterra dupla de zaga boa.

SERVE PARA QUÊ?
Os primeiros tempos do Palmeiras contra o Grêmio e o do São Paulo contra o Goiás foram aulas de futebol. Ontem, o São Paulo só jogou de primeira, na linha "não tá mais comigo". Para quem não entende os centroavantes, é para abrir buracos que eles servem. "Tem que variar", definiu Jorge Wagner.

O DONO DA CASA
Luxemburgo voltou à Vila, onde teve números extraordinários em casa: 80% de aproveitamento, com 85 vitórias e 14 empates, em 111 jogos. No retorno, uma vitória (Atlético-PR), uma derrota (Flamengo) e um empate (Avaí). Sinal de que reagir é a palavra-chave do momento para Luxemburgo.

A DECISÃO
Quarta-feira será a segunda vez na história dos pontos corridos em que dois times da ponta de cima da tabela disputam cabeça a cabeça o título do primeiro turno. O Palmeiras pode ser campeão se vencer o Atlético-MG. O mesmo só aconteceu em 2006, quando o São Paulo venceu o Paraná na penúltima rodada por 3 x 2 e ficou com o título simbólico. Vantagem palmeirense é a ausência do atacante Diego Tardelli, que está com a seleção brasileira que no mesmo dia enfrenta a Estônia.


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