São Paulo, segunda, 10 de agosto de 1998

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Mudanças no São Paulo até o fim do Brasileiro

ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas

Corinthians 11 x 1 Atlético-MG. O quê? Estou delirando? Não, meu amigo, apenas estampo em números frios e reveladores a superioridade do Corinthians sobre o Galo, no sábado, no Mineirão.
Basta somar os cinco gols marcados às seis chances claras, cara a cara com o goleiro, que os corintianos desperdiçaram, e teremos a realidade nua e crua que os números finais não demonstram.
Assim como os números jamais serão capazes de desenhar os belos traços do cenário que o alvinegro armou em pleno terreiro do Galo: cada gol, uma trama bem urdida (até mesmo o de árido pênalti, fruto de irreverente coreografia de Edílson, dentro da área atleticana).
Resumindo: um show de bola, um passeio da eficiência de mãos dadas com a beleza no gramado mineiro. Claro que os protagonistas foram os jogadores corintianos, de Nei -um goleiraço- a Mirandinha, embora este, em certas passagens onde se exigia técnica mais apurada, desafinasse.
Mas o grande maestro foi, sem dúvida, o técnico Wanderley Luxemburgo, que, com percepção e coragem, resolveu montar um time sem nenhum cabeça-de-bagre (ôps, cabeça-de-área, digo). Armou seu meio-campo com Vampeta, Rincón, Ricardinho e Marcelinho, todos jogadores habilidosos, com vocação ofensiva, mas senso de solidariedade. Distribuiu entre eles os deveres de marcação, sentou-se no banco, cruzou as pernas e ficou ali aplaudindo sua pequena obra-prima.
Ricardinho, canhoto competente, fazia ala (como se dizia antigamente, quando o futebol era risonho e franco) com Silvinho, que acabou se transformando na catapulta de três dos cinco gols corintianos.
Marcelinho, do lado direito, apoiava as descidas de Rodrigo, que, finalmente, nas mãos de Luxemburgo, está conseguindo se impor como lateral de nível. E Rincón, um pouco mais atrás, determinava as alternâncias de ritmo da equipe, enquanto Mirandinha e Edílson, o capetinha, infernizavam a defesa adversária.
Resultado: a bola fluía, redondinha e alegre, de pé em pé, até mergulhar fagueira nas redes mineiras. Assim mesmo: simples, bonito, eficiente, gostoso de se ver.

Se o técnico Nelsinho fizer a leitura certa da derrota do São Paulo, ontem, em casa, para o Cruzeiro, providenciará as seguintes mudanças na equipe, daqui até o final do campeonato:
1) sai Rogério Pinheiro e em seu lugar volta Capitão, que, como zagueiro, tem o passe de um meio-campista, mas que, como meio-campista, tem o passe de um becão;
2) remonta, imediatamente, o meio-campo da final do Paulistão, com Alexandre, Carlos Miguel, Fabiano e Raí;
3) no ataque, França e Marcelinho. Ah, sim, antes que esqueça: rapidinho recoloca Zé Carlos na lateral-direita, que ficou vaga desde sua saída. Por pior que esteja, jamais será tão inútil como Cláudio.
Pois só assim esse tricolor terá chances de voltar a praticar aquele futebol fluente e incisivo que lhe deu o título paulista, mesmo sem Denílson.
Como? E a dupla estelar Dodô-Souza no banco? Ambos.


Alberto Helena Jr. escreve aos domingos, segundas e quartas-feiras


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