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Mudanças no São Paulo até o fim do Brasileiro
ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas
Corinthians 11 x 1 Atlético-MG. O quê? Estou delirando? Não, meu amigo, apenas
estampo em números frios e
reveladores a superioridade do
Corinthians sobre o Galo, no
sábado, no Mineirão.
Basta somar os cinco gols
marcados às seis chances claras, cara a cara com o goleiro,
que os corintianos desperdiçaram, e teremos a realidade nua
e crua que os números finais
não demonstram.
Assim como os números jamais serão capazes de desenhar os belos traços do cenário
que o alvinegro armou em pleno terreiro do Galo: cada gol,
uma trama bem urdida (até
mesmo o de árido pênalti, fruto de irreverente coreografia
de Edílson, dentro da área
atleticana).
Resumindo: um show de bola, um passeio da eficiência de
mãos dadas com a beleza no
gramado mineiro. Claro que
os protagonistas foram os jogadores corintianos, de Nei
-um goleiraço- a Mirandinha, embora este, em certas
passagens onde se exigia técnica mais apurada, desafinasse.
Mas o grande maestro foi,
sem dúvida, o técnico Wanderley Luxemburgo, que, com
percepção e coragem, resolveu
montar um time sem nenhum
cabeça-de-bagre (ôps, cabeça-de-área, digo). Armou seu
meio-campo com Vampeta,
Rincón, Ricardinho e Marcelinho, todos jogadores habilidosos, com vocação ofensiva, mas
senso de solidariedade. Distribuiu entre eles os deveres de
marcação, sentou-se no banco,
cruzou as pernas e ficou ali
aplaudindo sua pequena
obra-prima.
Ricardinho, canhoto competente, fazia ala (como se dizia
antigamente, quando o futebol
era risonho e franco) com Silvinho, que acabou se transformando na catapulta de três
dos cinco gols corintianos.
Marcelinho, do lado direito,
apoiava as descidas de Rodrigo, que, finalmente, nas mãos
de Luxemburgo, está conseguindo se impor como lateral
de nível. E Rincón, um pouco
mais atrás, determinava as alternâncias de ritmo da equipe,
enquanto Mirandinha e Edílson, o capetinha, infernizavam
a defesa adversária.
Resultado: a bola fluía, redondinha e alegre, de pé em
pé, até mergulhar fagueira nas
redes mineiras. Assim mesmo:
simples, bonito, eficiente, gostoso de se ver.
Se o técnico Nelsinho fizer a
leitura certa da derrota do São
Paulo, ontem, em casa, para o
Cruzeiro, providenciará as seguintes mudanças na equipe,
daqui até o final do campeonato:
1) sai Rogério Pinheiro e em
seu lugar volta Capitão, que,
como zagueiro, tem o passe de
um meio-campista, mas que,
como meio-campista, tem o
passe de um becão;
2) remonta, imediatamente,
o meio-campo da final do Paulistão, com Alexandre, Carlos
Miguel, Fabiano e Raí;
3) no ataque, França e Marcelinho. Ah, sim, antes que esqueça: rapidinho recoloca Zé
Carlos na lateral-direita, que
ficou vaga desde sua saída. Por
pior que esteja, jamais será tão
inútil como Cláudio.
Pois só assim esse tricolor terá chances de voltar a praticar
aquele futebol fluente e incisivo que lhe deu o título paulista, mesmo sem Denílson.
Como? E a dupla estelar Dodô-Souza no banco? Ambos.
Alberto Helena Jr. escreve aos domingos, segundas e quartas-feiras
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