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A salvo, Zé Roberto mira repetir Cafu
De volta ao Brasil, jogador santista diz que elogios do público mostram que sobreviveu ao fracasso da seleção na Copa
Prestes a estrear no Santos, meia ainda pensa em voltar a jogar pelo time nacional e busca inspiração em Cafu para prolongar sua carreira
RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A SANTOS
Há dois meses no Brasil, o
meia Zé Roberto ficou surpreso
com os elogios do público, apesar da perda da Copa. Atribui o
fato à raça e às boas atuações.
Para ele, cada jogador sabe se
teve bom desempenho individual no Mundial. Coletivamente, admite que faltou algo, talvez, mais vontade.
E espera mostrar no Santos
que ainda pode seguir na seleção, como conta à Folha.
FOLHA - Você está há dois meses
no país. Como é a reação do público?
ZÉ ROBERTO - Fiquei um pouco
surpreso pela reação do público
comigo. O povo esperava o título. Não aconteceu. E, no período em que estive no Brasil, parabenizaram-me pelo trabalho.
Por onde passei, falavam que
joguei bem, mostrei raça.
FOLHA - Você acha que foi uma das
exceções na seleção?
ZÉ ROBERTO - Sou suspeito para
falar. Mas recebi o carinho do
povo, que é crítico. Isso depois
de a Fifa me eleger o melhor em
dois jogos. E ainda fiquei entre
os 23 melhores da Copa. Os números falam melhor do que eu.
FOLHA - Alguns jogadores que voltaram, como o Cafu, disseram que,
na rua, foram vistos como marginal.
Não é a impressão que você passa...
ZÉ ROBERTO - Pela minha pessoa
não. Consegui andar normalmente. Não tive problema.
FOLHA - Qual a sua análise final do
resultado? Todo mundo fez o possível? Qual o fator decisivo?
ZÉ ROBERTO - Até eu estou procurando uma resposta pelo favoritismo da seleção. Acho que
faltou algo a mais. Cada jogador
que disputou a Copa sabe se se
empenhou 100%. Se deu menos, se deu mais. Posso falar sobre o meu rendimento. É difícil
falar do outro. A análise tem
que ser individual. Estou consciente do melhor que pude fazer. Pela qualidade do Brasil, ficou faltando muito pouco.
FOLHA - Muito pouco?
ZÉ ROBERTO - Faltou um pouco
de cada um. Um pouco pela
qualidade que tinha. Faltou alguma coisa a mais.
FOLHA - Vontade?
ZÉ ROBERTO - É. Querer... Sei lá.
É difícil explicar. Até hoje estou
querendo uma explicação e não
encontro ainda.
FOLHA - A CBF contratou técnico
[Dunga] após constatar o problema
que viu no time. É um treinador que
é símbolo de raça. O que acha disso?
ZÉ ROBERTO - Acho que é válido.
Como não deu certo o trabalho
do Mundial, é claro que tem de
haver mudanças. E o pessoal
que está à frente da CBF viu
que ficou faltando algo mais. E
esse algo mais, para eles, é o que
se identifica com o Dunga.
FOLHA - Sua volta ao Brasil tem relação com a seleção? Encerrou?
ZÉ ROBERTO - Fica difícil falar de
seleção porque estou há dois
meses sem exercer a profissão,
já que estou me recuperando de
cirurgia. Minha cabeça está no
Santos. Quero voltar a jogar. E
seleção é conseqüência.
FOLHA - Você não encerrou?
ZÉ ROBERTO - É difícil dizer que
encerrei porque desde que comecei a jogar minha meta é a
seleção. Os números falam melhor do que palavras. São mais
de 11 anos na seleção, quase 80
jogos. Voltando para o Brasil
para um clube de prestígio, minha meta é voltar [a jogar] e depois dar seqüência.
FOLHA - Por que o Santos?
ZÉ ROBERTO - Optei pelo Santos
porque tem história. Minha decisão foi também porque conversei com o Vanderlei, que é
um dos melhores do mundo.
FOLHA - Com 32 anos, você acha
que vai jogar por muito tempo?
ZÉ ROBERTO - Você vê jogadores
como Cafu, disputando uma
Copa com 36 anos. Isso claro
que me incentiva a jogar mais
anos. Se estiver bem fisicamente, não há nenhuma barreira de
jogar até 36 ou 37 anos. Vai depender do meu vigor físico, se
não tiver lesões. A tendência é
jogar até idade avançada.
FOLHA - Houve críticas ao envelhecimento da seleção. Você foi alvo?
ZÉ ROBERTO - De maneira alguma, principalmente pela forma
como terminei o Mundial, escolhido um dos melhores. Com
32 anos, não tive dificuldades
na parte física. Não tem nada a
ver o negócio de idade.
FOLHA - Pensa em ir a outra Copa?
ZÉ ROBERTO - É difícil falar se
não estou jogando ainda. Quero, primeiro, jogar no Santos.
Depois, pensar se darei continuidade na seleção ou não. Ir
para a Copa ou não.
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