São Paulo, domingo, 10 de setembro de 2006

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A salvo, Zé Roberto mira repetir Cafu

De volta ao Brasil, jogador santista diz que elogios do público mostram que sobreviveu ao fracasso da seleção na Copa

Prestes a estrear no Santos, meia ainda pensa em voltar a jogar pelo time nacional e busca inspiração em Cafu para prolongar sua carreira

RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A SANTOS

Há dois meses no Brasil, o meia Zé Roberto ficou surpreso com os elogios do público, apesar da perda da Copa. Atribui o fato à raça e às boas atuações. Para ele, cada jogador sabe se teve bom desempenho individual no Mundial. Coletivamente, admite que faltou algo, talvez, mais vontade. E espera mostrar no Santos que ainda pode seguir na seleção, como conta à Folha.  

FOLHA - Você está há dois meses no país. Como é a reação do público?
ZÉ ROBERTO
- Fiquei um pouco surpreso pela reação do público comigo. O povo esperava o título. Não aconteceu. E, no período em que estive no Brasil, parabenizaram-me pelo trabalho. Por onde passei, falavam que joguei bem, mostrei raça.

FOLHA - Você acha que foi uma das exceções na seleção?
ZÉ ROBERTO
- Sou suspeito para falar. Mas recebi o carinho do povo, que é crítico. Isso depois de a Fifa me eleger o melhor em dois jogos. E ainda fiquei entre os 23 melhores da Copa. Os números falam melhor do que eu.

FOLHA - Alguns jogadores que voltaram, como o Cafu, disseram que, na rua, foram vistos como marginal. Não é a impressão que você passa...
ZÉ ROBERTO
- Pela minha pessoa não. Consegui andar normalmente. Não tive problema.

FOLHA - Qual a sua análise final do resultado? Todo mundo fez o possível? Qual o fator decisivo?
ZÉ ROBERTO
- Até eu estou procurando uma resposta pelo favoritismo da seleção. Acho que faltou algo a mais. Cada jogador que disputou a Copa sabe se se empenhou 100%. Se deu menos, se deu mais. Posso falar sobre o meu rendimento. É difícil falar do outro. A análise tem que ser individual. Estou consciente do melhor que pude fazer. Pela qualidade do Brasil, ficou faltando muito pouco.

FOLHA - Muito pouco?
ZÉ ROBERTO
- Faltou um pouco de cada um. Um pouco pela qualidade que tinha. Faltou alguma coisa a mais.

FOLHA - Vontade?
ZÉ ROBERTO
- É. Querer... Sei lá. É difícil explicar. Até hoje estou querendo uma explicação e não encontro ainda.

FOLHA - A CBF contratou técnico [Dunga] após constatar o problema que viu no time. É um treinador que é símbolo de raça. O que acha disso?
ZÉ ROBERTO
- Acho que é válido. Como não deu certo o trabalho do Mundial, é claro que tem de haver mudanças. E o pessoal que está à frente da CBF viu que ficou faltando algo mais. E esse algo mais, para eles, é o que se identifica com o Dunga.

FOLHA - Sua volta ao Brasil tem relação com a seleção? Encerrou?
ZÉ ROBERTO
- Fica difícil falar de seleção porque estou há dois meses sem exercer a profissão, já que estou me recuperando de cirurgia. Minha cabeça está no Santos. Quero voltar a jogar. E seleção é conseqüência.

FOLHA - Você não encerrou?
ZÉ ROBERTO
- É difícil dizer que encerrei porque desde que comecei a jogar minha meta é a seleção. Os números falam melhor do que palavras. São mais de 11 anos na seleção, quase 80 jogos. Voltando para o Brasil para um clube de prestígio, minha meta é voltar [a jogar] e depois dar seqüência.

FOLHA - Por que o Santos?
ZÉ ROBERTO
- Optei pelo Santos porque tem história. Minha decisão foi também porque conversei com o Vanderlei, que é um dos melhores do mundo.

FOLHA - Com 32 anos, você acha que vai jogar por muito tempo?
ZÉ ROBERTO
- Você vê jogadores como Cafu, disputando uma Copa com 36 anos. Isso claro que me incentiva a jogar mais anos. Se estiver bem fisicamente, não há nenhuma barreira de jogar até 36 ou 37 anos. Vai depender do meu vigor físico, se não tiver lesões. A tendência é jogar até idade avançada.

FOLHA - Houve críticas ao envelhecimento da seleção. Você foi alvo?
ZÉ ROBERTO
- De maneira alguma, principalmente pela forma como terminei o Mundial, escolhido um dos melhores. Com 32 anos, não tive dificuldades na parte física. Não tem nada a ver o negócio de idade.

FOLHA - Pensa em ir a outra Copa?
ZÉ ROBERTO
- É difícil falar se não estou jogando ainda. Quero, primeiro, jogar no Santos. Depois, pensar se darei continuidade na seleção ou não. Ir para a Copa ou não.


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