São Paulo, quinta-feira, 10 de setembro de 2009

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FUTEBOL

Faça futebol, não faça guerra


Com o dinheiro "investido" no pacote militar que inclui até submarinos nucleares, seria possível Copa em 2014, 18...


RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O TEMA é polêmico, o que pesou para que virasse, aos 40 minutos do segundo tempo, o texto maior e não ocupasse o espaço da nota de hoje, que valia coluna (talvez aprofunde a questão na próxima semana). Para mudar o "esquema" no final do jogo, segui também a sugestão de amigos leitores.
O assunto é Copa, não a de 2010, que domina esta edição, e sim a de 2014, no Brasil. Eu, só mais um pacífico brasileiro que trabalha 2.600 horas por ano para o fisco, prefiro ver o governo gastar nossa grana em estádio de futebol do que em avião de guerra e submarino nuclear.
Fiquei espantado com números recentes que saíram na mídia: o de horas que os brasileiros trabalham para pagar impostos e os valores gastos em um arsenal militar. Isso quando tanto discutimos a realização de um Mundial (garantido) e de uma Olimpíada no Rio (boa chance).
Vi que o preço de 50 helicópteros militares, que está no "pacote" que o governo anunciou, é R$ 4,7 bilhões.
Isso é praticamente o valor de todas as arenas planejadas para a Copa-14.
Na média, entre construções e reformas, o valor de cada um dos 12 estádios é R$ 400 milhões. Ou seja, com R$ 4,8 bilhões o governo faria as 12 arenas com o tal "padrão de Copa".
Não estou aqui defendendo a utilização, pura e simplesmente, do dinheiro público nas obras esportivas do Mundial. Trabalho em meios de comunicação dos mais críticos do país e me orgulho muito disso. Mas não sou dos que acham um absurdo o governo investir, com honestidade, transparência e inteligência, em estádios (era preciso deixar claro desde o início o gasto em arenas).
O Maracanã foi erguido para 1950 com dinheiro público e é dos melhores projetos e cartões-postais do Brasil. Com inteligência, o governo pode até lucrar com arenas, como fazem tantas empresas. Só que é preciso, como em qualquer gasto, saber o que é viável, o que dá retorno. Não há sentido, por exemplo, em erguer estádio para 70 mil pessoas em Brasília, que não tem clube de expressão. O povo brasileiro precisa de pão, de futebol (circo) e de mais um monte de coisas, não de armas.

PESQUISA DE TORCIDA
Eis os clubes estrangeiros preferidos dos torcedores brasileiros, segundo pesquisa feita pela TNS: Milan (16,04%), Barcelona (12,42%), Manchester United (7,86%), Real Madrid (6,84%), Inter (2,15%), Chelsea (1,53%), Boca Juniors (0,74%), Liverpool (0,61%), Juventus (0,49%) e Arsenal (0,43%). Essa liderança do Milan confirma o resultado de pesquisa feita em janeiro de 2003 por esta coluna, com a ajuda do Datafolha. O time italiano, que investe muito em brasileiros, tem site em português e montou base para treinar garotos no país, é o mais popular aqui. De 2003 para cá, quem perdeu espaço foi o Real.
Talvez Kaká mude um pouco isso.

rodrigo.bueno@grupofolha.com.br


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