São Paulo, quinta-feira, 10 de setembro de 2009

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Piquet é o delator do caso Renault, diz revista

Inconformado com dispensa de Nelsinho, tricampeão teria revelado caso à FIA

Engenheiro da equipe rebate acusação e diz que ideia de bater o carro no GP de Cingapura de 2008 partiu do próprio piloto brasileiro

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A MONZA

Foi por meio de uma conversa entre Nelson Piquet e Max Mosley, presidente da FIA, que a entidade teria sido informada da suposta armação da Renault para dar a vitória a Fernando Alonso no GP de Cingapura de 2008. A informação foi publicada ontem pela "Autosport".
Inconformado com a decisão da equipe franco-inglesa de dispensar seu filho, em 26 de julho, dia do GP da Hungria, o tricampeão, segundo a revista inglesa, resolveu trazer à tona a informação de que a Renault havia pedido a Nelsinho que batesse seu carro de propósito para favorecer Alonso na prova.
A FIA já convocou uma reunião extraordinária do Conselho Mundial, no próximo dia 21, para julgar o caso, que pode se transformar num dos maiores escândalos da história da F-1.
Mais que isso, pode fazer com que a Renault deixe a categoria. Insatisfeita com os resultados dos últimos anos, a montadora já vem há algum tempo cogitando a hipótese de sair.
O time diz que só irá se pronunciar após o julgamento. À "Autosport" Flavio Briatore, chefe da equipe, disse estar sendo "vítima de extorsão da família Piquet". Ainda segundo a publicação, o pedido para que Nelsinho batesse foi feito durante uma reunião horas antes da corrida de Cingapura. Além do piloto, estavam presentes Briatore e Pat Symonds, engenheiro-chefe da Renault.
Pelas provas fornecidas à FIA pelo piloto brasileiro -que esteve na sede da entidade, em Paris, no último dia 30 para dar seu testemunho-, os dois dirigentes pediram a ele que batesse seu carro na curva 17, entre as voltas 13 e 14, pouco depois de Alonso fazer seu pit stop.
O trecho foi escolhido por não ter guindastes, o que obrigaria a entrada do safety car. E foi isso o que de fato ocorreu, favorecendo, então, o espanhol, que no momento do acidente, coincidentemente, havia feito sua parada para reabastecer -ele era o último àquela altura.
Segundo a "Autosport", Nelsinho declarou à entidade ter concordado em fazer parte da armação porque, sem contrato renovado até então, sentia-se em uma posição incômoda na equipe. Disse ainda que foi pressionado por Briatore e que só bateu o carro porque sentiu que seria recompensado.
"Confirmo que tivemos uma reunião com Piquet na manhã de domingo, mas não falamos em nenhum momento sobre isso", disse Briatore. "Lembro que em Cingapura ele estava em um estado de espírito muito frágil. Além disso, existem as gravações de áudio nas quais eu mostro claramente meu desapontamento ao ver na TV que ele havia batido", afirmou.
De acordo com Symonds, a ideia de bater veio do piloto. "Nos encontramos com ele naquele domingo e falamos sobre causar a entrada deliberada de um safety car, mas isso foi uma proposta do próprio Piquet."
Como parte das investigações, a FIA já colheu depoimentos de funcionários do time no GP da Bélgica. Além disso, em visita à fábrica da equipe, em Enstone, representantes da entidade colheram dados, telemetrias e gravações.



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