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Piquet é o delator do caso Renault, diz revista
Inconformado com dispensa de Nelsinho, tricampeão teria revelado caso à FIA
Engenheiro da equipe rebate acusação e diz que ideia de bater o carro no GP de Cingapura de 2008 partiu do próprio piloto brasileiro
TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A MONZA
Foi por meio de uma conversa entre Nelson Piquet e Max
Mosley, presidente da FIA, que
a entidade teria sido informada
da suposta armação da Renault
para dar a vitória a Fernando
Alonso no GP de Cingapura de
2008. A informação foi publicada ontem pela "Autosport".
Inconformado com a decisão
da equipe franco-inglesa de dispensar seu filho, em 26 de julho, dia do GP da Hungria, o tricampeão, segundo a revista inglesa, resolveu trazer à tona a
informação de que a Renault
havia pedido a Nelsinho que
batesse seu carro de propósito
para favorecer Alonso na prova.
A FIA já convocou uma reunião extraordinária do Conselho Mundial, no próximo dia 21,
para julgar o caso, que pode se
transformar num dos maiores
escândalos da história da F-1.
Mais que isso, pode fazer
com que a Renault deixe a categoria. Insatisfeita com os resultados dos últimos anos, a montadora já vem há algum tempo
cogitando a hipótese de sair.
O time diz que só irá se pronunciar após o julgamento. À
"Autosport" Flavio Briatore,
chefe da equipe, disse estar
sendo "vítima de extorsão da
família Piquet". Ainda segundo
a publicação, o pedido para que
Nelsinho batesse foi feito durante uma reunião horas antes
da corrida de Cingapura. Além
do piloto, estavam presentes
Briatore e Pat Symonds, engenheiro-chefe da Renault.
Pelas provas fornecidas à
FIA pelo piloto brasileiro -que
esteve na sede da entidade, em
Paris, no último dia 30 para dar
seu testemunho-, os dois dirigentes pediram a ele que batesse seu carro na curva 17, entre
as voltas 13 e 14, pouco depois
de Alonso fazer seu pit stop.
O trecho foi escolhido por
não ter guindastes, o que obrigaria a entrada do safety car. E
foi isso o que de fato ocorreu,
favorecendo, então, o espanhol,
que no momento do acidente,
coincidentemente, havia feito
sua parada para reabastecer
-ele era o último àquela altura.
Segundo a "Autosport", Nelsinho declarou à entidade ter
concordado em fazer parte da
armação porque, sem contrato
renovado até então, sentia-se
em uma posição incômoda na
equipe. Disse ainda que foi
pressionado por Briatore e que
só bateu o carro porque sentiu
que seria recompensado.
"Confirmo que tivemos uma
reunião com Piquet na manhã
de domingo, mas não falamos
em nenhum momento sobre isso", disse Briatore. "Lembro
que em Cingapura ele estava
em um estado de espírito muito
frágil. Além disso, existem as
gravações de áudio nas quais eu
mostro claramente meu desapontamento ao ver na TV que
ele havia batido", afirmou.
De acordo com Symonds, a
ideia de bater veio do piloto.
"Nos encontramos com ele naquele domingo e falamos sobre
causar a entrada deliberada de
um safety car, mas isso foi uma
proposta do próprio Piquet."
Como parte das investigações, a FIA já colheu depoimentos de funcionários do time no GP da Bélgica. Além disso, em visita à fábrica da equipe,
em Enstone, representantes da
entidade colheram dados, telemetrias e gravações.
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