São Paulo, domingo, 10 de novembro de 2002

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FUTEBOL

Etna

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Pensavam que ele estava morto. Deixaram-no em segundo plano. Porém o gigante não está mais adormecido.
O futebol italiano dá fortes sinais de vida. Juventus e Milan jogam hoje pelo campeonato nacional mais significativo da Europa, e a partida pode ser prévia da decisão da Copa dos Campeões.
Não há exagero. O ""Trio de Ferro" formado por Inter, Milan e Juventus entrou em erupção de novo. A briga pelo scudetto será bem quente. Mais: os três devem espalhar suas cinzas para fora da Itália, chegando aos mata-matas do principal interclubes europeu.
Desde 1998 um time italiano não alcança a final da Copa dos Campeões (desde 1996 não conquista a taça). Nesse período houve até final espanhola. O Real Madrid criou razoável hegemonia e, com o esquadrão montado para esta temporada, dava pinta de que varreria a concorrência.
Bola rolando, e o Milan mostrou de pronto a melhor defesa da Europa (Nesta, Maldini, Simic, Dida...). No Italiano, mostrou também o melhor ataque (22 gols). O time tem talento, equilíbrio e camisa para voltar aos anos dourados (final dos 80 e começo dos 90). Carlo Ancelotti, que viveu os bons tempos, foi descartado pela Juventus por ser retranqueiro, mas a resposta pode ser dada hoje mesmo no Delle Alpi.
A Inter caminha firme mesmo sem Ronaldo rumo ao título que busca desde 1989. A vitória por 4 a 3 no meio de semana sobre o Empoli fora de casa e a boa fase de Crespo fazem lembrar um pouco a campanha do time 13 anos atrás (o argentino funciona como Serena, artilheiro daquele ano).
A média de gols do Italiano, aliás, é bem boa (2,65 gols por jogo). O placar mais comum no campeonato até agora é 2 a 0 -todos os outros Nacionais europeus de grande e médio porte têm 1 a 0, 1 a 1 ou 2 a 1 como placar mais comum na temporada.
A Juventus vem em terceiro na tabela, mas já cansou de dar mostras ao longo da história de que não pode ser descartada. Sua trajetória na Copa dos Campeões também a coloca como time ""encardido" fora da grande bota.
Lazio e Parma, reconhecidamente decadentes, ocupam boa posição no torneio e fazem duelo interessante neste final de semana. A crise financeira da equipe romana chegou ao ápice (pode esbarrar no Santos aqui por causa da Cirio). Porém no campo o time está só um ponto atrás da Juve.
O renascimento do futebol italiano, no entanto, não é completo. Isso porque a seleção corre sério risco de ficar de fora da Eurocopa-2004. A derrota para o País de Gales e o empate em casa com a Iugoslávia deixaram o time em um grande buraco. Com a manutenção do técnico Giovanni Trapattoni, o buraco pode virar em breve uma verdadeira cratera.
Luiz Felipe Scolari poderia até não ser a solução para a Azzurra, mas algo diferente deveria ser feito. Clubes fortes e seleção frouxa sempre foi a marca da Espanha. Mas a disputa dos dois países pela liga, pelos clubes e pelos jogadores mais badalados do mundo não inverteu de todo ainda as coisas.
A mídia internacional, na esteira do Real Madrid e de Ronaldo, virou seu foco para o Espanhol e deu uma certa gelada na Itália. No centenário do time espanhol e no ano da Copa de Ronaldo, o casamento deles ainda não explodiu. A remota Sicília, porém, começou a roubar um pouco a cena nos últimos dias com o Etna.

Fogo
Na programação da RAI para este domingo, dois pratos quentes: Lazio x Parma (11h25) e Juventus x Milan (19h30).

Fumaça
O jogo entre Ajax e Roda pelo Campeonato Holandês, anteontem, começou 15 minutos atrasado. Isso porque os torcedores do time de Amsterdã ficaram presos no trânsito (o Ajax jogou fora de casa e ficou no 1 a 1). Isso é que é mesmo respeito pelo torcedor.

Extinto
Batistuta já disse o que fará. Encerra a carreira no Boca Juniors.

Ativo
Neste final de semana, uma novidade que pode fazer época no Brasil: teria início em São Paulo de fato o primeiro Estadual de futebol de areia. Seria o primeiro interclubes da modalidade no país.

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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