FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

A duas semanas do início do Campeonato Paulista, Eduardo José Farah pediu licença e deixou o comando do futebol no Estado.
Agora, Reynaldo Carneiro Bastos responde pela presidência da Federação Paulista de Futebol.
A decisão do dirigente, eleito em outubro passado por aclamação pela Assembléia Geral da FPF, foi informada à nova diretoria executiva da federação anteontem, em reunião na sede da entidade, em São Paulo.
Aos seus colegas, Farah disse que saía do cargo por tempo indeterminado para que seus vices, Carneiro Bastos e Marco Polo del Nero, aprendessem a administrar a FPF sem ele.
O cartola não informou, no entanto, se, licenciado, abrirá mão do salário que recebe para presidir a entidade -estimado em R$ 25 mil/mensais.
Se a alegação oficial foi a de que ele quer descansar e deixar a entidade que dirige desde 1988 nas mãos de pessoas de sua confiança, a real motivação de Farah está mais ligada às apurações do Ministério Público, da Receita Federal e da Polícia Civil sobre sua gestão à frente da entidade.
Desde o fim da CPI do Futebol, em dezembro de 2001, os três órgãos estão devassando a entidade. O resultado das investigações ainda não foram oficialmente revelados, mas pessoas próximas a Farah dizem que ele não é nada bom para o dirigente.
Segundo o relatório final da CPI, aprovado por unanimidade pelos senadores, há fortes indícios de que o dirigente cometeu crimes de apropriação indébita, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e sonegação fiscal. Farah nega todas as acusações.
A saída de Farah coincide também com um dos maiores imbróglios da história recente da FPF.
Depois da saia justa ocorrida na última segunda-feira, quando, durante o lançamento do Paulista-2003, executivos do SBT souberam por terceiros que a Globo havia exercido preferência do contrato de transmissão do Estadual, Farah prometeu à TV paulista que ela exibiria o torneio com exclusividade. É possível que a confusão envolvendo as duas maiores redes de TV do país termine na Justiça.
Pressionado pela Globo Esportes, o dirigente disse que assinaria contrato com a emissora carioca. Mas, por outro lado, anunciou publicamente, por meio do site da entidade, que o contrato que "vale" é o do SBT.
A decisão, agora, ficará nas mãos de Carneiro Bastos. Mas o novo presidente não deve contrariar seu aliado e dará ao SBT o direito sobre o Campeonato Paulista, por R$ 12 milhões.
A decisão de Farah de deixar a FPF deixou parte dos dirigentes de clubes perplexa.
O presidente do São Paulo, Marcelo Portugal Gouvêa, disse que não sabia do assunto e que estava sendo informado pela Folha. "Estou em férias, e o São Paulo não foi avisado. É complicado o Farah deixar a FPF às vésperas do Paulista", disse o são-paulino.
O vice corintiano Antonio Roque Citadini repetiu seu colega. "O Corinthians não sabe de nada. Para mim é novidade."
Até agora, por causa do imbróglio sobre a transmissão do torneio, os clubes não foram informados sobre qual será a cota do Estadual. Times do interior já começam a reclamar, dizendo que precisam saber quanto vão arrecadar para poder fazer dívidas.
A FPF quis se pronunciar sobre a saída de Farah. Marco Polo del Nero afirmou que não tinha nada a dizer. Carneiro Bastos e Farah não foram localizados.


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