São Paulo, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2004

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TÊNIS

O novo mundo é aqui

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Naquele frio europeu, quase coberto de neve, Gustavo Kuerten e Nicolás Lapentti chegaram meio que silenciosamente. Em Hannover, Alemanha, fim de novembro de 1999, os holofotes estavam todos sobre Pete Sampras, Andre Agassi e o local Nicolas Kiefer.
A cúpula do tênis, incluindo Mark Miles, o chefe-mor, já falava com bastante gosto em novo sistema de ranking, das novas caras no circuito, de um novo tênis que viria adiante, mas acabava mesmo posando só ao lado das estrelas já consagradas, os brancos europeus e norte-americanos.
Da mesma maneira que os "chicanos" entraram, eles então saíram. Lapentti, oitavo melhor tenista do mundo naquela temporada, semifinalista no Aberto da Austrália e nos Masters Series de Hamburgo e Paris, ganhou só três games de Agassi.
Kuerten não fez campanha mais excepcional naquele Masters. Como o equatoriano, perdeu de Agassi e Sampras em dois sets rápidos. Só ganhou no duelo dos latinos, o primeiro em um Masters desde 1982, em dois sets.
Dali, os sul-americanos foram embora rapidamente, deixando Sampras, Agassi, Kiefer e Ievguêni Kafelnikov com os mimos dos dirigentes e dos organizadores a partir das semifinais (Sampras bateria Agassi na final em três sets, conquistando pela última vez um Masters em sua carreira).
Mas foi ali, de concreto, que a América do Sul passou a ser vista como uma área interessante na geografia do tênis. Com os ídolos que surgiam, como Kuerten, Lapentti e Marcelo Ríos, Buenos Aires, Rio e Santiago, meras cidades exóticas nas belas tomadas dos filmes de James Bond, viraram possíveis sedes de ATP Tours.
Em seguida, o tênis mundial ainda veria uma excelente leva de tenistas sul-americanos, argentinos notadamente. Franco Squil-lari, Juan Ignacio Chela, Mariano Puerta, Gastón Gaudio, Agustin Calleri, Jose Acasuso, Guillermo Cañas, David Nalbandian, Guil-lermo Coria, mais Fernando Meligeni e os chilenos Fernando Gonzalez e Nicolas Massú, com presença constante nos maiores torneios do circuito, tornariam a ATP um pouco mais "chicana".
A coroação de Kuerten como o primeiro sul-americano a fechar o ano como número um do ranking, na Lisboa de língua portuguesa em 2000, coincidiu com uma regularidade impressionante dos tenistas vizinhos/amigos.
Em 2000, nada menos que 12 títulos foram levantados por sul-americanos. Nove vezes um sul-americano foi vice, e cinco finais foram disputadas entre dois homens deste continente. Em 2001, o número de títulos foi de 11, com 12 vices e três finais latinas. Os anos mantiveram os bons números: em 2002, 13 títulos, 15 vices e seis finais. No ano passado, 11 títulos, 15 vices e cinco finais, incluindo uma de Masters Series.
Por essas e outras que agora a América do Sul passa a ter uma "perna" do circuito profissional. Começou anteontem, em Viña del Mar, passa por Buenos Aires na próxima semana, chega à Bahia em pleno Carnaval e, em seguida, parte para o México.
Demorou, mas agora chegou.

Em boas mãos
Ficou com Franco Ferreiro a vaga do Torneio da Costa do Sauípe disputada no qualifying do Guarujá. Além de Ferreiro, o ATP Tour nacional já tem Gustavo Kuerten, Flávio Saretta e Pedro Braga.

Um excelente evento
Vai até o dia 19 a inscrição para o 34º Banana Bowl. O torneio será disputado na semana do dia 15 de março. Os atletas das categorias 14 e 16 anos competem em Ribeirão Preto, e os da 18 anos, em São Paulo. A inscrição pode ser feita no site da CBT (www.cbtenis.com.br).

Um ótimo resultado
Jenifer Widjaja foi vice na quarta etapa do Circuito Cosat, no Equador. Nesta semana, a quinta etapa ocorre na Bolívia.

E-mail reandaku@uol.com.br


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