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FUTEBOL
Dois clubes de tradição
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Não me refiro ao Real Madrid, Milan, Manchester
United, nem a um grande clube
brasileiro da primeira divisão, e
sim aos dois Américas, que brilharam no final de semana.
Após o empate por 2 a 2 contra
o América, o vice-presidente do
Cruzeiro, Zezé Perrella, desrespeitou o rival e suas tradições ao dizer que o América não deveria
existir. Orgulho-me de ter atuado
nos juvenis do América antes de
me transferir para o Cruzeiro. O
América foi decacampeão mineiro. Antes do Mineirão, o grande
jogo em Minas Gerais era entre
Atlético e América, o chamado
"clássico das multidões".
No Rio, o América passeou pela
avenida cheia de buracos da defesa do Flamengo. Pior, só as estradas do país. A defesa do Mengo e
as estradas precisam de urgentes
reformas. Não sei se haverá consertos, tal a gravidade da situação. Talvez seja melhor construir
novas estradas e contratar novos
defensores.
Os problemas defensivos do Flamengo não são só individuais,
mas o Júnior Baiano deveria treinar mais e se preparar melhor fisicamente. Não sei se vai adiantar. Corre-se o risco de ele retornar pior. Tudo tem o seu tempo.
Antes da vitória, o América homenageou os seus ilustres torcedores, como José Trajano, que deu
nome à sala de imprensa do clube. Foi bonito ver o Trajano feliz e
emocionado nas arquibancadas,
vibrando com o seu time. Trajano, referência do bom jornalismo
esportivo, recuperou o menino-torcedor Zezinho, que esperava
esse momento para renascer. O
passado está sempre presente.
Jogos bons e ruins
Passei o fim de semana diante
da TV. Vi jogos bons e ruins, no
Brasil e no exterior. Estou viciado
em futebol, como os "loucos" da
ESPN Brasil. Pelo menos, assisti a
um bom filme, "Revelações". A
atuação do Anthony Hopkins e,
principalmente, a beleza e a sensualidade da Nicole Kidman valeram o ingresso de R$ 14.
Muito caro é pagar R$ 20 para
ver o fraquíssimo Corinthians x
Portuguesa. Cinco reais já seriam
muito, como escreveu José Geraldo Couto. Juninho não é o único
responsável pelas más atuações
do Corinthians, já que o elenco é
fraco, mas o técnico me parece assustado com o cargo. Dirigir o Corinthians é chique, como dizia o
treinador, e bastante difícil.
São Paulo, Palmeiras, Santos e
São Caetano estão muito melhores do que o Corinthians. No Santos, um dos destaques é o veterano Basílio. Ele é o próprio vento,
pai do Euller, que é chamado de
filho do vento. Antes, Basílio corria e nada acontecia. Agora, ele
corre e faz os gols que se esperava
do Robson (ex-Robgol). Robinho
aprendeu também a finalizar. É o
Robinhogol.
Carioca está melhor
O Estadual do Rio está melhor,
mais vibrante, mais organizado,
com ingresso mais barato e com
maior público do que o Paulista.
Se jogarem todos os titulares, o
Fluminense tem mais chances de
ganhar o título, mas Valdyr Espinosa terá dificuldades em acertar
a posição dos dois meias ofensivos
(Ramon e Roger), que atuam próximos dos dois atacantes, sem fragilizar a marcação no meio-campo, mesmo com dois volantes.
Poucas equipes no mundo
atuam desta maneira. A maioria
tem quatro marcando no meio-campo (dois volantes e um meia
de cada lado). A seleção brasileira, o Cruzeiro, o Milan e outros times têm três no meio protegendo
os quatro defensores.
O Fluminense terá só dois marcando no meio. Ramon e Roger
são meias-atacantes. Não são
atletas de meio-campo. Espinosa
vai dizer que eles vão recuar e
ajudar os volantes. Os dois vão
"fazer sombra", como falam os
atletas. Isso não funciona. Porém
a qualidade dos dois é mais importante do que detalhes táticos.
Show brasileiro
Ainda sobrou tempo para ver
alguns jogos da Europa. Ronaldinho deu show, Roberto Carlos
acertou outra bomba, Ronaldo
fez o seu gol, e Kaká, Dida, Cafu,
Emerson e Mancini jogaram bem.
Não entendi por que o Emerson
foi cortado da seleção por causa
de uma contusão. Já Mancini é
um ala, e não um lateral apoiador. São funções bem diferentes.
O famoso técnico do Arsenal,
Arsene Wenger, pôs o Gilberto Silva de meia-direita. Não foi por
falta de opção. Isso é tão estranho
quanto colocar Ronaldinho ou
Kaká de volante. Por esse e outros
fatos, os melhores técnicos brasileiros são superiores à maior parte dos treinadores europeus.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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