São Paulo, quarta, 11 de fevereiro de 1998

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Clube quer arte plástica em seu vestiário

em São José do Rio Preto

Rebaixado para a segunda divisão do futebol paulista na temporada passada, o América decidiu se transformar neste ano em uma espécie de ""centro cultural" para seus atletas.
A concepção do projeto é do técnico Cilinho, contratado pelo presidente Pedro Batista com a missão de ""devolver" o time à primeira divisão.
Até o final do mês, o vestiário do estádio Benedito Teixeira, deverá ganhar uma pequena biblioteca.
Segundo a diretoria do clube, uma campanha popular já arrecadou mais de 300 livros.
Ao final de cada partida, os jogadores serão ""premiados", segundo Cilinho. As paredes do vestiário vão ser cobertas por telas de artistas plásticos da cidade.
""Hoje, este é um lugar morto. Vestiário tem de ter vida, alegria, para criar um clima de euforia."
O curador de arte Manolo Osório, 38, colaborador do projeto, disse que convidou ""discípulos" de José Antonio da Silva, considerado o maior pintor primitivista do país, para decorar as paredes do vestiário.
Semanalmente, segundo Cilinho, os jogadores serão levados a cinema, teatro, circo, espetáculos musicais. Terão palestras sobre controle da natalidade, religião, política, economia.
No último sábado, jogadores e comissão técnica foram assistir ""007 - O Amanhã Nunca Morre", de Roger Spottiswoode, filme de aventura do detetive James Bond.
No dia seguinte, o América venceu a Ponte Preta por 1 a 0.
""Não vamos catequizar, obrigar ninguém. É apenas uma sugestão para iluminar a mente do jogador", declarou Cilinho, que neste ano completa 40 anos como treinador de futebol.
O técnico considera que o atleta profissional de hoje perdeu o ""espírito de lazer" e o ""universo criativo" que tinham o jogador de várzea no passado.
""O jogador de futebol era mais criativo. Hoje, ele está confinado. É um frango de granja. Come, dorme e treina", disse o técnico.
O treinador sugere também a ""conversa de boteco", como escola de formação. ""Conversa de boteco é descontraída, sem censura, principalmente quando é feita com pessoas de nível." (EZ)


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