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Dinamite no Corinthians
ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas
O caso policial em que se envolveu Edílson, levando Vampeta de roldão, em si, é uma
bobagem. Assim como uma
certa reunião de bebuns numa
cervejaria de Munique, no final dos anos 20. O que deveria
acabar em chope, acabou num
mar de sangue derramado sobre o planeta.
Isto é: um episódio isolado,
aparentemente banal, quando
inserido num contexto potencialmente explosivo, para reavivar um clichê dos anos 60,
vira dinamite pura.
Claro que os jogadores corintianos têm todo o direito do
mundo de ir e vir aonde queiram, à hora que lhes der na telha. São cidadãos como outros
quaisquer, no pleno exercício
de sua liberdade, pagam seus
impostos, são maiores de idade
e tudo o mais. Se suas andanças noturnas acabam se refletindo nas suas atuações em
campo, então o problema passa a ser do clube, que adotará
as medidas julgadas necessárias para preservar o bom andamento dos trabalhos.
Até aqui, não fui além do óbvio e nem sei se o farei.
Mas fico lembrando de um
encontro com Pedro Rocha, o
craque uruguaio, que veio para o São Paulo, no início da
década de 70. Eram tempos de
extrema rivalidade entre tricolores e palestrinos. E Rocha
perdera seu primeiro clássico
para o Palmeiras. Saiu de
campo arrasado e, quando entrou no vestiário, o choque: a
rapaziada toda ali na maior
descontração, marcando jantares para a noite, contando
piadas e tal e coisa.
Na segunda-feira, confessava-me, aturdido: lá no Uruguai, quando o Peñarol perdia
para o Nacional, era uma semana de luto fechado. Pedro
nem saía às ruas, com vergonha de cruzar com torcedores
do seu time. Aqui, é essa farra.
Talvez seja esse espírito leve
diante da tragédia que confira
ao futebol brasileiro a extraordinária capacidade de rápida
regeneração. Ao contrário, por
exemplo, do uruguaio, a quem
só resta incensar as lembranças de Varella, Schiaffino, Andrade, os heróis, enfim, de 50,
a última Copa conquistada.
Mas, que diabo, não custava
nada a um tiquinho de recato
diante da vexatória campanha
do Corinthians, sobretudo, por
parte de Edílson, que já estava
na marca do pênalti desde a
chegada de Luxemburgo, em
razão de antigas desavenças lá
dos tempos em que ambos frequentavam o outro Parque.
Não bastasse isso, Edílson
andou se atrasando em treino
e coisas do gênero. E, para arrematar tudo, essa prisão na
madrugada.
Como dizia vovó, na muda,
passarinho não pia.
Para Edílson, estava mais do
que na cara que os tempos são
de muda.
Também, como dizia o corintiano resignado, juntaram na
madrugada o Capetinha com o
Vampeta, que é a mistura de
vampiro com capeta, na avenida Doutor Arnaldo, a poucos
metros do cemitério.
Aquilo só podia mesmo virar
um inferno.
Pode ser que, mais bem preparado fisicamente, Carlos
Miguel assuma de vez aquele
lugar que ainda pertence a Denílson. Mas algo me diz que,
por enquanto, a vaga é de
Marcelinho, um tanto mais
agitado do que o recém-contratado.
Alberto Helena Jr. escreve aos domingos, segundas e quartas
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