São Paulo, quarta, 11 de fevereiro de 1998

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FUTEBOL
"Não riam de mim', afirma Steve Sampson, que também diz que "soccer' será popular entre norte-americanos
EUA planejam superar Brasil em 10 anos

ARNALDO RIBEIRO
enviado especial a Los Angeles


Transformar os EUA em potência futebolística. Essa é a meta do treinador Steve Sampson, 41, comandante da seleção de seu país desde abril de 1995.
Em 29 jogos, Sampson conquistou 15 vitórias, 4 empates e 10 derrotas, na melhor performance de um treinador em 83 anos de soccer (o futebol nos EUA) no país.
Esse retrospecto faz com que Sampson projete planos ambiciosos. Segundo ele, em dez anos, os EUA terão condições de vencer o Brasil numa final de Mundial.
""O soccer será tão popular quanto o basquete, o beisebol e o futebol americano no meu país."
Contra os sul-americanos, até o jogo desta madrugada contra o Brasil, ele havia conseguido duas vitórias, um empate e cinco derrotas. Ex-jogador de futebol universitário, Sampson foi assistente de Bora Milutinovic na Copa de 94.

Pergunta - Qual o atual estágio dos EUA em relação ao time que disputou a Copa de 94?
Steve Sampson -
Estamos progredindo lentamente. Hoje, posso dizer que temos um time mais experiente e também mais inteligente. Mas a principal diferença é a seguinte: hoje, a seleção dos EUA não teme adversário algum.
Pergunta - Qual a importância da Copa Ouro para o seu time?
Sampson -
Mais do que ganhar a Copa Ouro, o nosso objetivo desde o começo era aproveitar o torneio como preparação para o Mundial da França. Tivemos aqui a chance de jogar contra o Brasil, por exemplo. E é sempre bom jogar contra os melhores do mundo. Só assim os EUA e as demais seleções da Concacaf crescerão.
Pergunta - Como você projeta o desempenho de EUA, México e Jamaica na Copa da França?
Sampson -
Espero que os outros sigam pensando que somos galinhas mortas. Se não tiverem respeito, vão perder.
Os EUA vão jogar, com inteligência, para ganhar. Isso não quer dizer que empates contra Alemanha e Iugoslávia não sejam bons resultados na Copa.
Pergunta - Sua meta na Copa é só passar para a segunda fase?
Sampson -
Em princípio, sim. Mas, em pouco tempo, estaremos disputando as melhores posições. Daqui a dez anos, teremos condições de ganhar do Brasil numa final de Copa. Não riam de mim.
Nós temos estrutura para chegar a esse patamar. Se o Brasil tivesse essa estrutura, seria campeão mundial sempre, imbatível, como nós somos no basquete.
Pergunta - Você acha que os EUA alcançarão o Brasil inclusive na maneira de jogar, no estilo?
Sampson -
Não. Para nós, norte-americanos, o importante é sempre o resultado. Para os brasileiro, é necessário vencer e jogar bonito. Essa será sempre a diferença. Mas uma coisa é certa: se o Brasil não tivesse abdicado do jogo bonito, não teria ganho a Copa-94.
Por isso, admiro Parreira e Zagallo. Eles tiveram coragem de desafiar a imprensa pelo resultado. E eu sei que ser treinador no Brasil é uma coisa quase impossível.
Pergunta - Qual seria o perfil ideal da sua seleção?
Sampson -
Um time com a criatividade dos brasileiros e dos argentinos, com a disciplina dos alemães e com o esforço dos ingleses.
Pergunta - Os EUA têm material humano suficiente para isso?
Sampson -
Sim. Com a divulgação, milhões de garotos estão praticando o esporte, o que produzirá uma geração promissora. O soccer, em breve, será tão popular quanto o beisebol, o basquete e o futebol americano nos EUA.



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