São Paulo, quarta, 11 de fevereiro de 1998

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TÊNIS
Não é nada fácil

THALES DE MENEZES

No domingo passado, a americana Lindsay Davenport decretou a segunda derrota de Martina Hingis nesta temporada, batendo a suíça, número um do mundo, na final do torneio Pan-Pacific, no Japão.
Lindsay comemorou loucamente o título, pulando pela quadra feito criança. Na entrevista depois da partida, desabafou: "Comemoro muito, porque tudo para mim é mais difícil".
Para quem acompanha o circuito, a jogadora nem precisa explicar seu desabafo. Lindsay carrega o fardo de não preencher os requisitos atuais de um esporte que parece necessitar mais de belas musas do que boas jogadoras.
Grandalhona, roliça, com rosto de criança de anúncio de Amendocrem e gestual agressivo, Lindsay transita toda desengonçada num ambiente em que muitos patrocinadores preferem analisar o talento da jogadora só depois de aprovar o visual dela.
Quando a atleta consegue ser bonita e talentosa, como a bonequinha Martina Hingis, o difícil é fugir dos abutres dos departamentos de marketing das empresas ligadas ao tênis.
Lindsay Davenport, no entanto, não tem mais lugar em casa para colocar troféu, mas não consegue a quinta parte dos contratos de publicidade de uma Anna Kournikova.
Neil Bannon, diretor de esportes da TV BBC, deu uma das maiores gafes da história do tênis em 1977, ano do centenário de Wimbledon. Para delírio da torcida, a local Virginia Wade ganhou o título de simples, numa redenção do tênis britânico.
Wade, já veterana, não correspondia a nenhum padrão de beleza. Outra tenista britânica da época, muito menos talentosa, era a loirinha Sue Barker.
Sem saber que o microfone próximo estava ligado, Bannon sentenciou: "Que festa! Para melhorar, só faltou a campeã ser a Barker, e não essa feiosa!".
Uma grossura indesculpável, mas sintomática.

NOTAS

A ressurreição
O último final de semana marcou o retorno à glória para dois tenistas que vinham de fases escabrosas. O croata Goran Ivanisevic provou que santo de casa também faz milagre e ganhou o Aberto de seu país. Com isso, encostou em Gustavo Kuerten no ranking. Outro que tenta esquecer 1997 é o sueco Thomas Enqvist, que venceu Yevgeny Kafelnikov na final de Marselha.

A ressurreição 2
Essa é quente. Os organizadores de Roland Garros fizeram contato com o ex-número um do mundo Stefan Edberg, acenando com um convite para o torneio. O sueco está bem em casa, mas, como ele adora Roland Garros, quem sabe...

A ressurreição 3
"Apenas uns dois ou três tenistas, além de Sampras, têm condições de terminar o ano no topo do ranking. Eu sou um deles." (Andre Agassi, sonhando alto em San Jose.)



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