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TÊNIS
Não é nada fácil
THALES DE MENEZES
No domingo passado, a americana Lindsay Davenport decretou a segunda derrota de
Martina Hingis nesta temporada, batendo a suíça, número
um do mundo, na final do torneio Pan-Pacific, no Japão.
Lindsay comemorou loucamente o título, pulando pela
quadra feito criança. Na entrevista depois da partida, desabafou: "Comemoro muito, porque
tudo para mim é mais difícil".
Para quem acompanha o circuito, a jogadora nem precisa
explicar seu desabafo. Lindsay
carrega o fardo de não preencher os requisitos atuais de um
esporte que parece necessitar
mais de belas musas do que
boas jogadoras.
Grandalhona, roliça, com rosto de criança de anúncio de
Amendocrem e gestual agressivo, Lindsay transita toda desengonçada num ambiente em
que muitos patrocinadores preferem analisar o talento da jogadora só depois de aprovar o
visual dela.
Quando a atleta consegue ser
bonita e talentosa, como a bonequinha Martina Hingis, o difícil é fugir dos abutres dos departamentos de marketing das
empresas ligadas ao tênis.
Lindsay Davenport, no entanto, não tem mais lugar em casa
para colocar troféu, mas não
consegue a quinta parte dos
contratos de publicidade de
uma Anna Kournikova.
Neil Bannon, diretor de esportes da TV BBC, deu uma das
maiores gafes da história do tênis em 1977, ano do centenário
de Wimbledon. Para delírio da
torcida, a local Virginia Wade
ganhou o título de simples, numa redenção do tênis britânico.
Wade, já veterana, não correspondia a nenhum padrão de
beleza. Outra tenista britânica
da época, muito menos talentosa, era a loirinha Sue Barker.
Sem saber que o microfone
próximo estava ligado, Bannon
sentenciou: "Que festa! Para
melhorar, só faltou a campeã
ser a Barker, e não essa feiosa!".
Uma grossura indesculpável,
mas sintomática.
NOTAS
A ressurreição
O último final de semana
marcou o retorno à glória para
dois tenistas que vinham de fases escabrosas. O croata Goran
Ivanisevic provou que santo de
casa também faz milagre e ganhou o Aberto de seu país.
Com isso, encostou em Gustavo Kuerten no ranking. Outro
que tenta esquecer 1997 é o
sueco Thomas Enqvist, que
venceu Yevgeny Kafelnikov na
final de Marselha.
A ressurreição 2
Essa é quente. Os organizadores de Roland Garros fizeram contato com o ex-número
um do mundo Stefan Edberg,
acenando com um convite para o torneio. O sueco está bem
em casa, mas, como ele adora
Roland Garros, quem sabe...
A ressurreição 3
"Apenas uns dois ou três tenistas, além de Sampras, têm
condições de terminar o ano
no topo do ranking. Eu sou um
deles." (Andre Agassi, sonhando alto em San Jose.)
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