São Paulo, quarta, 11 de fevereiro de 1998

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TÊNIS
Eduardo Menga, representante da América Latina, é agora um dos vice-presidentes da entidade
América do Sul chega à cúpula da ATP

FERNANDA PAPA
da Reportagem Local

Pela primeira vez na história, o Brasil tem um representante na cúpula que dirige o tênis masculino profissional, a ATP (Associação dos Tenistas Profissionais).
Eduardo Menga, 45, é a partir de hoje um dos vice-presidentes da ATP, cuja responsabilidade maior é desenvolver o esporte na América Latina, região de que cuida desde 1994, como diretor da entidade.
Em entrevista exclusiva à Folha, em sua ""casa-escritório" em Jundiaí (a 60 km de São Paulo), Menga -que nasceu na Argentina, mas se diz brasileiro, pois mora no país há 40 anos- falou de seus planos para dar mais destaque ao Brasil no tênis internacional, independentemente das performances de Gustavo Kuerten no circuito.

Folha - Como você foi escolhido para esse posto da ATP?
Eduardo Menga -
Nos meus dez anos de ATP, como supervisor de torneios principalmente, acredito ter conquistado credibilidade e mostrado um bom trabalho que me fizeram merecer o posto.
Folha - Que coisas você fez?
Menga -
Desde que os torneios de tênis foram embora do Brasil, por vários motivos, em 93, tomei a iniciativa de montar um escritório da ATP aqui para que ela continuasse presente na América Latina. Ninguém sabia o que era o ATP Tour (circuito da ATP). Eu recebia ligações de gente buscando agência de turismo.
Folha - Mas desde 93 o tênis daqui não parece ter evoluído muito.
Menga -
É um trabalho difícil; demora reconquistar a confiança dos patrocinadores e atrair novos deles. Conseguimos fazer a Copa Ericsson, no ano passado, em sete países e com um mesmo patrocinador. Deu muito certo, vários sul-americanos melhoraram seus rankings, e o modelo deve ser copiado na Ásia neste ano.
A ATP, com seus jogadores e torneios, é um bom produto. E a América Latina é a região do mundo onde o tênis ainda não está esgotado. Na Europa, conseguir novo investimento de US$ 100 mil é difícil. Aqui, tem gente disposta a investir US$ 100 milhões.
Folha - Para fazer o quê?
Menga -
A idéia, meu objetivo de vida agora, é trazer um grande torneio para cá. Um dos Super 9, que a partir do ano 2000 serão Super 7. Até lá, muita coisa vai ter de ser feita, e as coisas já estão acontecendo. O Brasil pode ter um Super 7, com Pete Sampras etc, sim.
Folha - Sobre a base do esporte, há algum projeto? Para quê torneios se não há tenistas?
Folha - A ATP tem formas de atrair crianças para o esporte durante seus torneios, com personagens dos desenhos animados que jogam mini-tênis com o público.
É um começo. Além disso, incentivamos os organizadores de torneios a doar uma pequena parte do prêmio para o desenvolvimento do esporte.
Já tentei estimular isso no Brasil, mas não havia programas para receber o dinheiro, nem muito entusiasmo dos organizadores.
Nos EUA, funciona. Não é à toa que a ATP e a USTA (Associação de Tênis dos EUA) são parceiras, junto com empresas privadas, em um programa de US$ 30 milhões para o desenvolvimento do esporte.



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