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FUTEBOL
Entidade não estaria repassando para os atletas, como exige a Lei Pelé, valor das multas dos cartões do Paulista
Sindicato reclama dívida da federação
PAULO COBOS
da Reportagem Local
A FPF (Federação Paulista de Futebol) não está repassando para a
Faap (Federação das Associações
de Atletas Profissionais) o dinheiro arrecadado com as multas sobre
expulsões e cartões amarelos no
Campeonato Paulista-99.
Só no primeiro turno da fase inicial do torneio, a FPF arrecadou
quase R$ 100 mil em multas. Cada
cartão vermelho custa R$ 2 mil ao
atleta punido, enquanto o amarelo
varia de R$ 250 a R$ 500.
A acusação é do Sindicato dos
Atletas Profissionais do Estado de
São Paulo, que ainda não recebeu
nenhum centavo da parte que tem
direito na divisão do dinheiro feita
pela Faap, que também confirma
não ter recebido nada.
A exigência do repasse está na
Lei Pelé, que prevê que o dinheiro
proveniente de multas aplicadas
deve servir para programas de assistência social e educacional para
atletas do presente e do passado.
A entidade que dirige o futebol
paulista exige o pagamento das
multas 48 horas depois da realização da partida.
Caso o pagamento não seja feito,
o jogador fica proibido de atuar
nos jogos seguintes.
Cinco dias depois de arrecadada
a multa, o dinheiro deveria ir para
a Faap, que depois o repassaria para os Estados, por meio das Agap,
Associação de Garantia ao Atleta
Profissional, ou dos sindicatos de
jogadores.
No caso do Estado de São Paulo,
que não tem uma Agap, 80% do dinheiro das multas deveriam ser
enviados para o Sindicato dos
Atletas Profissionais do Estado de
São Paulo.
"Essa situação é absurda. É por
isso que a Federação Paulista é milionária, enquanto os sindicatos
estão cada vez mais pobres", diz
Olavo Nogueira Ribeiro Júnior,
advogado do Sindicato, que pode,
inclusive, entrar com uma ação na
Justiça Comum contra a FPF.
Mantida a média de cartões, a entidade que controla o futebol do
Estado deve conseguir até o final
da competição quase R$ 500 mil
em multas, mesmo com a brusca
queda no número de advertências
(leia texto acima).
Como na maioria dos casos ocorridos até o momento o valor da
multa foi pago pelos clubes, a FPF
pode descontar o dinheiro da cota
fixa que os clubes têm direito pela
participação no Paulista-99.
Mesmo dessa forma, os jogadores que não pagaram a multa do
próprio bolso ainda podem perder
dinheiro.
O recibo emitido pela FPF é feito
em nome dos jogadores, que podem receber a cobrança no futuro
por seus clubes.
Ilegalidade
Além da suposta apropriação do
dinheiro dos atletas, a Federação
Paulista de Futebol é acusada de
ilegalidades na própria cobrança
de multas em casos de expulsões e
cartões amarelos.
"A multa é inconstitucional. Só o
Tribunal de Justiça Desportiva pode aplicar uma sanção financeira
aos atletas. A federação não pode
condenar ninguém", diz Ribeiro,
que foi indicado pelo Sindicato dos
Atletas para uma das vagas do tribunal da FPF.
O valor da multa também é questionado pelo representante do sindicato paulista.
"Uma multa só pode chegar a
40% do salário de um jogador. Nos
clubes do interior pouca gente ganha R$ 2.000", diz Ribeiro, que coloca o sindicato a disposição dos
jogadores que tenham problema
com a cobrança.
A Folha procurou ontem o presidente da FPF, Eduardo José Farah,
por meio de sua assessoria de imprensa, que não o localizou.
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