São Paulo, domingo, 11 de março de 2001

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AUTOMOBILISMO

Ignorados em seu próprio país, pilotos confiam em empurrão da TV ao vivo a partir de hoje, no México

Brasileiros da Indy correm contra exílio

RICARDO PERRONE
ENVIADO ESPECIAL A MONTERREY

Dez brasileiros iniciam hoje a temporada da Indy, em Monterrey, no México, tentando chamar a atenção do público do Brasil da mesma forma que atraem os torcedores de outros países.
A prova de abertura, às 18h, marca a volta das transmissões ao vivo por uma emissora de TV brasileira. A Record mostrará pelo menos 19 das 21 corridas.
Nos últimos anos, o SBT passava apenas o VT na maioria das etapas. Para os pilotos, a TV pode ajudar a Indy a ganhar prestígio no país, apesar do cancelamento da Rio-200 em fevereiro.
A prova brasileira não ocorrerá porque a Prefeitura do Rio se recusou a pagar a taxa exigida pela Cart, que organiza o campeonato.
Depois dos treinos em Monterrey, a maioria dos brasileiros passou por um ritual raro quando estão em seu país: atender a centenas de fãs que se acotovelaram ao lado das áreas reservadas para as equipes em busca de um autógrafo ou de uma foto com os pilotos.
"Somos muito mais assediados correndo fora do Brasil, principalmente no Canadá, na Austrália e no Japão. Acredito que as transmissões ao vivo possam aumentar o interesse dos brasileiros por nossa categoria", espera Hélio Castro Neves, da Penske.
O atual campeão da Indy, Gil de Ferran, também da Penske, é um caso emblemático da situação dos brasileiros. Graças ao título, ele é um dos mais assediados pelos mexicanos. No Brasil, Ferran tem menos fãs do que Rubens Barrichello, da Ferrari, que até agora obteve só uma vitória na F-1.
"Acho isso natural porque o Rubinho corre na equipe mais famosa do mundo", afirmou Ferran.
O principal argumento dos pilotos para convencer o torcedor brasileiro a acompanhar a categoria é o equilíbrio demonstrado no ano passado. Ferran conquistou o título apesar de vencer apenas duas corridas na temporada.
"O legal da categoria é que você nunca sabe quem vai ser o vencedor. Eu entro na pista sabendo que posso ganhar ou chegar em 15º lugar", afirmou Cristiano da Matta, da Newman-Haas.
Dois dos brasileiros com mais chances de título, Ferran e Castro Neves, terão de disputar nas pistas a preferência de sua equipe.
Segundo Castro Neves, existe um acordo que garante o mesmo tratamento aos dois, apesar de Ferran ser o atual campeão. Mas a igualdade pode mudar.
"Se um abrir vantagem sobre o outro, ganhará a preferência da equipe", disse Castro Neves.
Na última temporada, ele passou por essa situação. Com Ferran melhor classificado, Castro Neves chegou a receber ordens para dar passagem ao parceiro.
Cristiano da Matta, que trocou a PPI pela Newman-Haas este ano, também terá um brasileiro na equipe: Christian Fittipaldi, que está na categoria desde 1995.
Dois brasileiros estréiam neste ano: Bruno Junqueira, na Ganassi, e Max Wilson, na Arciero.

Treinos
Os pilotos esperam que a pista do autódromo, construído para receber a Indy, depois de 20 anos ausente no país, esteja menos escorregadia. No primeiro treino, anteontem, a sessão foi parada por falta de condições da pista.
A maioria dos pilotos acha que hoje o asfalto estará mais aderente por causa do uso nos treinos.
Três brasileiros largarão entre os quatro primeiros, mas a pole position ficou com o sueco Kenny Brack, que foi o melhor no treino de ontem. Cristiano da Matta larga em segundo, seguido por Gil de Ferran e Hélio Castro Neves.
Fora da pista, a preocupação dos organizadores é com uma ponte usada para a travessia em cima da maior reta do circuito.
Ela não suportou o peso e começou a balançar. Para evitar um acidente grave, a ponte foi interditada para ser soldada.
Os problemas no autódromo podem fazer com que o comitê organizador da corrida seja multado pela Cart em US$ 125 mil.


O jornalista Ricardo Perrone viaja a convite da equipe Mo Nunn
NA TV - Record, às 18h


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