|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AUTOMOBILISMO
Ignorados em seu próprio país, pilotos confiam em empurrão da TV ao vivo a partir de hoje, no México
Brasileiros da Indy correm contra exílio
RICARDO PERRONE
ENVIADO ESPECIAL A MONTERREY
Dez brasileiros iniciam hoje a
temporada da Indy, em Monterrey, no México, tentando chamar
a atenção do público do Brasil da
mesma forma que atraem os torcedores de outros países.
A prova de abertura, às 18h,
marca a volta das transmissões ao
vivo por uma emissora de TV brasileira. A Record mostrará pelo
menos 19 das 21 corridas.
Nos últimos anos, o SBT passava apenas o VT na maioria das
etapas. Para os pilotos, a TV pode
ajudar a Indy a ganhar prestígio
no país, apesar do cancelamento
da Rio-200 em fevereiro.
A prova brasileira não ocorrerá
porque a Prefeitura do Rio se recusou a pagar a taxa exigida pela
Cart, que organiza o campeonato.
Depois dos treinos em Monterrey, a maioria dos brasileiros passou por um ritual raro quando estão em seu país: atender a centenas de fãs que se acotovelaram ao
lado das áreas reservadas para as
equipes em busca de um autógrafo ou de uma foto com os pilotos.
"Somos muito mais assediados
correndo fora do Brasil, principalmente no Canadá, na Austrália
e no Japão. Acredito que as transmissões ao vivo possam aumentar o interesse dos brasileiros por
nossa categoria", espera Hélio
Castro Neves, da Penske.
O atual campeão da Indy, Gil de
Ferran, também da Penske, é um
caso emblemático da situação dos
brasileiros. Graças ao título, ele é
um dos mais assediados pelos
mexicanos. No Brasil, Ferran tem
menos fãs do que Rubens Barrichello, da Ferrari, que até agora
obteve só uma vitória na F-1.
"Acho isso natural porque o Rubinho corre na equipe mais famosa do mundo", afirmou Ferran.
O principal argumento dos pilotos para convencer o torcedor
brasileiro a acompanhar a categoria é o equilíbrio demonstrado no
ano passado. Ferran conquistou o
título apesar de vencer apenas
duas corridas na temporada.
"O legal da categoria é que você
nunca sabe quem vai ser o vencedor. Eu entro na pista sabendo
que posso ganhar ou chegar em
15º lugar", afirmou Cristiano da
Matta, da Newman-Haas.
Dois dos brasileiros com mais
chances de título, Ferran e Castro
Neves, terão de disputar nas pistas a preferência de sua equipe.
Segundo Castro Neves, existe
um acordo que garante o mesmo
tratamento aos dois, apesar de
Ferran ser o atual campeão. Mas a
igualdade pode mudar.
"Se um abrir vantagem sobre o
outro, ganhará a preferência da
equipe", disse Castro Neves.
Na última temporada, ele passou por essa situação. Com Ferran melhor classificado, Castro
Neves chegou a receber ordens
para dar passagem ao parceiro.
Cristiano da Matta, que trocou a
PPI pela Newman-Haas este ano,
também terá um brasileiro na
equipe: Christian Fittipaldi, que
está na categoria desde 1995.
Dois brasileiros estréiam neste
ano: Bruno Junqueira, na Ganassi, e Max Wilson, na Arciero.
Treinos
Os pilotos esperam que a pista
do autódromo, construído para
receber a Indy, depois de 20 anos
ausente no país, esteja menos escorregadia. No primeiro treino,
anteontem, a sessão foi parada
por falta de condições da pista.
A maioria dos pilotos acha que
hoje o asfalto estará mais aderente
por causa do uso nos treinos.
Três brasileiros largarão entre
os quatro primeiros, mas a pole
position ficou com o sueco Kenny
Brack, que foi o melhor no treino
de ontem. Cristiano da Matta larga em segundo, seguido por Gil de
Ferran e Hélio Castro Neves.
Fora da pista, a preocupação
dos organizadores é com uma
ponte usada para a travessia em
cima da maior reta do circuito.
Ela não suportou o peso e começou a balançar. Para evitar um
acidente grave, a ponte foi interditada para ser soldada.
Os problemas no autódromo
podem fazer com que o comitê
organizador da corrida seja multado pela Cart em US$ 125 mil.
O jornalista Ricardo Perrone viaja a
convite da equipe Mo Nunn
NA TV - Record, às 18h
Texto Anterior: Real Madrid tem jogo fácil pelo Espanhol Próximo Texto: O personagem: Atual campeão, Gil espera um ano mais difícil Índice
|