São Paulo, Domingo, 11 de Abril de 1999
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F-1 revive era Senna hoje em Interlagos

Otávio Dias de Oliveira/Folha Imagem
O piloto finlandês Mika Hakkinen, da McLaren, atual capeão da categoria, durante os treinos livres em Interlagos


JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
da Reportagem Local

A desvalorização cambial e o cancelamento do GP da Argentina estão fazendo o que os pilotos brasileiros não conseguiram nos últimos quatro anos, após a morte de Ayrton Senna: recuperar o interesse pelo GP Brasil.
Pelo menos no tocante à movimentação financeira, incluindo gastos com hospedagem, alimentação e transportes, o GP de 1999 apresenta valores parecidos aos das corridas de Interlagos no início dos anos 90, quando Senna estava em atividade.
Nas quatro primeiras provas em São Paulo da década de 90, o GP Brasil movimentou, em média, US$ 20 milhões. Depois da morte de Senna, houve uma redução de quase 40%. Agora, porém, há uma recuperação e, segundo estimativas dos organizadores, a movimentação financeira gerada pelo GP deverá ficar em torno de US$ 18 milhões, 10% apenas abaixo dos tempos de Senna.
Nos principais hotéis de São Paulo, pelo menos 2.000 quartos são ocupados por conta do GP Brasil. No hotel Transamérica, no qual fica a maior parte dos pilotos, a taxa de ocupação na semana da corrida é de 100%, enquanto a média no ano fica em torno de 65%. De seus 400 quartos, 300 são reservados para as equipes de F-1.
Segundo a Secretaria de Esportes e Turismo do Estado de São Paulo e a International Promotion, promotora da corrida, em relação às quatro provas anteriores, a principal diferença dá-se pelo maior afluxo de turistas, principalmente argentinos, cariocas e paranaenses, e pela retomada de investimento dos patrocinadores.
Os argentinos compraram pacotes para São Paulo por dois motivos. O primeiro, o fato de não haver prova em Buenos Aires em 1999. O segundo, o de que, por causa da desvalorização do real em relação ao dólar, ficou mais barato viajar ao Brasil.
Em relação ao Rio e ao Paraná, a explicação para o maior interesse pela corrida em 1999 é explicada pelo aumento do custo do turismo internacional em relação ao nacional. Com a desvalorização do real, os brasileiros estão optando por viagens dentro do país, em detrimento das internacionais.
Sobre a retomada do investimento de empresas no GP Brasil, novamente o cancelamento do GP da Argentina e a desvalorização cambial são apontados como os responsáveis pelo fenômeno.
Sem o GP da Argentina, que dividia a atenção -e o dinheiro- das empresas que investem na América do Sul, o caminho ficou aberto para o GP Brasil.
Em 1999, novos contratos de patrocínio foram assinados. Embora os valores sejam ligeiramente inferiores aos da época de Senna, são quase 40% superiores do que os do ano passado.
Pela primeira vez desde a morte de Senna, a prova tem um patrocinador oficial, a Philip Morris do Brasil, dona da marca de cigarros Marlboro no país. Entre 1995 e 1998, a Prefeitura de São Paulo, sem patrocínio oficial, arcou com as contas da promoção do evento.


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