São Paulo, sexta-feira, 11 de maio de 2001

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BOXE

Utopia

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

A AMB (Associação Mundial de Boxe) deixou vagos nesta semana três de seus cinturões, o dos meio-pesados, o dos médios-ligeiros e o dos meio-médios-ligeiros ao destituir o norte-americano Roy Jones Jr., o porto-riquenho Félix Trinidad e o russo Kostya Tszyu. Não se tratou de uma punição aos três da parte da entidade, ao contrário. A AMB os promoveu à posição de ""supercampeões".
Comum aos três está o fato de eles terem em seu poder cinturões de mais de uma das entidade regulamentadoras do boxe.
É provável que de agora em diante os chamados ""supercampeões" só possam pôr os títulos em jogo contra os ""campeões".
Na teoria, seria uma forma de selecionar melhor os adversários dos três, mas, infelizmente, na prática, poluirá o boxe com mais cinturões (justamente agora que comemorávamos o fato de o Conselho Mundial de Boxe ter extinguido o esdrúxulo título de ""campeão interino"").
Um plano semelhante, mas mais eficaz, foi apresentado pelo então colunista da revista ""The Ring" Mike Katz há alguns anos. Sua idéia era organizar um torneio eliminatório em cada uma das categorias de peso, envolvendo os campeões das quatro mais importantes entidades: CMB, AMB, Federação Internacional de Boxe e Organização Mundial de Boxe.
Segundo ele, haveria duas semifinais, que definiriam os finalistas da competição. O vencedor da final seria reconhecido como o verdadeiro ""supercampeão". Os perdedores, e mais alguns pugilistas bem ranqueados, lutariam entre si pelos títulos de cada uma de suas entidades, que agora estariam vagos. Na prática, eles se tornariam os desafiantes do ""supercampeão".
A entidade (CMB, AMB, FIB e OMB) que era representada pelo ""supercampeão" no início do torneio seria a responsável por dirigir as futuras (e milionárias) defesas do ""supercampeão".
Se posto em prática, as vantagens desse plano seriam inúmeras. Logo de cara, as entidades não ranqueariam pugilistas fracos nas primeiras posições de seus rankings, pois isso diminuiria suas chances de desbancar o representante de uma entidade concorrente no mais alto posto daquela determinada categoria.
Para os fãs, seria muito mais fácil seguir, e por consequência apreciar, o esporte do boxe.
O grande empecilho é o fato de haver muita rivalidade entre promotores, empresários, entidades e redes de TV, para permitir que esse plano se torne realidade. O porto-riquenho Francisco Valcarcel, presidente da OMB, resumiu a situação quando discuti o assunto com ele há alguns meses. ""O pugilismo é um negócio que envolve muitos interesses. Seria impossível contornar as discordâncias que surgiriam nessa situação", analisou naquela ocasião.
É uma pena que o plano de ter um ""supercampeão" legítimo, que não seja só uma jogada de marketing, não sairá do papel.

Por falar em torneios unificatórios, o promotor de lutas Don King promove amanhã à noite a segunda programação da unificação dos pesos-médios.
Trinidad enfrenta William Joppy, campeão dos médios pela AMB (nenhuma rede de TV transmite para o Brasil). O vencedor enfrenta em setembro Bernard Hopkins, campeão por CMB e FIB, que bateu Keith Holmes no programa inicial.

Na telinha
A DirecTV transmite hoje, a partir das 23h, no canal 303, a disputa do título intercontinental dos pesos-moscas da OMB entre os mexicanos Victor Burgos e Jose Antonio Hernandez, direto de Tijuana, no México. Também estará em disputa o cinturão dos pesos-galos da Nabo (título norte-americano da OMB), entre os também mexicanos Ricardo Vargas e Jose Alonzo.

No ringue 1
O brasileiro Marco Duarte enfrenta o francês Bruno Girard, ex-campeão dos supermédios pela AMB, na segunda. O combate, disputado na França, será na categoria dos meio-pesados.

No ringue 2
Na última terça-feira, pela categoria dos cruzadores, o campeão brasileiro dos meio-pesados, o paulista Mário Soares, venceu o carioca Eduardo Balduíno, por pontos, em São Paulo.

E-mail: eohata@folhasp.com.br


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