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BOXE
Utopia
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
A AMB (Associação Mundial de Boxe) deixou vagos
nesta semana três de seus cinturões, o dos meio-pesados, o dos
médios-ligeiros e o dos meio-médios-ligeiros ao destituir o
norte-americano Roy Jones Jr., o
porto-riquenho Félix Trinidad e
o russo Kostya Tszyu. Não se
tratou de uma punição aos três
da parte da entidade, ao contrário. A AMB os promoveu à posição de ""supercampeões".
Comum aos três está o fato de
eles terem em seu poder cinturões de mais de uma das entidade regulamentadoras do boxe.
É provável que de agora em
diante os chamados ""supercampeões" só possam pôr os títulos
em jogo contra os ""campeões".
Na teoria, seria uma forma de
selecionar melhor os adversários dos três, mas, infelizmente,
na prática, poluirá o boxe com
mais cinturões (justamente agora que comemorávamos o fato
de o Conselho Mundial de Boxe
ter extinguido o esdrúxulo título
de ""campeão interino"").
Um plano semelhante, mas
mais eficaz, foi apresentado pelo
então colunista da revista ""The
Ring" Mike Katz há alguns
anos. Sua idéia era organizar
um torneio eliminatório em cada uma das categorias de peso,
envolvendo os campeões das
quatro mais importantes entidades: CMB, AMB, Federação
Internacional de Boxe e Organização Mundial de Boxe.
Segundo ele, haveria duas semifinais, que definiriam os finalistas da competição. O vencedor da final seria reconhecido
como o verdadeiro ""supercampeão". Os perdedores, e mais alguns pugilistas bem ranqueados, lutariam entre si pelos títulos de cada uma de suas entidades, que agora estariam vagos.
Na prática, eles se tornariam os
desafiantes do ""supercampeão".
A entidade (CMB, AMB, FIB e
OMB) que era representada pelo ""supercampeão" no início do
torneio seria a responsável por
dirigir as futuras (e milionárias)
defesas do ""supercampeão".
Se posto em prática, as vantagens desse plano seriam inúmeras. Logo de cara, as entidades
não ranqueariam pugilistas fracos nas primeiras posições de
seus rankings, pois isso diminuiria suas chances de desbancar o
representante de uma entidade
concorrente no mais alto posto
daquela determinada categoria.
Para os fãs, seria muito mais
fácil seguir, e por consequência
apreciar, o esporte do boxe.
O grande empecilho é o fato de
haver muita rivalidade entre
promotores, empresários, entidades e redes de TV, para permitir que esse plano se torne
realidade. O porto-riquenho
Francisco Valcarcel, presidente
da OMB, resumiu a situação
quando discuti o assunto com
ele há alguns meses. ""O pugilismo é um negócio que envolve
muitos interesses. Seria impossível contornar as discordâncias
que surgiriam nessa situação",
analisou naquela ocasião.
É uma pena que o plano de ter
um ""supercampeão" legítimo,
que não seja só uma jogada de
marketing, não sairá do papel.
Por falar em torneios unificatórios, o promotor de lutas Don
King promove amanhã à noite
a segunda programação da unificação dos pesos-médios.
Trinidad enfrenta William
Joppy, campeão dos médios pela
AMB (nenhuma rede de TV
transmite para o Brasil). O vencedor enfrenta em setembro
Bernard Hopkins, campeão por
CMB e FIB, que bateu Keith
Holmes no programa inicial.
Na telinha
A DirecTV transmite hoje, a partir das 23h, no canal 303, a disputa do título intercontinental dos pesos-moscas da OMB entre os mexicanos Victor Burgos e Jose Antonio Hernandez, direto de Tijuana, no México. Também estará em disputa o cinturão dos pesos-galos da Nabo (título norte-americano da OMB), entre os também mexicanos Ricardo Vargas e Jose Alonzo.
No ringue 1
O brasileiro Marco Duarte enfrenta o francês Bruno Girard, ex-campeão dos supermédios pela AMB, na segunda. O combate,
disputado na França, será na categoria dos meio-pesados.
No ringue 2
Na última terça-feira, pela categoria dos cruzadores, o campeão brasileiro dos meio-pesados, o paulista Mário Soares, venceu o carioca Eduardo Balduíno, por pontos, em São Paulo.
E-mail: eohata@folhasp.com.br
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