|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AUTOMOBILISMO
Schumacher "não pisa na jaca e é como o Senna", diz piloto
Barrichello enfim admite
que está aquém de alemão
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A ZELTWEG
Exatos dois anos após ter assinado com a Ferrari, Rubens Barrichello adotou ontem, pela primeira vez, o discurso de segundo
piloto da escuderia: disse que não
está no mesmo nível de Michael
Schumacher e que as suas esperanças de um bom resultado estão
em um erro do companheiro.
As declarações foram dadas em
Zeltweg, onde hoje, a partir das 6h
(de Brasília), acontece o primeiro
treino livre para o GP da Áustria,
sexta etapa do Mundial de F-1.
"Meu problema é que nos últimos tempos ele não pisca o olho,
não enfia o pé na jaca. Estou lidando com uma pessoa fora do
normal, do nível do Ayrton [Senna", e eu não estou nesse nível",
disse Barrichello. "Os pilotos normais sempre têm altos e baixos.
Ele não tem isso. Está sempre em
alta, trabalha e tem estrela."
Coincidência ou não, a nova
postura do brasileiro coincide
com o início das negociações para
a renovação do seu contrato com
a Ferrari -o atual compromisso
termina ao fim desta temporada.
A primeira reunião para tratar
do assunto aconteceu em Barcelona, há duas semanas, durante o
GP da Espanha. Ontem, Barrichello afirmou que as conversas com
o time já se tornaram diárias.
"O papo com a Ferrari está indo
muito bem, obrigado", completou, desmentindo as especulações
mais recentes da F-1. "Não conheço nem uma pessoa sequer da
Toyota e não acredito que a Ferrari arriscaria contratar um piloto
jovem como o Kimi [Raikkonen,
21, hoje na Sauber"", disse.
Contratado pela Ferrari em
maio de 1999 e anunciado oficialmente apenas em setembro daquele ano, o brasileiro sempre renegou o rótulo de segundo piloto
da escuderia italiana.
Dizia que sua ida para a Ferrari
responderia a uma dúvida pessoal: se ele é um piloto especial ou
apenas mais um na categoria.
Ontem, voltou a falar sobre a
questão. "É difícil responder. Me
considero uma pessoa acima do
normal, mas é complicado correr
com o Schumacher. Acho que nenhum outro piloto faria mais do
que eu estou conseguindo."
Em 22 corridas pela Ferrari, o
brasileiro largou na frente do
companheiro de equipe apenas
duas vezes. Schumacher venceu
12 provas, e o brasileiro apenas
uma, o GP da Alemanha, em Hockenheim, no ano passado.
Uma das poucas vezes em que
Barrichello chegou à frente do alemão foi justamente em Zeltweg,
na última edição do GP da Áustria. Na ocasião, Schumacher foi
tirado da pista logo na largada por
Ricardo Zonta, então na BAR, enquanto seu companheiro conseguiu chegar em terceiro.
O circuito austríaco é o único da
F-1 onde Schumacher nunca venceu. Seu melhor resultado foi um
terceiro lugar, em 1998. O alemão
já declarou que espera romper o
tabu neste fim de semana.
Texto Anterior: Futebol - José Roberto Torero: Zé Cabala, o retórico Próximo Texto: Eleições deixam equipe italiana em suspenso Índice
|