DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O gaúcho Carlos Eugênio Simon, irritado com a repercussão da sua polêmica arbitragem no jogo entre Corinthians e Brasiliense, no jogo de ida da final da Copa do Brasil, disse ontem que vai processar o ex-senador Luiz Estevão por calúnia, injúria e difamação. Ele afirmou também que irá pedir indenização por perdas e danos.
O processo será baseado nas declarações de Estevão, que acusou Simon de "bandido", "desonesto" e ainda afirmou que sua equipe teria sido "roubada" no Morumbi, quando o Corinthians derrotou o Brasiliense por 2 a 1.
Simon acabou sendo afastado anteontem pela Comissão de Arbitragem da CBF pelos erros que cometeu na primeira partida da final da Copa do Brasil.
""Eu não fui comunicado disso [do afastamento". A comissão de arbitragem da CBF não me disse nada", afirmou Simon.
Ele disse que ainda não acredita que alguém da CBF o tenha julgado, ainda mais em razão de lances ""passíveis de interpretação".
Simon viajou ontem para Braga (450 km de Porto Alegre), onde vai ver parentes e descansar antes de seguir para a Coréia e o Japão -ele é o único juiz brasileiro indicado pela Fifa para o Mundial.
Estevão, presidente do Brasiliense, reagiu com mais insultos ao saber da iniciativa do árbitro.
"Às observações que já fiz sobre ele [Simon", tenho que acrescentar mais três. Em primeiro lugar, quero dizer que ele é um cínico. Como ele tem coragem dar uma entrevista e falar que não errou? Em segundo lugar, ele é um cara-de-pau de, apesar de ter sido afastado pela CBF, ainda se sentir qualificado para representar a arbitragem brasileira na Copa. E a terceira coisa que quero falar é que ele é um cretino porque vai expor o futebol brasileiro a um imenso constrangimento com a sua presença no Mundial", disse o ex-senador à Folha.
Simon reiterou que não errou ao não marcar falta de Gil no lance que originou o segundo gol corintiano e ao não assinalar pênalti quando Anderson caiu com os braços apoiados nas costas de Carioca, do Brasiliense.
""Revi o jogo pela TV. Por isso, estou muito tranquilo. Na suposta falta no gol do Corinthians, quando o zagueiro do Brasiliense caiu, os dois corriam olhando para cima. Houve um choque normal entre os dois. No lance do pênalti, o atleta tentou dar um chute, e a bola escapuliu. Os dois tropeçaram. Não tem nada de escandaloso na minha arbitragem."
O árbitro minimizou o efeito do afastamento imposto a ele. Diz que sua presença na Copa está certa e que, na verdade, será apenas "poupado" de um jogo no final de semana. (LÉO GERCHMANN)