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São Paulo, domingo, 11 de maio de 2003

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BASQUETE

Novo treinador prega aplicação e solidariedade após seleção da NBA naufragar, em casa, no Mundial de 2002

EUA anunciam "Time dos Sonhos" básico

LUÍS CURRO
EDITOR-ASSISTENTE DE ESPORTE

Setembro de 2002, dia 4.
Sob o comando de George Karl, a seleção norte-americana masculina de basquete perde por 87 a 80 da Argentina no Mundial de Indianápolis. Era a primeira derrota, após invencibilidade de 73 jogos iniciada em 1992, da equipe conhecida como "Dream Team". Estava decretado o fim do "Time dos Sonhos". O país-sede ainda seria derrotado mais duas vezes e amargaria a sexta colocação.
Novembro de 2002, dia 26.
Larry Brown supera a concorrência de Pat Riley e Phil Jackson e é nomeado técnico da seleção dos EUA. O desafio, que na realidade tem cunho de obrigação: recuperar, no período de dois anos, o prestígio do basquete do país e levá-lo, com o ouro olímpico em Atenas-2004, novamente ao topo, lugar hoje ocupado pela Iugoslávia, atual bicampeã mundial.
Como Brown, 62, que comanda o Philadelphia 76ers na NBA, pretende fazer isso? "Jogando basquete do jeito que deve ser jogado", declarou ele, em entrevista concedida por e-mail à Folha.
E que jeito é esse? "The right way" ("O jeito certo"), explicou Brown, referindo-se aos ensinamentos de seus técnicos Frank McGuire e Dean Smith na Universidade da Carolina do Norte, nos anos 60: passe a bola, se aplique na defesa, execute as jogadas, lute pelo rebote, não seja egoísta.
Treinador de temperamento forte, não admite estrelismo em suas equipes. Nem jogadores individualistas. Mover a bola é a regra no ataque. Na defesa, ninguém relaxa nem sequer um minuto. Para ele, esses são os princípios fundamentais do basquete -coisas básicas para a vitória.

Folha - Qual a a expectativa para dirigir a seleção dos EUA que tentará uma vaga nos Jogos de Atenas?
Larry Brown -
Eu espero que alcancemos o sucesso jogando basquete do jeito que deve ser jogado.

Folha - O "Dream Team" falhou, pela primeira vez, no Mundial de Indianápolis. O que não deu certo?
Brown -
Eu não fazia parte daquele grupo, então não tenho como opinar sobre o que deu errado. O mais importante agora é olhar para a frente e juntar na seleção os melhores à disposição.

Folha - Você gostaria de trabalhar com quais atletas?
Brown -
Eu não tenho nenhuma influência na escolha dos atletas, mas tenho certeza de que o comitê [da USA Basketball, a federação norte-americana de basquete, que monta as seleções nacionais" recrutará os rapazes mais merecedores. Pode-se não contar sempre com o melhor atleta, o mais importante é ter o melhor conjunto. Com a quantidade de talento que temos na NBA, estou certo de que poderemos montar um time que jogue do jeito certo.

Folha - Shaquille O'Neal [do Los Angeles Lakers, melhor pivô da NBA" disse que só voltaria a defender os EUA se o comando fosse de Phil Jackson [seu atual técnico e nove vezes campeão na liga americana como treinador". O que o sr. pensa disso? O'Neal é dispensável?
Brown -
Seria ótimo contar com Shaq, seria realmente importante tê-lo no time. Se ele não jogar, há vários atletas na nossa liga capazes de substituí-lo com eficácia.

Folha - O que esperar de um jogador sob seu comando?
Brown -
Gosto de atletas que joguem duro, sem egoísmo e que estejam sempre buscando evoluir. As outras coisas caminham com a próprias pernas.

Folha - Sempre surgem rumores de que vários jogadores da NBA não gostam de defender a seleção dos EUA por receio de se machucar ou por puro desinteresse...
Brown -
Acho que isso não corresponde à realidade. Creio que a maioria dos atletas da NBA quer defender a seleção. Mas a temporada é longa, e é um grande compromisso abrir mão de dois verões [nos EUA, as férias dos atletas coincidem com a disputa do Pré-Olímpico e da Olimpíada".

Folha - O sr. acredita que motivação é suficiente para garantir uma boa performance de um atleta da NBA ou as partes física, técnica e tática também são fundamentais?
Brown -
Não fico muito concentrado em táticas ou em motivação. Os jogadores querem mesmo é um comandante que os leve a atuar da maneira correta.

Folha - O que o sr. sabe sobre o basquete brasileiro?
Brown -
Conheço Oscar Schmidt [ala do Flamengo, recordista de pontos em Olimpíadas". Gosto muito de assistir aos jogos da seleção brasileira. Além disso, acho que Hilário [Nenê, ala-pivô do Denver Nuggets" será, um dia, um excelente jogador em nossa liga.

Folha - Quais países são favoritos para obter as três vagas em disputa no Pré-Olímpico das Américas?
Brown -
Não posso dizer porque ainda não vi nossos adversários jogarem. Também não sei como estará nosso time. O nível de competitividade em todo o planeta tem aumentado, e isso ficou provado no último Mundial.


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