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Denílson e França personificam o campeão
ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas
Antes mesmo de a bola começar a rolar no Morumbi, o técnico Nelsinho já escrevia nos
vestiários o primeiro capítulo
da finalíssima. Foi quando ousou não só escalar Raí como
abolir de vez a figura do cabeça-de-área típico, com Carlos
Miguel no lugar de Gallo, deixando esse menino de ouro,
Alexandre, com a função de
iniciar a proteção à zaga.
Assim, o tricolor entrou em
campo devidamente equilibrado para desequilibrar um jogo
que se anunciava como simples extensão do primeiro jogo,
vencido pelo Corinthians.
Então, o que se viu, ao longo
de todo o primeiro tempo, foi
um Corinthians bem plantado
atrás, atento na marcação, sobretudo de Raí, mas, agora,
diante de um outro São Paulo.
Um São Paulo que foi se debruçando sobre o adversário,
como uma jibóia paciente, enrolando-se em torno da presa,
sufocando-a aos poucos, graças ao toque de bola impecável, que saía já desde lá detrás,
com Capitão, um cabeça-de-área transformado em central
pelo próprio Nelsinho, passava
por Alexandre, e, a partir daí,
um leque de alternativas, de
Zé Carlos a Serginho, sem se
falar em Raí e Denílson.
Sem condições de recorrer ao
contragolpe, sua única arma
até agora, já que o São Paulo
atacava, sim, mas sempre com
um olho no contra-ataque adversário, até mesmo depois da
contusão de Márcio Santos, o
Corithians apenas contava os
minutos, enquanto se desenhava no ar o gol tricolor.
Por duas vezes, França quase
chega lá. Em seguida, Raí fura
na cara do gol aberto, para, na
sequência, faturar, de cabeça.
E, mesmo ganhando de 1 a 0,
o São Paulo voltou para o segundo tempo na mesma toada.
E, mesmo antes de o Corinthians invocar todos os seus
orixás concentrados na figura
de Didi, o mais novo amuleto
alvinegro, duas boas chances
foram desperdiçadas. Coube,
porém, a Didi injetar uma dose de indecisão ao jogo, numa
jogada brilhante e pessoal: dominou na entrada da área e
tocou de curva: gol.
Indecisão? Que nada. Eis o
tricolor novamente tocando a
bola, envolvendo o adversário
e buscando o gol, que viria logo depois -tabelinha
Raí-França, e o artilheiro impõe a justiça no placar.
Justiça que seria absoluta se
esse mesmo placar estampasse
uma goleada de quatro ou cinco gols, embora o terceiro gol,
de França, valesse não só pelo
título de campeão, mas sobretudo como um emblema dessa
campanha fascinante do São
Paulo, personificada pelos seus
dois mais significativos craques: Denílson, sobre a superfície de uma folha de papel, entre o inimigo e a linha de fundo, infiltra-se e serve França, o
artilheiro, que, de virada, põe
um ponto final nesta epopéia,
que resume um velho e sábio
ensinamento -também se ganha com arte e ousadia. Só
que, além de mais justo, é ainda mais saboroso.
Raí, simplesmente magnífico, insere-se defintivamente
como o maior ídolo da história
da torcida. Ninguém antes
-nem Leônidas nem Zizinho
nem Gerson ou Pedro Rocha,
seu êmulo- entranhou-se na
alma tricolor como ele.
Mas a pedra de toque desse
time é um menino que resume
no seu futebol raça, ciência e
habilidade: Alexandre.
Alberto Helena Jr escreve às segundas,
quartas e domingos
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