|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Kuerten abandona favoritismo
DE PARIS
Os dois últimos jogos de Gustavo Kuerten em Roland Garros
não só desgastaram fisicamente o
tenista como minaram sua autoconfiança para a final do torneio.
Se, no início da competição, ele
assumia abertamente a condição
de favorito e até prometia usar esse fator para se impor diante dos
rivais, depois dos jogos contra o
russo Ievguêni Kafelnikov, pelas
quartas-de-final, e o espanhol
Juan Carlos Ferrero, na semifinal,
o discurso do brasileiro mudou.
Em ambos os casos, o brasileiro
conseguiu vencer de virada jogos
que já estavam praticamente definidos a favor do rival e, desde então, adotou um discurso de incerteza sobre sua sorte no torneio.
Após o jogo contra Ferrero, anteontem, Kuerten deu uma demonstração de que a modéstia ganhou o espaço da autoconfiança
no seu comportamento.
"Foi um excelente jogo, a platéia
gostou muito, vibrou. Se eu tivesse perdido no quinto set, estaria
satisfeito do mesmo jeito", afirmou o tenista brasileiro.
Ele já havia assumido sua despretensão em relação ao torneio
depois da dramática vitória contra Kafelnikov -o adversário
vencia por dois sets a um e liderava a quarta parcial.
"Já era para eu estar no Brasil,
mas depois desse jogo, o que vier
é lucro", disse Kuerten. O tenista
disse que está satisfeito em ter
chegado pela segunda vez à final
do torneio. "Só de poder estar lá
(na final) já é uma honra."
Embora reaja com tamanha humildade diante da final, Kuerten
tem exaltado a importância do fator psicológico em uma decisão.
"O tenista tem de ter várias armas, mas, se não tiver força mental, não vai a lugar nenhum. Acho
que essa foi a chave para eu me recuperar nesses jogos", disse, referindo-se às duas últimas partidas.
Kuerten tem dois exemplos
-um positivo e outro negativo-
de como o lado psicológico afetou
seu rendimento. Contra Kafelnikov, o brasileiro estava em vantagem no placar e jogava melhor até
"começar a pensar" -ele se lembrou de outras partidas pelo torneio e acabou desconcentrado.
Já contra Ferrero, os pensamentos o ajudaram. "Eu me lembrei
da situação que tinha passado
contra Kafelnikov, e isso me ajudou a manter o equilíbrio", disse
o brasileiro.
(RONALDO SOARES)
Texto Anterior: O jogo decisivo de uma geração Próximo Texto: Brasileiro vai atacar; sueco, defender Índice
|