São Paulo, domingo, 11 de junho de 2000


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Kuerten abandona favoritismo

DE PARIS

Os dois últimos jogos de Gustavo Kuerten em Roland Garros não só desgastaram fisicamente o tenista como minaram sua autoconfiança para a final do torneio.
Se, no início da competição, ele assumia abertamente a condição de favorito e até prometia usar esse fator para se impor diante dos rivais, depois dos jogos contra o russo Ievguêni Kafelnikov, pelas quartas-de-final, e o espanhol Juan Carlos Ferrero, na semifinal, o discurso do brasileiro mudou.
Em ambos os casos, o brasileiro conseguiu vencer de virada jogos que já estavam praticamente definidos a favor do rival e, desde então, adotou um discurso de incerteza sobre sua sorte no torneio.
Após o jogo contra Ferrero, anteontem, Kuerten deu uma demonstração de que a modéstia ganhou o espaço da autoconfiança no seu comportamento.
"Foi um excelente jogo, a platéia gostou muito, vibrou. Se eu tivesse perdido no quinto set, estaria satisfeito do mesmo jeito", afirmou o tenista brasileiro.
Ele já havia assumido sua despretensão em relação ao torneio depois da dramática vitória contra Kafelnikov -o adversário vencia por dois sets a um e liderava a quarta parcial.
"Já era para eu estar no Brasil, mas depois desse jogo, o que vier é lucro", disse Kuerten. O tenista disse que está satisfeito em ter chegado pela segunda vez à final do torneio. "Só de poder estar lá (na final) já é uma honra."
Embora reaja com tamanha humildade diante da final, Kuerten tem exaltado a importância do fator psicológico em uma decisão.
"O tenista tem de ter várias armas, mas, se não tiver força mental, não vai a lugar nenhum. Acho que essa foi a chave para eu me recuperar nesses jogos", disse, referindo-se às duas últimas partidas.
Kuerten tem dois exemplos -um positivo e outro negativo- de como o lado psicológico afetou seu rendimento. Contra Kafelnikov, o brasileiro estava em vantagem no placar e jogava melhor até "começar a pensar" -ele se lembrou de outras partidas pelo torneio e acabou desconcentrado.
Já contra Ferrero, os pensamentos o ajudaram. "Eu me lembrei da situação que tinha passado contra Kafelnikov, e isso me ajudou a manter o equilíbrio", disse o brasileiro. (RONALDO SOARES)


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