Entidade decide que clubes só são obrigados a liberar atletas até 23 anos à Olimpíada, o que não inclui meia-atacante

Agente do jogador admite que agora sua ida a Pequim depende de negociação da CBF com o Barcelona, mas acha participação viável

RODRIGO BUENO
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma determinação da Fifa de ontem deixou o meia-atacante Ronaldinho mais longe da Olimpíada de Pequim. Pela decisão, o Barcelona não é obrigado a liberá-lo para os Jogos, já que se trata de um jogador acima de 23 anos. Clubes com atletas até este limite de idade terão de cedê-los às seleções.
Com essa posição, a entidade máxima do futebol deu razão ao clube catalão na queda-de-braço com a CBF, que o convocou para os Jogos. Os espanhóis já tinham recusado a liberação.
O agente e irmão de Ronaldinho, Assis, admitiu que, no cenário atual, é necessária uma aprovação do Barcelona para ir à Olimpíada. Para ele, não tem como forçar sua participação.
"Já manifestamos interesse em ir à Olimpíada. Cabe à CBF negociar com o Barcelona", disse ele. "Não acho que isso inviabiliza [a decisão da Fifa]. Podemos ajudar na negociação."
Em sua declaração ontem, a Fifa afirmou que "não é compulsória" a cessão dos atletas acima de 23 anos, segundo regulamento da entidade. Mas ressalvou que, em março, apelou à "solidariedade dos clubes" para liberar os atletas.
Só que não houve boa vontade dos times. Tanto que a Argentina e seleções africanas também perderam jogadores. O Milan, por exemplo, descartou a participação de Kaká.
Baseado na legislação, o Barcelona já tinha exigido que Ronaldinho se apresente ao clube na segunda, 14 de julho. Assis não quis confirmar se o meia-atacante vai ao clube: "Muita coisa acontecerá até lá".
Ontem, por exemplo, oito diretores do Barcelona pediram demissão por sentirem que não tinham apoio dos sócios -60% deles pediu a queda da atual cúpula do clube. Por enquanto, o presidente Joan Laporta, decidiu que fica no time catalão.
Sua presença atrapalha a negociação com a CBF, cujo presidente Ricardo Teixeira é ligado a membros da oposição. Procurada, a assessoria da confederação não respondeu às ligações.
Outra opção para viabilizar Ronaldinho na Olimpíada é sua transferência. Diretores do Barcelona declararam que ele não interessa, o que levou a CBF a chamá-lo. Há uma negociação em curso com o Milan sobre a qual Assis não falou.
O primeiro-ministro da Itália e dono do Milan, Silvio Berlusconi, porém, afirmou que Ronaldinho era muito caro.
Caso vá para a Itália, Ronaldinho fica ameaçado de ser barrado pela diretoria do Milan.
Em compensação, a CBF ganhou a queda-de-braço com os clubes alemães. A Fifa determinou que a liberação de atletas "até 23 anos é obrigatória" para Pequim. O Werder Bremen não queria ceder Diego, 23, e o Schalke 04, Rafinha, 22.
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, já sinalizava que adotaria essa posição -para os mais jovens e mais velhos- em fevereiro, após reunião com clubes. Não há data para a apresentação, mas a tendência é que seja 14 dias antes dos Jogos.
O prazo máximo para a convocação definitiva da seleção aos Jogos é 23 de julho.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Físico: Atleta treina com equipe da CBF
Índice